O Conselho Regional de Medicina (CREMERJ) classificou de atitude ofensiva, intimidadora e violenta inclusive por pessoas armadas, contra médicos durante a realização de vistorias em unidades de saúde no estado como a promovida na madrugada desta sexta-feira (12) pelo vereador Gabriel Monteiro (PSD) e sua escolta policial.
Médicos postaram vídeos nas redes sociais em que o vereador e sua escolta policial entram nas dependências da UPA de Magalhães Bastos às 4 da manhã e surpreendem os agentes de saúde. O objetivo do parlamentar era investigar denúncias de falta de atendimento a pacientes.
A direção da UPA de Magalhães Bastos informa que o vereador Gabriel Monteiro, junto com sua equipe, entrou na unidade por volta das 4h da madrugada desta sexta-feira armado. Alega ainda que não havia pacientes para serem atendidos na sala de espera e o médico estava no seu horário de descanso e poderia ser acionado a qualquer hora, caso algum paciente desse entrada na unidade.
Notícias encaminhadas ao Ministério Público dão conta de que ao menos em três ocasiões o vereador Gabriel Monteiro teria forçado o ingresso em unidades de acolhimento institucional, no período noturno, acompanhado de grande número de pessoas, expondo os adolescentes acolhidos e funcionários da unidade a maior risco de contágio pelo coronavírus, em momento de agravamento da pandemia.
O Cremerj, em nota, e como órgão regulador, informa que sabe que as fiscalizações devem seguir ritos e normas, portanto é inadmissível qualquer abordagem desrespeitosa.
“Se irregularidades forem constatadas durante as vistorias, medidas técnicas são tomadas, a fim de garantir condições dignas de trabalho para os médicos para que, assim, possam fornecer qualidade no atendimento da população.
“É inadmissível que os médicos, em seus locais de atuação, sejam ofendidos e tenham suas atitudes veiculadas de forma deturpada, sem nenhuma garantia da verdade. Médicos e pacientes devem ser respeitados e ações sensacionalistas só causam prejuízos ainda maiores à boa prática médica.
“O Conselho está aberto para oferecer orientação, inclusive jurídica, para os colegas que se sentirem constrangidos ou coagidos, por abordagens inadequadas durante as fiscalizações.
O CREMERJ também reforça que, em casos de irregularidades no atendimento, uma denúncia deve ser feita no Conselho, que fará as devidas apurações com todo o rigor, com o objetivo de assegurar a qualidade no exercício da medicina no estado do Rio de Janeiro.
Outros casos tem acontecido no Rio. Um deles foi motivo de uma sessão solene de desagravo público na quinta-feira (11). A médica Kerly Abraão Badaró foi alvo de ofensas em 4 de agosto deste ano, em seu consultório privado, durante o exercício profissional, por um vereador.