Em resposta ao pedido de prorrogação da CPI da Pandemia, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a solicitação deve ser analisada ao final do prazo atual de funcionamento da CPI, quando serão levadas em conta “condições objetivas e subjetivas”. Essa comissão parlamentar de inquérito tem até o dia 7 de agosto para concluir seus trabalhos (caso não haja prorrogação).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Pandemia, apresentou, durante a ordem do dia desta terça-feira (29/6), um requerimento para que as atividades dessa comissão sejam prorrogadas por mais 90 dias. O requerimento já somava, no mesmo dia, com 34 assinaturas, sete a mais do que o exigido para isso.
Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a reportagem da Rádio Senado sobre o requerimento para que o funcionamento da Comissão seja ampliado até novembro.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que a prorrogação é necessária para que a comissão possa investigar possíveis desvios de recursos públicos no processo de compra da vacina Covaxin. Mas o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), contesta essas acusações.
Para o relator, não se trata apenas da ampliação de prazo, mas da oportunidade de aprofundar as investigações sobre indícios de crimes graves. Os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PE) e Izalci Lucas (PSDB-DF) também manifestaram seu apoio à ampliação do prazo de funcionamento da comissão.
— Precisamos de mais algum tempo. O pedido é por mais 90 dias, mas a expectativa que nós temos é que não vamos gastar esse tempo todo — afirmou Renan.
Renan negou que já exista uma definição sobre o funcionamento da CPI durante o recesso parlamentar, mas opinou pela continuidade dos trabalhos, já que “não é comum dar recesso a uma investigação”. Ele ainda defendeu a convocação do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que supostamente estaria por trás das pressões em torno da compra das vacinas Covaxin.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que a prorrogação, diante dos fatos levados à CPI nos últimos dias, é importante para que a investigação seja aprofundada. Ele citou, de forma específica, a compra das vacinas da Covaxin como um ponto que merece mais investigação.
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), a prorrogação da CPI é uma necessidade, principalmente diante dos indícios de corrupção e irregularidades nos processos de compra de vacinas e insumos. Segundo o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), a prorrogação da CPI é natural e importante, principalmente agora que a comissão começa “a chegar a estados e municípios”.
—Temos que apurar o que ocorreu nos outros estados, além do Amazonas. Temos requerimentos nesse sentido — destacou.
Questões locais dominaram depoimento de relator da CPI da Saúde do Amazonas
A CPI da Pandemia ouviu, nesta terça, o deputado estadual do Amazonas Fausto Júnior (MDB). Os senadores avaliaram que o foco ficou em questões locais. O senador Telmário Mota (Pros-RR) chegou a dizer que a CPI está perdendo seu foco. Ele disse que o depoimento do deputado Fausto Júnior e as manifestações de alguns senadores transformaram o dia da comissão em uma “disputa paroquial”, com foco no Amazonas.
Na mesma linha, o senador Izalci Lucas apontou que o foco foi nas questões locais do estado e da capital, Manaus. Ele afirmou, porém, que os desvios no Amazonas ocorreram também em outros estados. Segundo o senador Humberto Costa, o depoimento do deputado Fausto Júnior indica a aplicação inadequada dos recursos federais no estado. Ele ainda disse estranhar o fato de uma CPI da Assembleia Legislativa do Amazonas não ter indiciado o governador do estado, Wilson Lima, “no que parece ser um processo de blindagem”, avaliou.
Fonte: Agência Senado e Rádio Senado