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Paraguai é a nova menina dos olhos para importadores brasileiros

Somada às vantagens financeiras, crise da Covid impulsionou crescimento das negociações com país vizinho

Por Portal Eu, Rio! em 31/01/2021 às 09:00:00

Foto: Divulgação

Desde a reabertura das fronteiras, em setembro de 2020, as importações de produtos manufaturados oriundos do Paraguai têm se tornado mais atrativas do que importar produtos finalizados da China. Além das vantagens fiscais garantidas por acordos do Mercosul, o país vizinho oferece ainda custo baixo de produção e frete com valor mais atrativo que em países asiáticos.

As barreiras sanitárias e as restrições no transporte aéreo e marítimo por conta da crise do coronavírus fizeram com que os custos de frete da China para o Brasil disparassem em 2020, elevando também os preços dos produtos. De acordo com importadores e empresas de navegação, o custo da importação de um contêiner na rota China-Brasil saltou de US$2 mil para US$10 mil entre 2019 e 2020, tornando o país menos atrativo para importadores brasileiros e voltando os olhos para o Mercosul.

“Hoje, a melhor operação é com o Mercosul. Além de um custo final mais baixo, o tempo de entrega do Paraguai para o Brasil é bem menor, o que facilita na hora de suprirmos uma demanda, que se manteve aquecida”, explica Leandro Martins de Almeida, CEO e Diretor de Operações da empresa Matrix Importações, que importa produtos têxteis para o lar, setor que cresceu durante a pandemia.

Com mais de 20 anos atuando no mercado de importações, a Matrix Importações concentrava 60% de seus pedidos em fornecedores da China e, com a pandemia, migrou seus pedidos para o país vizinho e hoje opera com 80% de importações do Paraguai. “Trazemos 20 mil carretas por mês, com um total de 140 mil tapetes, 400 mil cobertas e 200 mil jogos de lençóis, que são finalizados no Paraguai, beneficiados pela Lei Maquila”, explica Leonardo Martins de Almeida, sócio e Diretor Financeiro da Matrix, referindo-se à lei que dá isenção total de impostos paraguaios para produtos que tenham ao menos 40% de valor agregado no Paraguai, mesmo que partes dele venham de outros países.


Leonardo e Leandro Martins de Almeida, da Matrix. Foto: Ricardo Amaral

Além do baixo custo de frete e a isenção de quase 100% dos tributos, o baixo custo com mão de obra, energia elétrica e agilidade na entrega são fatores citados por importadores para dar preferência aos produtos manufaturados no Paraguai.

“No auge da pandemia brasileira foram canceladas diversas remessas da China. Quem não tinha volume de mercadoria estocado sofreu bastante. Muitas empresas faliram. Quem conseguiu se segurar um pouco mais, e foi capaz de se reorganizar, saiu fortalecido. Foi o caso da Matrix, que a partir de setembro passou a focar mais no Paraguai”, comenta o Diretor de Operações da empresa.

De acordo com informações do Centro Nacional de Navegação Transatlântica, entidade associativa que representa 97% do comércio exterior de contêineres, entre março e julho foram canceladas 23 viagens de navios da China. O número equivale ao menos cinco semanas sem importações de contêineres do país. “Muitas empresas deixaram de fazer pedidos, houve cancelamentos, mas a demanda por produtos não caiu como esperado. O gasto que iria para viagens foi para itens de casa e home office. O consumo local aumentou no mundo todo, e aí faltaram produtos”, resume Leonardo Martins.

Em meados do ano, ficou claro para as empresas que seria necessário retomar os pedidos. O aumento, porém, coincidiu com a retomada na Europa e nos Estados Unidos, levando a uma disputa acirrada por contêineres e embarcações. Hoje, praticamente todos os navios disponíveis no mundo estão em uso, diz a Centronave. Resultado: os fretes dispararam e, mesmo passado o Natal, continuam em alta.

A situação se agrava porque a pandemia também reduziu a eficiência na liberação das cargas em portos, terminais e armazéns, que também sofreram com as medidas de isolamento social e o reforço nos protocolos de vigilância sanitária. “Com tudo isso, o frete terrestre vindo do Paraguai é muito mais vantajoso. E o avanço nas obras da segunda ponte que liga Brasil e Paraguai também é promissor”, ressalta Martins, que espera aumentar ainda mais os negócios com o Mercosul em 2021.

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