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Resultado de inflamação

Pacientes recuperados da Covid-19 podem desenvolver diabetes, mostra estudo

Pesquisadores analisaram 3.711 pacientes e observaram que 14,4% das pessoas pegaram a doença após o coronavírus


Foto: Agência Brasil

O diabetes é considerado um fator de risco para o desenvolvimento de casos graves de covid-19. O que vem sendo analisado é que o oposto também pode ocorrer: alguns pacientes recuperados da doença foram diagnosticados com diabetes, tipo 1 e tipo 2, de acordo com um estudo publicado no periódico Diabetes, Obesity and Metabolism, em 27 de novembro de 2020.

Os pesquisadores analisaram 3.711 pacientes em oito estudos diferentes. Eles concluíram que 14,4% das pessoas — mais de um em cada 10 — foram diagnosticadas com diabetes após se recuperarem do coronavírus.

Novos casos de diabetes podem ser o resultado de inflamação e problemas de insulina relacionados ao coronavírus, segundo os autores do estudo, pesquisadores de várias universidades, incluindo a McMaster University, no Canadá.

Em pelo menos alguns desses casos, os autores do estudo explicam que o paciente já poderia ter diabetes e não sabia até ser hospitalizado por causa da infecção da covid-19.

Mas as evidências também sugerem que o coronavírus pode ser suficiente para agravar os problemas de saúde metabólica existentes em diabetes tipo 2, segundo Jose Aleman, professor de endocrinologia da NYU Langone Health.

"Condições estressantes levam a níveis elevados de hormônios reguladores que aumentam o açúcar no sangue para ajudar o corpo a lutar contra qualquer insulto que esteja enfrentando, como doenças ou ferimentos", disse ao site Insider.

Essas condições que os autores citam incluem pré-diabetes, obesidade, resistência à insulina ou pressão alta. Isso pode explicar como o vírus está relacionado a novos casos de diabetes tipo 2, quando o organismo não produz quantidade suficiente de insulina ou não consegue empregar o hormônio produzida de forma adequada.

Os autores pontuam que ainda não está claro como o coronavírus também pode estar relacionado a novos casos de diabetes tipo 1, que é quando o organismo deixa de produzir insulina, o hormônio que leva a glicose para dentro das células, para que o açúcar seja usado como combustível.

A melhor teoria, segundo o professor da NYU, é que a covid-19 pode fazer com que o sistema imunológico reaja exageradamente e destrua algumas das células do próprio corpo enquanto luta contra o vírus.

Os pesquisadores descobriram que o coronavírus, ou a resposta imunológica do corpo a ele, pode interromper as células beta do pâncreas, potencialmente desencadeando o aparecimento de diabetes tipo 1.

Por isso, pacientes com distúrbios autoimunes existentes ou mais velhos com problemas no sistema imunológico podem estar particularmente sob risco.

Os autores do estudo explicam que esses pacientes recuperados de covid-19 com diagnóstico de diabetes devem ser tratados adequadamente e monitorados — isso para checar se algum outro distúrbio relacionado à doença também pode surgir, como problemas cardiovasculares.

"Estamos vendo agora um exemplo clássico de uma interseção letal entre uma doença transmissível e uma não transmissível", escreveram os autores.

Ainda não se sabe o suficiente sobre como as duas doenças estão relacionadas para compreender completamente o prognóstico de longo prazo dos pacientes. É provável que pelo menos alguns pacientes tenham problemas contínuos.

Acho que essa será uma das complicações de longo prazo do coronavírus", disse o professor ao Insider, que recomenda que as pessoas em risco de diabetes comecem o tratamento para doenças subjacentes, como obesidade e alto nível de açúcar no sangue, agora como medida preventiva.

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