O Centro Cultural Thales D'Andrea está nascendo em Santa Teresa como opção de lazer e estudo para crianças que residem nas favelas Fallet/Fogueteiro. A iniciativa é fruto da colaboração de alguns moradores do bairro, que, com a pandemia, perceberam que tudo tem sido mais difícil onde a carência se destaca. Da qualidade de internet à necessidade de arrecadar doações para manter um espaço de educação.
Mas esta também é a oportunidade de reacender no Rio o espírito de uma banda de quase três décadas atrás, criada em Wisconsin, nos EUA, para a qual se mobiliza o jornalista, tradutor e produtor cultural Téo Lorent. Ex-integrante da NovaTribe, ele se orgulha de dizer que o grupo não é mais um que ficou na memória, porém foi necessário adicionar Project ao nome para se tornar empresa e colocar o sonho em prática. No fundo, o projeto parte do mesmo princípio que guiou a Lorent e seus parceiros musicais nos anos '90.
Livreiro e colaborador da Largo das Letras, também localizada no bairro onde reside, ele sente que a pandemia o deixou de "mãos atadas". "Assola o país com consequências devastadoras para os setores educacional e cultural", complementa. No caminho da NovaTribe Project, a inspiração vem do Projeto Padrinhos Literários, que teve à frente a ativista de direitos humanos Maristela Grynberg. Advogada de formação, ela promovia o encontro entre autoras como Conceição Evaristo e estudantes de escolas públicas de Santa Teresa.
Durante a pandemia, porém, a dificuldade de acesso à internet de qualidade está impedindo que muitas dessas crianças assistam às aulas remotamente. Cara, quase inexiste em muitos lares onde um único equipamento atende a todos os moradores. Para driblar as adversidades, Maristela e Lorent mobilizaram voluntários nas áreas de educação e arte em prol de doações e ofertas de serviços para equipar o espaço.
"Cada qual com sua fé, cada qual com sua colaboração nos torna mais fortes e mais decididos em nossa jornada. A arte é mágica. E quem semeia arte, semeia conhecimento. Tudo é só um começo. E tudo é passagem", afirma Lorent, refletindo sobre visita ao espaço cultural no início de julho.
Assim, está brotando o Centro Cultural Thales D’Andrea, pequeno refúgio para expandir os horizontes desses meninos e meninas. Para quem quiser colaborar, aceita-se móveis, livros, computadores, instrumentos musicais, brinquedos educativos. Interessados também podem oferecer reforço escolar e oficinas transmitidas via internet. A campanha disponibiliza ainda uma conta bancária para receber a quantia necessária para despesas com a manutenção regular do espaço (pintura, limpeza, aluguel).
Homenagem
O centro cultural homenageia a memória do adolescente Thales D’Andrea, morto aos 15 anos, em 25/06/2012, durante operação da Polícia Militar (PMERJ) no Fallet/Fogueteiro. Naquele momento, o jovem saía de uma lan house que frequentava para estudar. Sua mãe, Marilene Pereira, é a curadora do local, que está aberto e recebe as crianças que desejem usá-lo para leitura. Dentre elas, estão a irmã caçula de Thales e o neto de Marilene, que tem o mesmo nome do filho dela.
Contato:
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Doações:
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