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Capivaras mudam a paisagem nas cidades urbanas

Atropelamentos e aumento do número de animais na área urbana preocupam autoridades e moradores

Por Marisa Dias em 04/10/2018 às 16:24:00

Capivara é um animal pacato, que pode reagir somente em caso de ameaças. (Foto: divulgação)

A cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio, conta com vários atrativos turísticos que atraem visitantes para a região. Mas além de todo o valor histórico que a cidade possui, outra atração vem chamando a atenção. As capivaras, que vivem nas beiras de alguns rios do município, estão marcando presença e mudando a rotina dos petropolitanos. Essa interação com a cidade pode acarretar perigo para esses animais que acabam ficando expostos ao ritmo acelerado das cidades urbanas.

Esses animais, no entanto, estão migrando para as áreas urbanas devido às alterações que estão ocorrendo em seu habitat natural e, consequentemente, trazendo preocupações para as autoridades, moradores e veterinários.  Infelizmente o convívio entre moradores e animais nem sempre foi bom. Houve um tempo que havia caçadores na cidade que praticavam a caça ilícita da capivara. Por ser um animal de hábitos noturnos, os caçadores saíam à caça a noite levando cachorros para acuarem a presa, que era atingida com um feixe forte de luz nos olhos, que automaticamente a paralisava e assim os caçadores atiravam.

Diante de inúmeras denúncias, ONGs e autoridades buscaram uma solução para coibir esse crime ambiental juntamente com o Ministério Público Federal. Em 28/12/2012, foi sancionada a Lei Nº 7028 que dispõe sobre a proteção, preservação e conservação da fauna e flora existente ao longo do Rio Piabanha e seus afluentes. Também é determinado que a capivara estará protegida legalmente por ser tornar patrimônio da cidade.

Orgãos ambientais afirmam que elas são patrimônio público

O número de capivaras vem aumentando consideravelmente , pois são frequentemente vistas nos entornos de rios. Orgãos ambientais responsáveis no município como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, INEA e ReBio Araras, buscam uma solução para o problema.  Atropelamentos vêm ocorrendo com certa frequência no município e representando perigo tanto para moradores como para o próprio animal. A falta de locais apropriados para dar assistência médica também é algo que preocupando as autoridades.

Segundo o especialista em animais silvestres, Dr. Francisco Vilardo, não existe um lugar específico no município, que possa providenciar a internação, tratamento e reabilitação das diversas espécies de animais silvestres encontradas na região. "O município conta com a colaboração e boa vontade de algumas clínicas e de profissionais que procuram atender a uma demanda grande desses animais.", relata.   Vilardo ratifica que é preciso entender que todo animal de vida livre é um patrimônio público. "É dever dos órgãos públicos ligados ao meio ambiente, nas três esferas de governo, se responsabilizar pela destinação, tratamento e internação de todo animal silvestre."

Falta de áreas ambientais levam os animais para o asfalto

O crescente aumento de capivaras nas cidades urbanas envolve vários motivos. Entre eles a falta de predador natural para manter o equilíbrio populacional, o aumento desenfreado das construções civis em área de mata sem antes fazer um estudo de impacto ambiental, queimadas, desmatamentos e as mudanças em cursos hídricos, pois a capivara necessita de água para sua sobrevivência. "A pressão dessas atividades humanas acaba por empurrar esses animais para o centro urbano. Elas não vêm para a cidade porque querem, mas porque são forçadas. Se as áreas naturais não fossem desmatadas para a construção de empreendimentos megalomaníacos, elas permaneceriam onde sempre estiveram: longe do homem", analisa Vilardo.

Entre as questões que envolvem essa situação, está o medo de um possível ataque por parte do animal. Mas Vilardo esclarece que a capivara é um animal pacato mas que, como todo animal, pode reagir caso se sinta ameaçada. "Principalmente se filhotes estiverem correndo risco ou elas estejam encurraladas", alerta Vilardo.

Mas o cuidado maior deve ser tomado em relação à saúde. O médico esclarece as possíveis doenças que podem ser transmitidas no contato com o animal, "As capivaras, assim como os cavalos, são hospedeiras primárias do "carrapato-estrela". Esse carrapato transmite a bactéria intracelular Rickettsia rickettsii, agente causador da zoonose, Febre Maculosa Brasileira". Vilardo explica ainda que ao ser infectada por essa bactéria, a capivara pode vir a óbito mas que em alguns casos consegue sobreviver. Mas faz um alerta, "Durante a multiplicação bacteriana em seu organismo, outros carrapatos podem ingerir essa bactéria e, ao picar outro hospedeiro, incluindo o homem, pode transmitir a esse, a doença".

Para resolver essa situação, algumas providências devem ser tomadas para que haja um equilíbrio favorável tanto ao animal como aos moradores. Vilardo aponta algumas dessas alternativas como forma de resolução do problema. "O melhor caminho para ajustar essa situação é haver um trabalho em conjunto dos três órgãos ambientais existentes na cidade, juntamente com outras secretarias municipais, para que se encontre uma solução viável", conclui.

 

 

 

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