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Justiça divulga provas que ligam Crivella a organização criminosa

MPRF denuncia prefeito e mais 25 investigados por corrupção, peculato, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro

Por Claudio Rangel em 22/12/2020 às 17:04:07

Advogado de Crivella pede habeas corpos para soltar Crivella. Foto: Claudio Rangel

A prisão de Marcelo Crivella (Republicanos) no início da manhã desta terça-feira (22) foi determinada pelo 1º Grupo de Câmaras Criminais do Tribunal de Justiça do Rio. A desembargadora Rosa Helena Penna emitiu mandados de prisão contra Crivella e mais seis integrantes de uma suposta organização criminosa. No total, o Ministério Público denunciou 26 pessoas suspeitas de estarem ligadas ao esquema de propina na prefeitura carioca.

Além do prefeito carioca, o mandado inclui a prisão do homem de confiança dele, o empresário Rafael Alves, do ex-senador Eduardo Benedito Lopes, do delegado aposentado Fernando Moraes, representantes do grupo Assim Saúde, entre outros.

Também houve o cumprimento de dois mandados de busca e apreensão e sequestro de bens e valores no valor de R$ 53 milhões. O Judiciário determinou o afastamento do Prefeito de seu cargo público.

A ação faz parte da terceira fase da Operação Hades e foi promovida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (GAOCRIM/MPRJ), com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e com a Polícia Civil. Ouça a matéria da Radio Agência Nacional descrevendo a terceira fase da Operação Hades, que resultou na prisão do prefeito do Rio e mais cinco denunciados pelo MPRJ, no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br)

Crivella denunciado

Segundo a denúncia, o prefeito era assessorado por Rafael Ferreira Alves (financiador da sua campanha eleitoral e irmão de Marcelo Ferreira Alves, ex-presidente da Riotur), Mauro Macedo (ex-tesoureiro de campanhas de Crivella) e Eduardo Benedito Lopes (suplente do prefeito no Senado e ex-presidente regional do PRB no Rio).

O MP informa ainda que os denunciados aliciavam empresários para a participação de esquemas de corrupção. O objetivo era a arrecadação de vantagens indevidas mediante promessas de contrapartidas que seriam viabilizadas pelo prefeito, que concentrava em suas mãos as atribuições legais indispensáveis para a consecução do plano criminoso.

Ainda de acordo com a denúncia ajuizada pela Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos (SUBCDH/MPRJ), a análise do vasto material apreendido indica a existência de uma bem estruturada e complexa organização criminosa liderada por Crivella e que atuava na Prefeitura desde 2017.

A Justiça chegou a essa conclusão com base na quebra de dados telemáticos, relatórios de inteligência financeira e depoimento de colaboradores e de testemunhas. Conta também com a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy. As denúncias também envolvem irregularidades na comercialização de camarotes na Marques de Sapucaí.

Mensagens de celular incriminam Crivella

O MP revela ainda que milhares de mensagens armazenadas nos telefones celulares apreendidos em poder de Rafael são usadas como prova dos crimes da quadrilha. Em uma delas, Crivella é apontado como o número 1.

Essas investigações analisam as informações de que empresas e fornecedores eram obrigados a pagar propinas para receber recursos de serviços prestados ou assinar contratos com a Prefeitura.

As mensagens coletadas pelo MP incriminam o grupo Assim Saúde. Foram detectados indícios de fraudes e pagamentos milionários de propina referentes a contratação do grupo pelo Instituto de Previdência e Assistência (Previ-Rio). Os executivos do grupo foram contatados por Christiano Stockler Campos, outro denunciado. Eles teriam recebido ameaças do não fechamento de contrato caso a propina não fosse paga.

João Carlos Gonçalves Regado, CEO do grupo Assim, destacou que o então presidente do conselho de administração do grupo, Aziz Chidid Neto, foi convidado pelo delegado aposentado José Fernando Moraes Alves, outro denunciado, para um almoço com integrantes da organização que poderiam lhe ajudar com as renovações dos seus contratos.

Com a prisão do prefeito Marcelo Crivella, o presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe (DEM), assume a Prefeitura a nove dias da posse do prefeito eleito Eduardo Paes (DEM). Uma Audiência de Custódia hoje define a continuidade ou não da prisão do prefeito. E quem vai presidir essa audiência é a própria desembargadora Rosa Helena Penna.

Por Claudio Rangel
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