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Patrimônio histórico e cultural do Rio continua sendo vandalizado

Mesmo com comoção do incêndio do Museu Nacional, vândalos atacam obras públicas

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 22/09/2018 às 15:08:56

Óculos de Drummond sempre é alvo de vândalos (Foto: Agência Brasil)

Após o incêndio do Museu Nacional, um sentimento de perda tomou conta da população no Brasil e no mundo, revelando que o significado desse bem tão precioso ia muito além do que sua má conservação e abandono sugeriam. Esse fato traz à tona a importância do sentimento de pertencimento para a conservação de outros bens públicos, destruídos não apenas pelo desleixo mas por mãos inconsequentes de vândalos. Segundo a Gerência de Monumentos e Chafarizes da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma), só no primeiro semestre deste ano, sete monumentos públicos já foram danificados ou furtados de forma parcial ou integral na cidade do Rio de Janeiro.

"Quem rouba, depreda ou picha comete um crime, atenta contra a nação, contra a memória de um povo. É um gesto lamentável de um baixo nível cultural absurdo, porque a pessoa não se reconhece naquele bem e nem dá ao outro a possibilidade de vir a conhecer. Esse é um ato de grande ignorância. Tanto o governo quanto as pessoas devem zelar pelo patrimônio", disse o escritor e doutor em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Luciano Rocha.

O professor destaca que os patrimônios históricos e culturais não são de propriedade individual, são de toda nação. "Por isso não existe seguro para eles, não têm preço. Não há valor que pague o roubo ou a perda desses itens. Um povo educado, consciente da sua história e identidade cultural, faz de tudo para preservar seu patrimônio histórico, porque isso tem a ver com uma herança comum. Um povo que não conserva a sua história fica sem memória e perde a sua identidade, isso é terrível. Da mesma forma que uma pessoa sem história perde a sua identidade e não se reconhece parte de um determinado grupo familiar ou social. Preservar a memória de uma nação significa garantir sua identidade, é fundamental", afirma.

Furtos elevam gastos previstos no contrato

A Seconserma informa que a reposição de peças em bronze, por furto ou vandalismo, não faz parte do contrato de conservação que tem um custo anual de R$ 820.000,00. Cada vez que um monumento é furtado (integral ou parcial), danificado ou vandalizado, é necessária a elaboração de um projeto com previsão orçamentária independente, sendo necessária a abertura de licitação para o restauro.

Atualmente, os técnicos estão fazendo o levantamento para avaliar caso a caso e estimar o valor de cada peça que necessita ser refeita. Estão sendo realizadas vistorias técnicas para elencar prioridades. A secretaria cuida de 1.374 e o atual contrato de manutenção está em vigor desde abril deste ano. São considerados monumentos públicos: bustos, estátuas, chafarizes, marcos, efígies, lagos, ruas com calçamento em pé-de-moleque e guarda-corpo de pontes.

Em 2017, cinco monumentos foram furtados e danificados, incluindo o de Noel Rosa, em Vila Isabel, e de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, que já tiveram itens furtados repetidas vezes. O valor total gasto em reposições não foi informado.

Listagem dos furtos (parcial ou integral) - 2018/2017:

1º Semestre de 2018:

1- Busto Raymundo Correa: JAN/2018 - Centro/Passeio Público - Furto integral do busto em bronze;

2- A menina dos balões encantados: JAN/2018 - Ipanema/Praça Nossa Senhora da Paz - Furto parcial: balões e a mão;

3- Chafariz Dança das Águas: MARÇO/2018 - Cidade Nova/CASS - Furto do Hidrômetro;

4- Monumento João Caetano: ABRIL/2018 - Centro/Praça Tiradentes - Furto parcial: espada em bronze;

5- Chafariz do Monroe: ABRIL/2018 - Centro/Praça Mahatma Gandhi - Furto do Hidrômetro;

6- Busto José Bonifácio Andrade e Silva: MAIO/2018 - São Cristóvão/Quinta da Boa Vista - Furto integral do busto em bronze.

7- Efígie da Princesa Isabel: JUL/2018 - Centro / Av. 13 de Maio - Furto parcial da efígie (face/imagem) em bronze.


Ano de 2017:

1 - Compositor Antônio Francisco Braga, Centro - Busto Furtado

2- FONTE DO TRITÃO, Centro - Cantil danificado

3- Monumento Noel Rosa, Vila Isabel - vandalismo parcial - consertado

4- Carlos Drummond de Andrade, Copacabana - óculos repostos

5- Médico Francisco Freire Alemão Cisneiro, Campo Grande - Escultura/Busto em alto relevo afixado em parede - furtado

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