O Governo do Estado conseguiu aprovar o plano de privatização da Cedae. Segundo o documento, a venda da companhia deve representar a demissão de mais de quatro mil funcionários da empresa.
“Essa medida não pode e não vai acontecer. Primeiro porque temos um acordo coletivo que vai até o início de 2023 que nos dá estabilidade no emprego. Segundo porque somos funcionários concursados do Estado. Se levar adiante esse plano de demissões, isso vai dar muita discussão no campo jurídico”, afirmou o presidente do Sintsama-RJ, Humberto Lemos.
O Sindicato também denunciou a fraude no valor da água a ser vendida pela Cedae às empresas privadas. "O metro cúbico está abaixo do valor de produção, começando com R$ 1,70, e depois de 4 anos vai baixar para R$ 1,63. Esse valor apresentado pela própria Cedae não é confiável, mas sim um verdadeiro escândalo”, denunciou o Sintsama-RJ.
O Sintsama-RJ elaborou um estudo com especialistas que calculou o valor do metro cúbico da água em R$ 2,30. “O governador em exercício, Cláudio Castro, fez um arranjo depois que conversou com o Paulo Guedes. O metro cúbico da água não está sendo calculado como deve ser feito”, reiterou o dirigente.
“Paulo Guedes é o mentor da privatização da Cedae”, declarou Humberto. De acordo com ele, o ministro da economia quer que, no contexto da aprovação do marco regulatório do saneamento, a Cedae seja a primeira empresa privatizada. “Ele não consegue privatizar as federais e está forçando a barra com a Cedae”, disse.
Ato na porta da Cedae
Na última quarta-feira, dia 16, a direção do Sintsama-RJ esteve na porta da Cedae, no Centro do Rio, para denunciar os malefícios da privatização.
“Estamos denunciando esse processo de forma civil e criminal. Quem assinar esse crime vai responder pelo seu CPF", declarou Humberto.
No mesmo dia, ocorreu a assembleia de acionistas, que foi acompanhada pelo presidente Humberto Lemos e diversos parlamentares, para tentar evitar a privatização da companhia.
Humberto negou que a regularização fiscal do estado dependa da privatização da companhia. Segundo ele, o governo do estado tem outros meios de pagar o empréstimo sem contar com as ações da Cedae. As ações da Cedae entraram como garantia ao empréstimo feito pelo governo do RJ para pagamento do funcionalismo. O valor emprestado ao banco BNT Paribas está em R$ 4 bilhões e 500 milhões.
“A Cedae é uma empresa lucrativa. Ano passado deu lucro líquido de R$ 1 bilhão e 100 milhões. Leva saúde, leva qualidade de vida. É o que resta no Estado. Não tem mais nada para privatizar. Tem muita luta pela frente. O Sintsama, entidades do movimemto social, principalmente das favelas, e outros sindicatos estão unidos e, na Alerj, a maioria dos parlamentares é contra a privatização”, concluiu Humberto.