Seu gatinho se alimenta bem ou come até demais e, no entanto, está cada dia mais magro? Bebe bastante água e anda meio inquieto e até agressivo ou irritado? Isso pode ser sinal de hipertireoidismo, causado pela hiperatividade da glândula tireoide. Essa doença tem sido nos últimos anos, inclusive, considerada umas das mais frequentes em gatos idosos.
Estudos mostram que 95% dos casos aparecem em felinos com mais de 10 anos de idade independente da raça e estima-se que isso é resultado do aumento da expectativa de vida dos gatos: se dez anos atrás eles viviam até 8 ou 9 anos, hoje em dia muitos chegam aos e até passam dos 15 anos em virtude do avanço da medicina veterinária.
Existem pelo menos três tratamentos convencionais para essa doença: a tireoidectomia (quando o tecido da tireoide é retirado por cirurgia), tratamento por iodo radioativo ou medicamentos antitireóideos. Mas as terapias complementares podem ser administradas junto com esses tratamentos alopáticos para garantir um maior bem-estar ao bichinho.
A homeopatia, por exemplo, tem se mostrado uma grande aliada contra os sintomas do hipertireoidismo felino, como vômitos e diarreias, com a vantagem de ser de fácil administração já que os glóbulos podem ser misturados em água ou ração. É também uma opção quando, por alguma razão (financeira ou de outra natureza), o tratamento com iodo radioativo não pode ser adotado.
Além dos sintomas citados acima, o gato com hipertireoidismo pode ter distúrbios gastrointestinais, principalmente vômitos e diarreia com certa frequência, e ficar com pelo fino e escasso ao redor das orelhas, olhos e rabo. Mas o tutor pode demorar a descobrir que o gatinho está doente justamente por conta do bom apetite e, por vezes, um emagrecimento discreto, que dão a falsa impressão de que tudo corre bem com ele.
O veterinário fará uma avaliação clínica clássica apalpando a região da tireoide e pedirá exames específicos para detectar a presença da doença. “Quando não tratada ou descoberta num estágio avançado, essa enfermidade pode gerar outros problemas bastante sérios como a insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão”, comenta a médica veterinária Viviane Reis, da Clínica Integrativa Pet. O espaço oferece Consultas Integrativas desde o primeiro momento e, a partir do diagnóstico, estabelece-se a melhor opção de tratamento.
Estima-se que 80% dos gatos hipertireoideos sejam hipertensos. O hipertireoidismo pode ainda “mascarar” doenças como a insuficiência renal, já que mantém a taxa de creatinina no nível normal ou até abaixo do normal. Num estudo realizado pelo Hospital Veterinário da USP com 26 felinos diagnosticados com hipertireoidismo, 46,2% deles (quase a metade) tinha também doença renal crônica.
Como a creatinina é um subproduto do metabolismo muscular, sua produção é reduzida no hipertireoidismo felino em consequência da perda muscular. E isso é um perigo para a saúde do gatinho porque em virtude da creatinina aparentemente normal, muitas vezes a doença renal é deixada de lado e pode progredir muito.
Mas o que causa o hipertireoidismo?
Além da questão genética, agravada pela idade avançada, um dos fatores mais apontados é a dieta rica em iodo ou alterações bruscas na concentração deste mineral na alimentação do gato (com falta ou excesso de iodo). Inclusive, há pesquisas que mostram que tratamentos baseados numa alimentação com restrição de iodo podem estacionar ou até curar o bichano. Infelizmente, no Brasil ainda não há ração medicamentosa para gatos com hipertireoidismo, mas no Exterior já existem algumas opções.
Uma hipótese que tem sido bastante estudada é o perigo dos alimentos enlatados. O revestimento chamado Bisfenol A (BPA), utilizado para prevenir a corrosão da lata, pode estar associado à doença porque penetra no alimento. Por isso, quando se abre uma latinha de ração úmida, é importante transferir imediatamente para outro recipiente caso o animal não coma todo o conteúdo de uma vez. Outros estudos relacionam o contato dos gatos com as areias sílicas com o surgimento da doença.