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Correios recusa hipótese de fechar Centro Cultural

Em julho, porém, governo federal citou que imóvel não tem "utilidade burocrática ou lucro"; espaço vai completar centenário em 2022

Por Anderson Madeira em 04/10/2021 às 20:14:04

Fachada do Centro Cultural Correios. Foto: Divulgação

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) negou nesta segunda-feira, 4, que vai fechar o Centro Cultural Correios, localizado no Centro do Rio. Também rejeitou a hipótese de fechar o prédio e vender o imóvel, como circulou nas redes sociais, no último fim de semana.

Um grupo de artistas criou petição online no site Avaaz, que pode ser acessada aqui, e convocou abraço simbólico no local, para a próxima quinta-feira, 7, às 14h. Originalmente concebido para abrigar uma escola da Companhia Lloyd Brasileiro, o que nunca se concretizou, o imóvel vai comemorar o centenário em 2022.

Por meio de nota, a ECT se manifestou sobre o caso.

"Ao contrário do que tem sido equivocadamente noticiado por alguns veículos da imprensa, os Correios esclarecem que o Centro Cultural no Rio de Janeiro continua pertencendo à sua carteira imobiliária, bem como sendo desenvolvidas as ações de fomento à cultura nacional e internacional", diz um trecho.

Os artistas também divulgaram um texto sobre a situação.

"O prazo [para fechar] seria no fim deste ano. Um absurdo em se tratando de espaço cultural, sempre funcionando com exposições de artistas nacionais e internacionais, muito bem conservado, seguro e de fácil acesso, por estar localizado no Corredor Cultural do Centro do Rio", cita o manifesto, que prossegue.

"Segundo a Lei 14.011, qualquer pessoa física ou jurídica pode apresentar uma proposta de compra para qualquer imóvel do governo, que decide ou não pela venda. No entanto, muitos prédios pertencentes ao patrimônio carioca, à história e à herança cultural da cidade estão nessa lista para fazer caixa, sem qualquer parâmetro ou consulta a quem de interesse – os donos, os cariocas, os brasileiros".

Ainda de acordo com o grupo de artistas, o governo federal planeja vender vários imóveis por não apresentarem utilidade burocrática ou lucro. Em agosto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou que a União leiloaria dois mil imóveis, entre os quais o Palácio Gustavo Capanema, também no Centro do Rio.

Após repercussão negativa, e até o governador Cláudio Castro e o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), se oferecerem para comprar o imóvel, Guedes desistiu de colocá-lo à venda. O palácio é considerado um marco da arquitetura moderna brasileira.

Em 2021, após seguidas tentativas de acordo, a Escola de Cinema Darcy Ribeiro encerrou as atividades no imóvel que hospedou a entidade por 21 anos.

Também de propriedade da ECT, o prédio, a cerca de 100 metros do espaço cultural, ficou abandonado por alguns anos e foi reformado pelo Instituto Brasileiro do Audiovisual (IBAv), entidade mantenedora da Escola.

Em janeiro de 2020, a direção da Darcy Ribeiro divulgou a disputa judicial que envolve o governo federal e convocou a comunidade escolar, ex-estudantes e imprensa para uma coletiva em busca de soluções para a instituição seguir ativa. Com isso, desde o início da pandemia, os cursos são realizados apenas remotamente.

Ano festivo

Em 2022, o imóvel vai comemorar 100 anos, juntamente com a Semana de Arte Moderna (1922) e os 200 anos da Independência do Brasil (1822). Junto com o CCBB-RJ, a Casa França Brasil e o Paço Imperial, o Centro Cultural dos Correios forma o Corredor Cultural do Rio, no caminho à Zona Portuária, Praça Mauá, Museu de Arte do Rio e Museu do Amanhã.

O prédio foi usado por mais de 50 anos para o funcionamento de unidades administrativas e operacionais dos Correios. Nos anos 1980, o prédio foi desativado para reformas, sendo reaberto em 2 de junho de 1992, parcialmente restaurado, para receber a “Exposição Ecológica 92", evento integrante do calendário da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente - a RIO 92.

A inauguração oficial do centro cultural aconteceu em agosto do ano seguinte, com a Exposição Mundial de Filatelia - a Brasiliana 93. Desde então, marca a presença da instituição na cidade com promoção de eventos em diversas áreas, como teatro, vídeo, música, artes plásticas, cinema.

Com 3.480 m² de área construída, o espaço tem três pavimentos interligados por um elevador do início do século XX, de onde se pode ter uma visão panorâmica de todo o ambiente interno. No térreo, fica o teatro, com capacidade para 200 pessoas, além de uma galeria de arte para pequenas mostras. No segundo e terceiro pavimentos, estão localizadas dez salas de exposições, com infraestrutura e iluminação propícia a eventos de grande porte.

Ao fundo da Galeria de Arte, se situa a Agência JK, que oferece os serviços de Correios e de conveniência. O local conta ainda com bistrô. Nos fundos, a Praça dos Correios, uma área aproximada de 1,3 mil m² ao ar livre, com espelho d'água e suporte de concha acústica, que pode receber público numeroso para eventos a céu aberto.

As atividades do espaço no Rio de Janeiro seguem a programação normal para o restante de 2021 e continuam disponíveis no site. Para 2022, o cronograma será divulgado em breve. O Centro Cultural Correios se localiza na R. Visconde de Itaboraí, 20 - Centro e funciona de terça a sábado, das 12h às 19h.

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