O Projeto Mão na Jaca, cujo principal objetivo é levar o fruto ainda verde para a merenda de escolas públicas, chegou aos jardins do Palácio Guanabara, nas Laranjeiras, Zona Sul da capital fluminense. Integrantes do grupo recolheram duas jacas na sede do Governo do Estado, na quarta-feira (10/02) onde há mais de 15 jaqueiras, conhecidas cientificamente como Artocarpus heterophyllus.
Há dois anos, a iniciativa oferece, em oficinas gratuitas, receitas que utilizam a fruta, que já virou uma das preferidas dos restaurantes gourmets, principalmente os voltados para os públicos vegano e vegetariano.
- É muito legal que ações como essa sejam realizadas nas áreas verdes do Palácio Guanabara. A jaca tem um tremendo potencial para ser usada como elemento de segurança alimentar de cada cidadão do Rio de Janeiro - afirmou Renata Fonte, paisagista da Superintendência de Restauro, da Secretaria de Estado da Casa Civil.
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Cofundadora do projeto, Marisa Furtado conta como a jaca entrou na sua vida.
- Em 1997 eu me mudei para uma casa em Laranjeiras que tinha uma jaqueira no quintal. Desde então, eu percebi que a jaca é a expressão material da coletividade, ninguém come a fruta sozinho, nem consegue tirar do pé ou transportar sem ajuda - afirmou ela.
De acordo com nutricionistas, a jaca é rica em vitamina A, fibras e antioxidantes. Ajuda a prevenir inflamações e o envelhecimento celular, além de auxiliar no controle da pressão arterial. Ainda segundo eles, é também fonte de vitamina C e de carboidratos, o que garante bastante energia a quem quer praticar esportes.
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A jaca chegou ao Brasil para ser utilizada na alimentação dos povos escravizados. Esse passado histórico ligado aos indígenas e africanos criou a ideia de que as jaqueiras deveriam ser erradicadas das matas. Para combater esse preconceito, Marisa e Pedro Lobão, outro cofundador da Mão na Jaca, passaram a produzir videoaulas e uma web série entrevistando geógrafos, biólogos, candomblecistas, chefs, nutricionistas, agrofloresteiros e agricultores urbanos sobre a história da jaca no Brasil.
- É preciso fomentar a relação dos jovens com as árvores urbanas, é um trabalho que precisa ser interdisciplinar e pedagógico. Não adianta só chegar ao prato, é preciso dialogar com a geografia, História e gastronomia - concluiu Pedro Lobão.