Nesta segunda semana de setembro a cantora Ludmilla rompeu parceria com a grife Victor Vicenzza Calçados. Antes dela, Pabllo Vittar, no início do mês, já havia procedido da mesma forma, após a marca assumir publicamente apoio ao candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL). Até então, a empresa tinha forte sustento pelo “pink money”, diante de um vasto público LGBTQ+.
Tudo começou quando um cliente desse público questionou o fato de a marca, através do perfil no Instagram, seguir e curtir as postagens de Bolsonaro, mesmo abraçando a “causa arco-íris”. Em resposta, a Vicenzza se posicionou afirmando que, embora esteja na essência da empresa lutar contra todo tipo de preconceito, mas por também “prezarem pela transparência, honestidade, ética e moral”, assumiam ali total apoio a Jair Messias Bolsonaro.Ao “Diário Centro do Mundo”, o empresário catarinense Victor Vicenzza, confirmou que, além de Ludmilla e Pabllo, algumas drag queens também decidiram promover o boicote à grife, como Aretuza Lovi e Gloria Groove.
Posicionamento e repercussão
Ludmilla não se pronunciou sobre o fato e a sua assessoria de imprensa informou que, “por enquanto, não vai comentar o caso”. Pabllo Vittar, quando rompeu com a grife, no dia 01 de setembro, desabafou utilizando os stories do Instagram:“Desde o início da minha carreira, sempre soube que seria muito difícil conseguir apoio de marcas que queriam se relacionar com uma artista LGBTQIA+ drag que sou. Muitas portas se fecharam, mas algumas se abriram e com isso trabalhei até então com parceiros que sou muito grata. Deixo aqui meu agradecimento de apoio até agora, mas não poderia aliar meu trabalho a um discurso que deixa claro não se importar com os direitos humanos de toda comunidade LGBTQIA+ da qual faço parte”.Na ocasião, Vittar havia acabado de lançar o clipe “Problema Seu”, no qual aparece utilizando botas Victor Vicenzza. "Adianto que foram produzidos alguns trabalhos já finalizados e distribuídos digitalmente desse meu novo álbum, que contém peças de marcas que, a partir de agora, não vinculo mais a minha imagem.", se justificou a cantora drag.
Bolsonaro da cabeça aos pés
Depois de toda polêmica, Victor Vicenzza recebeu ataques nas redes sociais e, então, numa postagem, se posicionou abertamente. Na nota, citando uma de suas campanhas direcionada ao público gay, denominada “Shinning”, justificou que esta era a prova de luta contra todo o tipo de preconceito, afirmando que “isso não mudou e nem mudará”.
Porém, em nome da honestidade, transparência, ética e moral, afirmou acreditar “que o Bolsonaro é o único candidato apropriado para liderar esta nação. Dessa forma, decidi apoiar publicamente a candidatura de Jair Messias Bolsonaro”.
Mas a justificativa real de apoio se encontra na nota quando o empresário expressa: “Para que a minha ou qualquer outra empresa continue operando de forma sustentável, é necessário lutar contra todas as ideologias socialistas e comunistas que invadiram o nosso país”
A marca lançou uma linha de calçados exclusiva com estampas de Bolsonaro. São as “Bolsoboots”. Um banner digital de fundo azul, com os números piscando em verde e amarelo, garante 17% de desconto para pagamentos em dinheiro.Ainda na nota postada, Victor não deixou de se posicionar sobre o “pink money”: “se eu, Victor, estivesse exclusivamente pensando em dinheiro, sob hipótese alguma, manifestaria meu posicionamento político. Estou junto na sua luta por uma nação grande, próspera e unida!”.O Portal Eu, Rio! questionou sobre o rompimento de Ludmilla, mas não teve retorno até à publicação deste conteúdo.