Quem for fazer filmes usando o Rio de Janeiro como cenário terá agora financiamento e todo aporte necessário. O prefeito Eduardo Paes anunciou nesta terça-feira, 17, o Plano de Retomada do Audiovisual Carioca, um pacote de investimentos com uma série de medidas para recuperar e fortalecer o setor na cidade por meio da RioFilme, empresa que integra a Secretaria de Governo e Integridade Pública. As ações preveem investir ainda neste ano, por meio de editais, R$ 20 milhões nas áreas de produção, finalização e desenvolvimento de projetos para o cinema, TV, ações locais e games. O anúncio foi feito no Palácio da Cidade, sede do governo, em Botafogo.
Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a reportagem da Rádio Nacional sobre a promessa do prefeito do Rio, Eduardo Paes, de a cidade retomar o protagonismo na Cultura, esforço do qual é parte o plano de financiamento e apoio à produção audiovisual.
Antes das inscrições, todos os editais serão abertos à Consulta Pública no site da RioFilme, a partir de hoje (17/08), nos endereços www.riofilme.com.br e www.rio.rj.gov.b/riofilme. Os interessados em participar da Consulta Pública poderão fazê-lo pelo e-mail [email protected]. No caso específico do Edital de Premiação Automática, estarão disponíveis os critérios de classificação das obras premiáveis.
O plano inclui ainda mais R$ 3,750 milhões para a realização de eventos, mostras e festivais de cinema, além de R$ 16,250 milhões para os demais editais. Paes garantiu que não haverá qualquer tipo de censura preconceituosa, com espaço para investimentos em produções que valorizem a diversidade sexual, pessoas com deficiência, mulheres, pessoas negras e transexuais.
- Essa cidade tem a obrigação histórica e moral de mostrar que qualquer tipo de censura preconceituosa e negacionista não vai valer. Vamos lançar no ano que vem um novo edital para o audiovisual. Vamos mantendo assim, fortalecendo o setor. A gente volta a assumir esse protagonismo. A era das trevas acabou. Essa cidade depende muito da cultura, que constrói a história e a identidade do Rio – disse Paes, ao lado do secretário de Governo e Integridade Pública, Marcelo Calero, e do diretor-presidente da RioFilme, Eduardo Figueira, para representantes do setor audiovisual carioca.
Entre as premissas para participar dos editais há regras como: as empresas interessadas devem estar há pelo menos dois anos funcionando com sede na cidade do Rio, 70% dos recursos recebidos por meio dos editais devem ser gastos no município e os investimentos devem começar a ser usados ainda este ano.
O Plano de Retomada contempla ainda a recuperação da infraestrutura do setor na cidade, como a reestruturação do Polo Cine Vídeo e a reabertura do CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão, que deverá voltar em outubro deste ano.
- Depois de quatro anos de uma incompreensível lacuna, incompatível com o que a cidade já produziu de audiovisual, voltamos a ser o mais importante pólo deste setor, que gera tanto emprego e renda, além de refletir a nossa própria identidade. Não é apenas um aporte de recursos, são políticas públicas voltadas para este segmento - destacou Marcelo Calero.
Também será criado, por meio de decreto assinado pelo prefeito, grupo de trabalho formado por representantes de secretarias municipais, para avaliar a criação do Distrito Criativo Carioca (DCC), na região entre Barra e Jacarepaguá, na Zona Oeste. A partir do trabalho do GT, que tem prazo máximo de 90 dias, serão analisadas, à luz das necessidades tributárias e estruturais, a viabilidade do Distrito. A iniciativa tem como objetivo consolidar e solidificar as atividades de audiovisual na região.
Outra medida, também através de um decreto publicado esta terça-feira no Diário Oficial do Município, amplia as competências da RioFilme, tornando a empresa responsável pelos trâmites de liberação de filmagem na cidade, implementando um sistema que agiliza, desburocratiza e dinamiza os processos de autorização de uso de locações públicas. O processo trará critérios e prazos definidos e será mais eficiente e transparente. As novas regras entram em vigor em 60 dias, contados a partir da data da publicação do decreto.
- As ações foram conversadas com produtores e realizadores. Queremos abrir a RioFilme mais para vocês do audiovisual. Vamos trabalhar juntos. Que o protagonista seja o Rio de Janeiro - afirmou o diretor-presidente da RioFilme, Eduardo Figueira.
Foi anunciada também uma parceria entre a RioFilme e a Firjan, que concederá uma ampla consultoria à empresa municipal para a modernização de sua estrutura e definição de seu planejamento estratégico, que deve resultar, entre outras realizações, na criação de uma nova marca: a RioFilme+.
Foi criado ainda um conselho consultivo, o Conselho da RioFilme, que amplia a participação do mercado audiovisual nas decisões da empresa. O conselho deverá reunir um grupo de sete notáveis representantes do setor audiovisual nas esferas pública e privada, sendo dois componentes da prefeitura e cinco do mercado. O conselho vai auxiliar a RioFilme na sua interlocução com o mercado e na condução de suas diretrizes.
Presente ao evento, a diretora do Festival do Rio, Walkiria Barbosa elogiou as iniciativas lançadas.
- Não tinha a menor dúvida que isso iria acontecer. A gente conhece o Eduardo Paes, sabe que ele gosta do audiovisual, só que é mais do que isso: ele entende a importância do setor tanto do ponto de vista social quanto do econômico e da promoção da cidade - ressaltou ela.
Longas metragens dividirão R$ 5,8 milhões em no mínimo oito projetos
Os recursos se dividem entre: reembolsáveis, com R$ 15,18 milhões divididos entre dois editais e sete linhas (edital de fomento reembolsável com 5 linhas e edital de fomento automático reembolsável com 2 linhas); não reembolsáveis com R$ 1,070 milhão na produção de curtas-metragens e ações locais; e R$ 3,75 milhões que serão destinados ao apoio a Eventos, Mostras e Festivais.
Entre os recursos reembolsáveis, a linha de Complementação para Produção e Finalização de longas-metragens irá distribuir R$ 5,8 milhões entre no mínimo oito projetos de ficção, animação ou documentário. Ainda entre os longas-metragens, haverá um edital que priorizará os diretores estreantes: a linha “Revelando Talentos” dedicará R$ 3,75 milhões a, pelo menos, seis cineastas que preparam seus primeiros filmes.
O edital com recursos reembolsáveis prevê também a linha de Desenvolvimento de longas-metragens, que irá beneficiar pelo menos seis projetos com um investimento total de R$ 540 mil a serem distribuídos entre ficções, animações ou documentários. Para obras seriadas serão destinados R$ 690 mil, distribuídos entre, pelo menos, oito projetos de animação, ficção ou documentário. Por fim, este edital prevê também uma linha dedicada à produção de games com recursos de R$ 400 mil reais.
Já o edital de Investimento Automático irá distribuir R$ 4 milhões divididos em quatro prêmios, sendo metade por excelência em Desempenho Comercial e a outra metade destinada à mérito por Desempenho Artístico, nos dois quesitos as produtoras das obras serão as beneficiadas pelos prêmios. O processo desse edital, por ser automático, é diferente dos demais.
Entre os editais com recursos não reembolsáveis, os curta-metragistas cariocas serão beneficiados por um edital não reembolsável específico para o formato, totalizando um investimento de R$ 920 mil que deverão ser distribuídos entre, pelo menos, dez projetos entre ficções, animações e documentários. E o edital voltado para as Ações Locais prevê investimentos de R$ 150 mil, que deverão beneficiar no mínimo dez projetos.
Apostando na diversidade e a inclusão social, os editais preveem políticas afirmativas que concederão pontuação adicional por critérios como gênero, raça, pertencimento a outros grupos vulneráveis como pessoas com deficiência e transexuais, assim como localização da proponente em áreas de maior vulnerabilidade social (AP’s 3, 4 e 5 – nas zonas norte e oeste) pontuam mais.
Os projetos inscritos serão analisados por comissões de seleção específicas para cada linha, cada uma delas será composta por cinco pessoas escolhidas pelo critério de notório saber e atuação no setor audiovisual, entre representantes da administração pública e da sociedade civil.
Pontos turísticos firmam acordo para agilizar locações na cidade e atrair filmagens
Outro ponto essencial da Retomada é o fortalecimento da Rio Film Commission (RFC), braço da RioFilme responsável pela condução de filmagens na cidade. A ideia é tornar a RFC mais ágil e desburocratizada no papel de centralizadora entre os agentes que autorizam e fazem a gestão de locações para as filmagens no Rio.
Além disso, estão sendo criadas parcerias para a redução de prazos e custos junto aos gestores das locações mais disputadas na cidade. A proposta já conquistou parceiros como os equipamentos BioParque, AquaRio, Paineiras Corcovado, Bondinho do Pão de Açúcar, Rio Star – a roda gigante no Porto Maravilha, Museu do Amanhã, e empresas como a VLTQuanta, Naymar e Hoffmann.
A Rio Film Commission também deverá fazer a ponte entre as produtoras e gestores públicos de espaços como praias, parques; teatros, bibliotecas, centros culturais, museus; escolas, Planetário e equipamentos esportivos.
Polo CineVídeo será licitado em troca de modernização de instalações
O Plano de Retomada do Audiovisual da RioFilme tem também como meta central o fortalecimento do ambiente produtivo e exibidor na cidade, se concentrando em ações voltadas para a reestruturação do Polo Cine Vídeo, por meio da concessão do espaço que será licitado, mediante investimentos para a sua modernização.
A ideia é oferecer no local estúdios com infraestrutura de ponta para o setor audiovisual no Rio de Janeiro, será feita a reforma dos seis estúdios existentes e a construção de mais 4.800 m2 em novos estúdios, ao final dos trabalhos, o Polo contará com uma área útil total de 9.600 m². Os vencedores da concorrência ficarão isentos de IPTU durante todo o contrato. Durante o período de obras, eles estarão isentos também do aluguel do espaço.