Os sindicatos Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) e dos Professores do Município do Rio de Janeiro (Sinpro-Rio) fizeram ontem (20), em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro, um ato conjunto contra a volta das aulas presenciais no estado. O coordenador-geral do Sepe-RJ, Gustavo Miranda disse que o ato foi simbólico e transmitido online para evitar aglomeração.
Ontem (20), uma edição extra do Diário Oficial do Estado publicou um decreto do governador do Rio, Wilson Witzel, determinando que as aulas presenciais na rede de ensino privada poderão ser retomadas a partir do dia 14 de setembro. Já na rede pública, inclusive nas unidades de ensino superior, o retorno ficou para o dia 5 de outubro. Conforme o decreto, a previsão da volta das atividades escolares presenciais vale apenas para regiões que permaneçam em baixo risco de contaminação pela covid-19 por, no mínimo, duas semanas seguidas antes da data prevista para a abertura.
Em vídeo divulgado pelo governo fluminense, o secretário de estado da Educação, Pedro Fernandes, disse que as datas seguiram orientação da área da saúde e que os retornos serão feitos com um terço da capacidade.
A prefeitura do Rio informou que não há data definida para a volta às aulas na rede municipal. De acordo com a administração da capital, o decreto do estado é apenas autorizativo a todos os municípios, que devem decidir quando vão retornar as aulas.
“A Prefeitura do Rio não decidiu quando voltar às aulas na rede municipal e está debatendo a questão com as partes envolvidas, e, de toda forma, qualquer decisão precisa antes de avaliação do Comitê Científico municipal”, informa em nota.
Quanto ao retorno de atividades de creches e escolas particulares, o município destacou que não regula estas atividades. “Apenas autoriza, por parte da Vigilância Sanitária municipal, que voltem a funcionar, se assim decidirem, e sob rígidas regras de controle sanitário.”
O coordenador-geral do Sepe-RJ, Gustavo Miranda, informou que a categoria tem que buscar na Justiça todas as alternativas para impedir o retorno antecipado, porque as escolas, pelas características atuais, não podem garantir alguns protocolos como circulação de ar, distribuição de álcool gel e água no funcionamento de todas, conforme as necessidades para evitar o contágio entre alunos. “Vamos buscar isso na Justiça para evitar o retorno antecipado de aulas. Não sendo possível, a gente já deliberou, em assembleia, que caso haja retorno antecipado a gente vai entrar em greve”, disse.
O diretor e conselheiro do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região, João Paulo Câmara Chaves disse que é temerário o retorno ainda com os atuais níveis da pandemia no Rio e, por isso, o sindicato é contra a volta das aulas presenciais nas datas previstas no decreto do governador. “Nossa posição é bem clara. Nós só vamos voltar quando as autoridades sanitárias derem ok. Quando tiver segurança para essa volta. Estamos com base em relatórios da Fundação Oswaldo Cruz e da Universidade Federal do Rio de Janeiro que neste momento não indicam essa volta”, afirmou à Agência Brasil.
“Nossa posição é contra as aulas presenciais. Continuamos dando as aulas remotas. Aliás os professores estão trabalhando mais do que nas aulas presenciais”.
João Paulo lembrou que pesquisas nos Estados Unidos indicaram que, embora tenham níveis mais baixos de infecção, as crianças são transmissoras da covid-19. “As crianças não desenvolvem de forma grave a doença, mas elas transmitem com muita facilidade. Então nesse momento é temerário e um risco as aulas voltarem. É a experiência que ocorre no mundo. Em muitos países onde as aulas voltaram, e agora, voltaram a fechar também”, observou.
Ouça, abaixo, no Podcast do Portal Eu, Rio!, matéria de Tatiana Alves para a Rádio Nacional sobre o assunto.