A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a Sociedade Brasileira de Diabetes emitiram uma nota técnica sobre imunização para COVID-19 na pessoa com Diabetes Mellitus.
O documento em conjunto demonstra que SBD e SBEM apoiam a vacinação da população, incluindo pessoas com diabetes, no menor tempo possível.
Porém, a SBEM e a SBD manifestaram preocupação pelo fato de pessoas com diabetes não estarem contempladas nos grupos especiais (gestantes, puérperas, lactantes, uso de anticoagulantes, portadores de doenças reumáticas imunomediadas e pacientes oncológicos, transplantados e imunossuprimidos).
Leia a nota técnica abaixo:
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) apoiam a vacinação da população brasileira no menor tempo possível, incluindo-se as pessoas com Diabetes Mellitus (DM) que pertençam aos grupos contemplados.
Vivemos atualmente em nosso país um momento histórico, com a aprovação pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) de duas vacinas para imunização contra a infecção pelo COVID-19. Ambas as vacinas foram autorizadas para uso emergencial no nosso país e devem ser utilizadas conforme orientação do Plano Nacional de Imunização (PNI).
No plano apresentado pelo Ministério da Saúde, a prioridade será dada para profissionais de saúde, pessoas com idade mais avançada institucionalizadas e indígenas. Na sequência virão fases com prioridade para pessoas de faixas etárias mais avançadas. A presença de DM não está contemplada nos grupos especiais (gestantes, puérperas, lactantes, uso de anticoagulantes, portadores de doenças reumáticas imunomediadas e pacientes oncológicos, transplantados e imunossuprimidos).
Embora as pessoas com DM não façam parte dos grupos especiais, considerando que esta é uma condição que aumenta com a idade, a maioria das pessoas com DM será incluída nas fases iniciais através do critério de faixa etária.
A CORONAVAC é uma vacina inativada. A vacina OXFORD/FIOCRUZ utiliza um vetor viral não replicante, plataforma que já vem sendo utilizada no desenvolvimento de outras vacinas.
As vacinas inativadas são menos imunogênicas do que as atenuadas e em geral são associadas a adjuvantes para potencializar a resposta imune; necessitam de maior número de doses no esquema primário e reforços; podem ser utilizadas em qualquer intervalo de tempo com qualquer imunoglobulina ou com outras vacinas inativadas ou atenuadas; podem ser utilizadas em gestantes, se indicado, e em indivíduos imunodeprimidos.
A eficácia entre as vacinas disponibilizadas no momento não pode ser comparada, devido a diferentes critérios metodológicos utilizado na fase III dos estudos realizados, e ainda pela diversidade da população estudada nas duas vacinas (CORONAVAC/BUTANTAN e OXFORD/FIOCRUZ).
No momento, a vacina está focada no controle de sintomas e redução de hospitalizações, e ambas as vacinas mostraram resultados semelhantes em relação a hospitalização e sintomas. A CORONAVAC, testada pelo INSTITUTO BUTANTAN, evidenciou redução em 50% de qualquer sintoma nos profissionais de saúde estudados e a vacina de OXFORD/FIOCRUZ, em 62% de toda população estudada (não apenas profissionais de saúde).
Contudo, não foram apresentados dados de imunogenicidade ao longo do tempo e, portanto, a vacina não induz uma resposta imune celular significativa, que estaria mais relacionada a imunidade sustentada; ou seja, não sabemos ainda ao certo, o tempo que esta vacina garantirá de imunidade à pessoa vacinada. Portanto, mesmo imunizados, ainda se faz necessária a manutenção do uso de máscaras, higiene frequente das mãos, uso do álcool em gel e distanciamento social, até que tenhamos todas as respostas para a eficácia das vacinas e/ou tenhamos alcançado a imunidade de rebanho.
Os estudos com as vacinas foram limitados quanto a eficácia em crianças, adolescentes, gestantes e imunodeprimidos. Incertezas ainda existem também sobre a diferença da eficácia em quem já teve a infecção pelo COVID-19 e os que nunca tiveram em relação a duração do tempo de proteção.
Portanto, não deverão ser contempladas, nesta fase inicial, crianças e adolescentes com DM tipo 1.
Reações adversas relatadas com maior frequência foram dor e desconforto no local da administração da vacina, não tendo sido observada nenhuma reação adversa grave nos estudos apresentados com estas vacinas disponibilizadas no momento para a população brasileira.
Diante destes fatos, pode ser recomendada aos indivíduos com DM a imunização para COVID-19, devendo ser consultado o Plano Estadual/Municipal de Imunização para identificação do enquadramento na fase vacinal do plano.” Indivíduos pertencentes a esses grupos poderão ser pré-cadastrados no SIPNI. Aqueles que não tiverem sido pré-cadastrados poderão apresentar qualquer comprovante que demonstre pertencer a um destes grupos de risco (exames, receitas, relatório médico, prescrição médica e etc.) Adicionalmente poderão ser utilizados os cadastros já existentes dentro das Unidades de Saúde” (Plano Nacional de Imunização, Ministério da Saúde, 2021).
Esperamos desta forma orientar todos os indivíduos com DM, contribuindo para imunizar a maior quantidade destas pessoas de maior vulnerabilidade a formas graves da infecção e diminuir o risco de morbimortalidade que a epidemia do COVID-19 nos trouxe.