O cartunista Nani morreu nesta sexta-feira (8), em Belo Horizonte. Aos 70 anos, ele foi vítima de Covid-19 segundo informações de sua família.
O autor da tira Vereda Tropical, reconhecido como um dos maiores cartunistas brasileiros, estava fazendo isolamento em sua cidade natal desde o início do ano, quando se mudou do Rio de Janeiro. De acordo com a família, Nani estava internado havia uma semana, após o diagnóstico da Covid-19, pois fazia parte do grupo de risco da doença após passar por três transplantes de fígado em apenas um mês, em 2004. Nani deixa dois filhos, Juliano e Danilo, uma neta, Manuela, e a mulher, Inez.
Ernani Diniz Lucas nasceu em 27 de fevereiro de 1951 na cidade de Esmeraldas (MG). Começou sua carreira em BH, em 1971, publicando charges para “O Diário”. Pouco tempo depois, em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou com “O Pasquim”, foi chargista para “O Globo”, além de colaborar em muitos outros veículos, como o “Última Hora” e o "Dia".
O cartunista ficou conhecido por ser o criador da tirinha Vereda Tropical, publicada em diversos jornais pelo Brasil na década de 1980, onde satirizava a situação política e social da época. “Precisamos do humor para não morrer de realidade", dizia Nani.
Na TV Globo, Nani trabalhou ao lado de Chico Anysio por 20 anos, como roteirista em Chico Total e Escolinha do Professor Raimundo.
Em sua página no Facebook, o cartunista seguia publicando seu trabalho até dezembro do ano passado. Em uma das últimas charges compartilhadas na rede social, celebrava a chegada da vacina contra a Covid-19.
Nas redes sociais diversas figuras públicas e admiradores lamentam a morte de Nani. As pessoas criticam o presidente Jair Bolsonaro pelas suas falas e ações negacionistas, que com sua gestão negligente permitiram o atraso na distribuição de vacinas, propagando a circulação do vírus e perda de tantas vidas.
Na tarde desta sexta-feira o Brasil atingiu a marca de 600 mil óbitos causados pela doença.
O ministério da Economia também cortou, nesta semana, mais de 90% dos recursos previstos para a ciência. Um total de R$ 690 milhões já previstos para projetos científicos foi repassado para outras áreas. Oito entidades científicas mandaram, no dia 7, um apelo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dizendo que se isso prevalecer “está em questão a sobrevivência da ciência e da inovação no país”. Entre outras entidades, o documento é assinado pela Associação Brasileira de Ciências e a SBPC.