A Anvisa aprovou, nesta terça-feira (6/7), uma nova pesquisa clínica de vacina contra Covid-19, que deverá ser testada no país. A vacina candidata usa uma tecnologia de RNAm encapsulado dentro de um uma nanoarticulação lipídica (LNP) que protege o RNAm da degradação. O estudo clínico será de fase 1/2 e deve envolver 150 voluntários no Brasil.O objetivo do estudo é testar três diferentes dosagens da vacina para definir a dose ideal antes de prosseguir para um estudo de fase III.
O estudo prevê a aplicação de duas doses com 21 dias de intervalo. Os estudos serão conduzidos nos estados de Bahia, Minas, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. No mundo, o ensaio de fase 1/2 está deve acontecer também nos EUA, Honduras e Austrália.
O desenvolvimento clínico está sendo patrocinado pelo laboratório Sanofi Pasteur. A candidata à vacina com o diluente será fabricada pelas empresas Translate Bio sediada nos Estados Unidos, a empresa Evonik Canada Inc. (Evonik Vancouver Laboratories) situada no Canadá e a empresa Sanofi Pasteur sediada na França e nos Estados Unidos.
O início dos testes em seres humanos dependerá de dois fatores: aprovação no Conep, órgão do Ministério da Saúde responsável pela avaliação ética de pesquisas clínicas, e da própria organização interna dos pesquisadores para recrutamento dos voluntários. A Anvisa não define esta data.
Além da vacina com tecnologia de proteína recombinante com adjuvante em parceria com a GSK, a Sanofi está desenvolvendo uma vacina de RNA mensageiro em parceria com a TranslateBio, que teve os ensaios clínicos no Brasil aprovados pela Anvisa. Em março de 2021, a Sanofi e a TranslateBio iniciaram um ensaio clínico de Fase 1/2 de sua vacina candidata de mRNA anti-COVID-19, a fim de avaliar a segurança, a resposta imune e a reatogenicidade, após os dados pré-clínicos mostrarem altos níveis de anticorpos neutralizantes. Os primeiros resultados são esperados para o terceiro trimestre de 2021.
A Sanofi também está comprometida em fornecer suporte de fabricação a outros produtores de vacinas. A empresa anunciou recentemente que fabricará até 200 milhões de doses da vacina contra a COVID-19 da Moderna para os Estados Unidos (EUA), a partir de setembro de 2021. No início deste ano, a Sanofi também anunciou que fornecerá suporte à BioNTech para produção de 125 milhões de doses para a União Europeia. Em fevereiro, a Sanofi divulgou que apoiaria a Johnson & Johnson na produção de sua vacina contra a COVID-19 a uma taxa de aproximadamente 12 milhões de doses por mês.
Além de desenvolver suas duas vacinas contra a COVID-19, a Sanofi é a única empresa a alavancar sua capacidade de fabricação e experiência para apoiar a produção de três vacinas contra COVID-19 diferentes, colaborando com o fornecimento global de vacinas e ajudando no combate à pandemia.
O que são ensaios clínicos
Os ensaios clínicos são os estudos de um novo medicamento realizados em seres humanos. A fase clínica serve para validar a relação de eficácia e segurança do medicamento e para validar novas indicações terapêuticas.
Dentro desse ensaio, existem três fases (I, II, III), onde são colhidas informações sobre atividade, funcionamento e segurança para que o produto possa ser liberado ao mercado e ser usado em pacientes junto com o tratamento padrão da pesquisa.
Para realização de qualquer pesquisa clínica envolvendo seres humanos, é obrigatória a aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) e/ou da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
A anuência de pesquisa clínica pela Anvisa se aplica somente às pesquisas clínicas que têm a finalidade de registro e pós-registro de medicamentos, por solicitações de empresas patrocinadoras ou de seus representantes.
O prazo para início do estudo clínico após a aprovação ética e regulatória é definido pelo patrocinador do estudo. Veja os ensaios clínicos de Covid-19 autorizados pela Agência.
Fases da pesquisa clínica de vacinas
Durante a fase I, pequenos grupos de indivíduos, normalmente adultos saudáveis, são avaliados para verificação da segurança e determinação do tipo de resposta imune provocada pela vacina. Nessa fase também podem ser realizados estudos de desafio, a fim de selecionar os melhores projetos de vacina para seguirem à fase seguinte.
Na fase II, há a inclusão de um maior número de indivíduos e a vacina já é administrada a indivíduos representativos da população-alvo da vacina (bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos ou imunocomprometidos). Nessa fase é avaliada a segurança da vacina, imunogenicidade, posologia e modo de administração.
Na fase III, a vacina é administrada a uma grande quantidade de indivíduos, normalmente milhares de pessoas, para que seja demonstrada a sua eficácia e segurança, ou seja, que a vacina é capaz de proteger os indivíduos com o mínimo possível de reações adversas.
Anvisa e Sanofi Pasteur