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Gerson acusa Ramirez de injúria racial

Volante reclama de postura de Mano Menezes

Por Portal Eu, Rio! em 20/12/2020 às 21:19:39

Gerson disse ter ouvido "Cala a boca, negro", do meia adversário. Foto: Divulgação

O volante Gerson, do Flamengo, saiu inconformado do jogo de hoje (20) entre Flamengo e Bahia, no Maracanã. Ele acusou o meia colombiano Ramirez, do Bahia, de injúria racial. O fato ocorreu aos 7 minutos do 2º tempo. Em entrevista após a partida, Gerson disse ter ouvido "Cala a boca, negro", do meia adversário:

"Tenho vários jogos pelo profissional e nunca vim na imprensa falar nada porque nunca tinha sofrido preconceito, nem sido vítima nenhuma vez. O Ramirez, quando tomamos acho que o segundo gol, o Bruno fingiu que ia chutar a bola e ele reclamou com o Bruno. Eu fui falar com ele e ele falou bem assim para mim: 'cala a boca, negro'. Eu nunca falei nada disso, porque nunca sofri. Mas isso aí eu não aceito"

Gerson também discutiu com Mano Menezes. O volante exigiu respeito ao técnico do Bahia:

"O Mano até falou 'Ah, agora você é vítima, não é? O Daniel Alves te atropelou e você não falou nada'. Claro, porque teve respeito entre eu e ele. Eu nunca falei de treinador, mas o Mano tem que saber respeitar. Estou vindo falar aqui por mim e por todos os negros do Brasil", disse o volante.

Mais calmo, Gerson postou em sua rede social:

"Amo minha raça e luto pela cor.

O "cala boca, negro" é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol - o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o "cala a boca, negro". E eles não conseguiram. Não será agora.

"Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista". Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o "cala a boca, negro" podem ser aceitas.

É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime.

Não vou "calar a minha boca". A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades.

Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol.

Não me calaram na vida, não me calaram em campo e jamais vão diminuir a nossa cor."

Marcos Braz

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, falou sobre a injúria racial sofrida pelo meia Gerson no início do segundo tempo. O dirigente cobrou apuração sobre o episódio.

"A gente está feliz com o resultado esportivo, mas muito infeliz por um fato relatado pelo Gerson, em que ele sofreu, a gente tem até dificuldade de falar, ele sofreu uma ação de racismo, relatou para a imprensa, e o Flamengo como instituição centenária vem se colocar à disposição e ao lado do atleta e, mais que isso, pede a profunda apuração desse episódio, que é infeliz mas contundente no mundo de hoje", disse durante a coletiva.

Apoios

Vasco e Botafogo publicaram em suas redes sociais apoio ao jogador Gerson, repudiando toda a qualquer forma de injúria racial no esporte.



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