Ao contrário da promessa do presidente da República, Michel Temer, de alavancar a economia do país, principalmente após a promulgação da reforma trabalhista, não é isso o que vem acontecendo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados esta terça-feira, a produção industrial nacional variou -0,3% este mês, em relação ao mês de julho (série com ajuste sazonal), segunda taxa negativa seguida e acumulando nesse período redução de 0,4%.
O IBGE destaca que esse comportamento de queda ocorreu após a atividade industrial recuar 10,9% em maio e crescer 12,7% em junho. No confronto com agosto de 2017 (série sem ajuste sazonal), a indústria cresceu 2,0%, terceiro resultado positivo consecutivo, mas o menos intenso dessa sequência.
Comparado ao mês de agosto de 2017, a produção cresceu 2%. O acumulado este ano é de 2,5%. Nos últimos 12 meses, de 3,1% e a média móvel trimestral, de 3,8%. Os números mostram que em agosto a indústria voltou a mostrar ligeira perda de ritmo, após interromper em maio último (3%) a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016 (-9,7%).
Em 14 dos 26 setores industriais pesquisados houve recuo na produção. Entre os setores, a principal influência negativa foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, que recuou 5,7%, interrompendo, dessa forma, o comportamento predominantemente positivo presente desde março passado, período em que acumulou ganho de 14,5%.
Também houve queda na produção de bebidas (-10,8%), de produtos alimentícios e de indústrias extrativas (-2%). Com exceção da última atividade que interrompeu o crescimento na produção observado desde março último e acumulou nesse período expansão de 6,8%, as demais apontaram taxas negativas em julho: -0,5% e -2,0%, respectivamente.
Entre os doze ramos que ampliaram a produção nesse mês, os desempenhos de maior relevância para a média global foram assinalados por veículos automotores, reboques e carrocerias (2,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,3%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,1%) e celulose, papel e produtos de papel (2,0%).
Os bens intermediários tiveram um recuo de 2% e bens de consumo semi e não duráveis, 0,6%. Com o primeiro interrompendo dois meses consecutivos de crescimento na produção, período em que acumulou expansão de 9,2%; e o segundo intensificando a perda de 0,4% observada em julho último.
Na comparação com agosto de 2017, o setor industrial assinalou expansão de 2% em agosto de 2018, com resultados positivos nas quatro grandes categorias econômicas, 14 dos 26 ramos, 38 dos 79 grupos e 50,7% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (15,0%) exerceu a maior influência positiva na formação da média da indústria, impulsionada, em grande parte, pela maior fabricação de automóveis, caminhão-trator para reboques e semirreboques, caminhões, reboques e semirreboques, autopeças e carrocerias para ônibus e caminhões.
Além disso, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis cresceram 4,4%, celulose, papel e produtos de papel, 11,6%, máquinas e equipamentos, 8,8%, outros produtos químicos, 3,3%, indústrias extrativas, 1,5%, produtos farmoquímicos e farmacêuticos, 7,5%, e produtos de metal, 4,3%. Ainda em comparação com agosto de 2017, o principal impacto no total da indústria foi registrado por produtos alimentícios, de -4,6%, pressionado, pressionado, em grande medida, pela menor fabricação de açúcar cristal e VHP, carnes e miudezas de aves congeladas, sucos concentrados de laranja e rações.
Já os produtos eletrônicos e ópticos tiveram recuo de 7,7% e os produtos têxteis, 5,3%, influenciados principalmente, pelos itens televisores, telefones celulares, computadores pessoais portáteis (laptops, notebooks, tablets e semelhantes), rádios, monitores de vídeo, antenas, unidades centrais para supervisão e controle de automação industrial e aparelhos de comutação para telefonia, no primeiro; e tecidos de algodão crus ou alvejados e tintos ou estampados, fios de algodão retorcidos, tecidos não-tecido ou falsos tecidos, linhas ou fios de filamentos sintéticos, tecidos de filamentos sintéticos (crus ou alvejados), roupas de cama (colchas, cobertores e lençóis) de tecidos e fios de fibras sintéticas ou artificiais, no segundo.
O segmento de bens de consumo duráveis mostrou avanço de 9,7%, em agosto de 2018. Nesse mês, o setor foi particularmente impulsionado pelo crescimento na fabricação de automóveis (18,1%). A produção de motocicletas cresceu 28,3%; de eletrodomésticos da "linha branca", 0,3%; e outros eletrodomésticos, 2,3%. Os principais impactos negativos foram verificados em eletrodomésticos da "linha marrom" (-11,9%) e móveis(-2,5%).