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Líderes de centro religioso são denunciados por abuso sexual pelo MP-RJ

Estelionato e exercício irregular da Psicologia complementam acusação

Por Cezar Faccioli em 22/08/2018 às 21:28:33

Foto: Google Maps

Os líderes de uma instituição religiosa sediada na Ilha do Governador, o Centro Espiritualista Semeadores da Luz, foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 30ª Promotoria de Investigação Penal, sob as acusações de abuso sexual de seguidores, estelionato e exercício irregular de profissão. Os denunciados Marcelo Antonio Marques Prazeres, Leonardo Campello Ribeiro e Jayson Garrido de Oliveira são, respectivamente, presidente, vice-presidente e médium ativo do CESL. Eles foram denunciados no artigo 215 (violação sexual mediante fraude), com pena prevista de reclusão de 2 a 6 anos, e no artigo 171 (estelionato), com pena de 1 a 5 anos, ambos do código penal.

A casa prega o universalismo como filosofia, unindo vertentes de umbanda, candomblé, Igreja Gnóstica Cristã e correntes orientais, como o budismo. Nos rituais de iniciação, seguidores e seguidoras, incluindo pelo menos uma menor de idade, eram convencidas em sessões de terapia com um psicólogo sem formação ou em consultas mediúnicas com os diretores a participarem de rituais de iniciação baseados em sexo tântrico. No horário em que recebemos a informação do MP/RJ sobre a denúncia, o centro já estava fechado, o que impediu o atendimento dos telefonemas à instituição e, com isso, a resposta nesta reportagem às acusações.

De acordo com a denúncia, Marcelo e Leonardo são pessoas inteligentes, de profundo conhecimentos de religiões e grande poder de persuasão. Agem explorando a suposta incorporação de entidades, a supervalorização de rituais de iniciação, a pregação de posturas celibatárias e de despojamento material para com isso conquistar a confiança dos frequentadores do centro religioso, muitas vezes emocionalmente vulneráveis. Na página da rede social Facebook, ativa pelo menos até a noite desta quarta-feira, constavam nada menos de 6450 curtidas e 6406 seguidores. O Portal Eu, Rio! tentou entrar em contato com o Centro, mas não obteve êxito.

Prazeres usava sexo tântrico para iniciar as vítimas

Líder espiritual do Centro, Marcelo (e as entidades que alegava incorporar) conduzia as práticas de iniciação religiosa, além dos rituais tântricos em que praticava atos libidinosos. Os seguidores relataram ao MP mais de 100 abusos praticados pelo líder entre 2009 e 2016. O modus operandi era sempre parecido: em consulta com entidades incorporadas por Marcelo, as vítimas eram informadas estarem prontas para serem iniciadas. A iniciação cabia à autoridade máxima espiritual,sabedora dos segredos de cada rito – ninguém menos que o próprio Marcelo.

Durante as supostas práticas religiosas, homens e mulheres eram violados sexualmente, com toques, masturbação e penetração. As vítimas sequer desconfiavam porque admiravam e acreditavam naquele homem como mentor espiritual, conforme o relato ao MP.

Ainda segundo a denúncia, o vice Leonardo tinha ciência dos abusos sexuais e não os impediu, incentivando as vítimas a obedecerem à vontade de Marcelo. Não era, contudo, um vice decorativo: também é denunciado pela prática de atos sexuais por meio que dificultava a livre vontade da vítima. Leonardo se utilizou de discurso semelhante ao do presidente, de que uma entidade determinara à vítima que tivessem relações sexuais.

Médium antigo do CESL,o terceiro denunciado, Jayson praticou ato libidinoso com duas vítimas – uma delas com 15 anos. O médium convencia as vítimas a praticar em sigilo a “magia vermelha”, que teria o condão de resolver problemas emocionais e materiais delas. Nos rituais, beijou a boca e passou a mão nas partes íntimas da menor de idade, além de masturbar a segunda vítima.

O vice Leonardo é denunciado também por simular ser psicólogo e exercer irregularmente o ofício ao menos 67 vezes com vítimas diferentes. Cobrava pelas sessões, realizadas em um consultório dentro do CESL. Por trás das consultas havia um viés perverso:segundo a denúncia, Marcelo se aproveitou das informações privadas fornecidas pelas vítimas nas sessões de terapia psicanalítica para usá-las durante conversas e supostas incorporações de entidades. Sabendo de segredos e de detalhes íntimos delas, ele os usava para iludir as vítimas que ficavam impressionadas e fanáticas.

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