Após anos de lucros exorbitantes e práticas de corrupção, as empresas de ônibus do Rio estão de olho num pacote de socorro financeiro ao setor que deverá ser votado nesta semana na Câmara dos Deputados, em Brasília. O mesmo financiamento já foi feito com relação ás empresas aéreas.
Num revés próprio do capitalismo, cuja essência é de lucros e prejuízos, as empresas foram fragilizadas durante a pandemia, dada a redução de passageiros transportados. Muitas simplesmente deixaram de circular, surpreendendo os passageiros. Caso da Transporte Estrela, do grupo de Jacob Barata. Outras fizeram pior: retiraram a maioria dos carros das ruas silenciosamente, reduzindo a prestação de serviço à revelia das obrigações pactuadas na concessão.
O MetroRio também será beneficiado com a medida. No segundo trimestre, houve queda de passageiros de 77%, com dias em que apenas 120 mil pessoas utilizaram o transporte, contra 900 mil do período pré-pandemia.
Desaparecimento de linhas
Após reclamações de usuários de que 135 linhas de ônibus, pelo menos, desapareceram ou foram diminuídas na cidade, a Prefeitura do Rio criou uma comissão para resolver a questão. Uma resolução da Secretaria Municipal de Transportes publicada hoje (11) no Diário Oficial do Município instituiu o grupo, que terá um mês para identificar os problemas.
A resolução acrescenta que a comissão poderá sugerir a criação, exclusão ou alteração das linhas de ônibus existentes. O comitê deverá apresentar relatórios parciais a cada semana para o secretário de Transportes. O prazo de um mês para a conclusão dos trabalhos é improrrogável, segundo o decreto.
Allan Borges, subsecretário de Transportes, reconhece que o sistema possui problemas com a organização das linhas.
"É um problema real e a população tem toda razão de reclamar", disse Allan. "É preciso energia do poder público para colocar novamente para funcionar. Há linhas que já eram alvo de reclamação e que voltaram a funcionar, como a 711, 350, 363, 265 e 678", disse o subsecretário, que afirmou que o prefeito ordenou a revisão dos contratos de concessão.
Linhas somem em Niterói também
Os problemas se repetem em outras cidades da Região Metropolitana. Em Niterói, os moradores reclamam da falta das linhas 28 e 29. Estas linhas, que vão para o centro da cidade, fazem falta para quem vive nos bairros Engenhoca, Barreto, Venda da Cruz e Fonseca.
O Sindicato dos Rodoviários que atende Niterói afirma que a situação também é difícil para os trabalhadores. Segundo a entidade, em apenas uma empresa mais de 1,2 mil profissionais foram demitidos desde o começo da pandemia por conta da baixa procura pelos ônibus da cidade.