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Meio século de carreira

Morre Jean-Paul Belmondo, 88 anos, ator preferido de Jean-Luc Godart

Astro francês foi ícone dos clássicos cinematográficos da Nouvelle Vague


Jean-Paul Belmondo. Foto: Reprodução Rede Social

A França perdeu um de seus maiores atores. Jean-Paul Belmondo, astro francês que fez fama ao estrelar filmes de Jean-Luc Godard, morreu hoje (6), aos 88 anos. A notícia foi confirmada pelo advogado do ator à agência AFP. A causa da morte não foi divulgada.

Belmondo ficou conhecido pela participação em filmes como "Acossado" (1960) e "O Demônio das Onze Horas" (1965), clássicos da Nouvelle Vague dirigidos por Godard. De acordo com o advogado Michel Godest, o ator "estava muito cansado há bastante tempo. Ele morreu tranquilamente".


Jean-Luc Godard dirige o ator Jean-Paul Belmondo no set de 'O Demônio das Onze Horas', de 1965. Foto: Reprodução Rede Social

Ator carismático que muitas vezes realizava suas próprias acrobacias, Belmondo mudou na década de 1960 para filmes convencionais e se tornou um dos principais heróis de comédia e ação do cinema francês.

Ao logo de mais de meio século de carreira, Bébel, como era conhecido pelos amigos e fãs, foi também produtor e estrela de teatro. Em 2011, ele recebeu a Palma de Honra do Festival de Cannes, principal festival de cinema do mundo. E em 2017, foi homenageado na cerimônia do Cesar, o Oscar do cinema francês.

No cinema, estrelou inicialmente um curta-metragem de 1956, também dirigido por Godard. "Acossado", lançado quatro anos depois, é considerado pontapé da Nouvelle Vague, movimento que surgiu como contraponto às grandes produções de Hollywood na época.

A Nouvelle Vague é marcada pelo uso da luz e da identidade do diretor em cada uma das cenas. A dobradinha entre Godard e Belmondo fez sucesso.

O diretor foi criticado pro escrever as cenas à medida que elas seriam gravadas. O sucesso do filme ficou a cargo da boa atuação de Belmondo, que respondeu de forma correta às técnicas de Godard. O ator alcançou sucesso mesmo entre as décadas de 1960 e 1970. Junto a Alain Delon, foi peça-chave para o cinema europeu da época.

Sucesso rodado no Brasil

Um de seus maiores sucessos "O Homem do Rio", de 1964, teve parte da produção rodada no Brasil, para onde o personagem viajou para resgatar a namorada, sequestrada e levada para a Amazônia.

Ele apareceu em filmes de ação nas décadas de 1970 e 1980. No início dos anos 1970, o ator fundou sua produtora, a Cerito Filmes.

Sua decisão de seguir carreira no cinema comercial e de evitar os salões de arte gerou críticas de que ele havia desperdiçado seu incontestável talento —algo que ele sempre negou.

Quando um ator faz sucesso, as pessoas lhe dão as costas e dizem que ele escolheu o caminho mais fácil, que não quer se esforçar ou se arriscar. Mas se fosse tão fácil lotar os cinemas, então o mundo do cinema teria uma saúde muito melhor do que a que tem. Não acho que eu teria ficado nos holofotes por tanto tempo se estivesse fazendo qualquer bobagem. As pessoas não são estúpidas.

Em meados da década de 1980, Belmondo deixou os papéis de policial para se reconectar com comédia em "Feliz Páscoa" (1984) de Georges Lautner e Hold-up de Alexandre Arcady.

Em 1987, "O Solitário" é o último filme de detetive em que ele trabalha. No mesmo ano, ele voltou ao teatro, estrelado por Kean, dirigido por Robert Hossein. Em fevereiro de 1989, pela primeira vez na carreira, recebeu o César de melhor ator por "Itinerário de um Aventureiro" (1988), de Claude Lelouch.


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