Relaxamento do isolamento social durante o fim de ano vai provocar aumento nos casos de covid-19. A expectativa é do professor de Virologia da UFF, Rafael Brandão, que relaciona o crescimento do número de contaminados pelo novo coronavírus às festas, campanhas políticas e aglomerações de réveillon ocorridas nos últimos dias.
O professor disse ainda que, apesar do relaxamento do isolamento social nos meses de maio e em junho, a medida não provocou o aumento de casos que se esperava. Já em dezembro, as aberturas promovidas pelos governos sobrepuseram grupos de pessoas que antes não tinham contato, o que acelerou a contaminação:
"Em meados de novembro houve um aumento muito grande de casos em função do relaxamento e isso está provocando aumento de óbitos, de internações, etc. Coincidiu perfeitamente com a época do período eleitoral. A gente sabe que tem muito corpo a corpo nesses eventos eleitorais. A conjuntura desses fatores, junto a reuniões de final de ano e a reabertura de algumas empresas provocou esse aumento significativo de casos de covid-19".
Rafael Brandão considera bom o plano de vacinação a ser adotado pelo Brasil, considerando o número de doses adquiridas. A vacinação será organizada pelo Sistema de Informação do Programa Nacional de Vacinação (SI-PNI), que vai registrar cada indivíduo em uma base de dados no posto de vacinação.
De acordo com o virologista, cada indivíduo deverá tomar apenas um tipo de vacina. Misturar imunizantes diferentes pode anular a proteção efetiva da 2ª dose, já que os mecanismos e alvos imunogênicos são diferentes entre as vacinas. Quem começa com um esquema deve terminar no mesmo.
Mas não vai dar para relaxar. Mesmo com o início do programa de vacinação, o professor acredita que a população deverá manter as restrições de aglomeração por mais tempo:
"Eu não creio que isso muda muito em relação a eventos de ajuntamento. Especialmente em locais fechados. Não conhecemos a eficácia real da vacina. Ainda vai ser necessário um tempo de cuidados, para que a população não coberta pela vacina, ou mesmo aqueles que se vacinaram e não geraram imunidade, continuem a ficar suscetíveis. Acho que alguns cuidados devem ser mantidos, mesmo após início da vacinação", concluiu.
Ouça o professor de Virologia, Rafael Brandão: