A Itália vai invadir o Rio a partir desta sexta-feira (10). Mas não há razão para pânico. Tal invasão não coloca em risco a cordialidade entre as duas nações. Além de pacífica, tal experiência promete ser enriquecedora, por envolver manifestações artísticas como fotografia, arquitetura, pintura e literatura. Três grandes exposições vão acontecer simultaneamente no Centro da cidade. A iniciativa partiu do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro (IIC-RJ) e ganhou o nome de "Ocupação Itália". O evento é composto por duas mostras fotográficas e uma de arte. São elas: "Dell’Architettura – Investigação fotográfica", sobre a influência italiana na paisagem carioca, com fotos de Aristides Corrêa Dutra e curadoria do próprio artista em parceria com a diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, Lívia Raponi; "Praças [In]visíveis", coletiva de 21 fotógrafos italianos com curadoria de Marco Delogu, e "Poéticas dos espaços", primeira grande mostra na cidade do italiano Umberto Nigi. As exposições podem ser visitadas no Centro Cultural Correios, de terça a sábado, com entrada franca.
Quando se comenta sobre a arquitetura do Rio de Janeiro muito se fala da influência francesa nos edifícios da cidade. A influência italiana na nossa arquitetura é vasta como a da França. Ou maior, se considerarmos o fato de que arquitetos como Grandjean de Montigny (1776–1850), por exemplo, realizaram seus estudos em Roma. Há muito da Itália no Rio e isso será revelado na mostra Dell’Architettura – Investigação fotográfica sobre a influência italiana na paisagem carioca, do fotógrafo, professor e artista visual Aristides Corrêa Dutra. A exposição traz 37 painéis fotográficos em preto e branco de prédios projetados eou executados por 16 arquitetos. São jóias como a do Moinho Fluminense, projetado por António Januzzi (1853–1949); a construção que abriga hoje a Escola de Artes Visuais (EAV), no Parque Lage, projetada por Mario Vodret (1893–1948); ou a do Hospital da Cruz Vermelha, obra de Pietro Campofiorito (1875–1945). A curadoria é do próprio Aristides em parceria com Lívia Raponi, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro.
Uma imagem comoveu o mundo em março de 2020: a da missa celebrada pelo Papa Francisco para uma Praça de São Pedro totalmente vazia. Outras tantas praças italianas ficaram esvaziadas durante a pandemia – o que possibilitou a percepção de características ocultas pelo constante ir e vir do público. Tais detalhes são a tônica de Praças [In]visíveis, com imagens de 21 logradouros públicos fotografados por diferentes autores e comentados, respectivamente, por escritores e poetas italianos da atualidade. São fotógrafos como Olivo Barbieri, Jacopo Benassi, Luca Campigotto e Michele Cera, cujas imagens ilustram textos de autores como Edoardo Albinati, Carlo Carabba, Francesco Cataluccio e Liliana Cavani, entre outros. A mostra tem curadoria de Marco Delogu e é uma iniciativa do Ministério das Relações Exteriores da Itália, sugerida aos Institutos Italianos de Cultura mundo afora.
O artista visual Umberto Nigi nasceu na Ilha de Gorgona, Itália, mas é o que podemos chamar de cidadão do mundo. O trabalho como engenheiro levou-o a morar de forma temporária em países como Egito, Inglaterra, África do Sul, Croácia e o Brasil, onde fixa residência em fins dos anos 1990. Ao longo de quase 60 anos de carreira, sua produção artística divide-se entre a fase figurativa, que marca seu Iniciou na pintura em 1963, e a abstrata, à qual dedica-se a partir da década de 1990. Parte significativa dessa produção será vista em Poética dos espaços, a primeira grande mostra do artista, de 76 anos, no Rio de Janeiro. A mostra tem curadoria de Edson Cardoso e reúne um total de 52 obras, sendo 42 telas de grandes proporções e dez esculturas.
“A iniciativa, gratuita, visa a incrementar, no público carioca, o conhecimento da cultura visual italiana, por meio da fotografia, da arquitetura e das artes plásticas”, salienta Lívia Raponi, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, que chama atenção para as características comuns às três mostras. “Delas emergem traços estéticos comuns, profundamente enraizados na tradição artística e arquitetônica italianas, caracterizados pela harmonia, pelo equilíbrio, pela elegância e a qualidade das obras – em grande e pequena escala – realizadas. Acreditamos que tais valores, mais a concepção de uma função essencialmente social da arte e da arquitetura, sejam ainda de grande atualidade”, observa.
Serviço:
Ocupação Itália:
Local: Centro Cultural Correios (R. Visconde de Itaboraí, 20, Centro do Rio de Janeiro. Tel: 2253-1580)
Visitações:
Dell’Architettura – Investigação fotográfica sobre a influência italiana na paisagem carioca e Praças [In]visíveis: de 10 de setembro a 10 de outubro de 2021
Poética dos espaços: de 10 de setembro a 24 de outubro de 2021
Dias e horários das visitações: de terça a sábado, do meio-dia às 19h
Entrada franca
O Centro Cultural Correios dispõe de acesso a deficientes e, em respeito às diretrizes sanitárias, controla o acesso do público a suas salas