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Terra violentada

Caxias teve 11 crianças vítimas da violência armada nos últimos 5 anos

Boletim Racismo e Violência na Baixada Fluminense, elaborado pelo Fórum Grita Baixada, mostrou que 25% do total de crianças foram baleadas na região


As primas Emily e Rebecca foram mortas por um mesmo tiro de fuzil em Caxias. Foto: Reprodução

A equipe do Fórum Grita Baixada lançou o segundo de uma série de boletins que traz narrativas e informações a respeito dos impactos da violência de Estado na região. Como parte de uma contribuição para uma reflexão crítica acerca do Mês da Consciência Negra, o conteúdo da publicação se concentra em denunciar o assassinato de crianças e adolescentes negros e periféricos, através de fontes produtoras de dados e depoimentos de jovens e de militantes dos territórios da BXD. Tudo isso, baseado na compreensão de uma série de contrastes que representa a Baixada Fluminense, uma análise em relação à violência, crime, pobreza subalternidade e desenvolvimento, entre outras questões.


De acordo com dados do Fogo Cruzado (2021), coletados entre 2017 e 12 de outubro desse ano, a Baixada Fluminense concentrou 25% do total de crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio, sendo a segunda região do Grande Rio com mais vítimas menores de 12 anos. Duque de Caxias, onde as primas Emily e Rebecca foram mortas, é o município que, em 5 anos, teve o maior número de crianças vítimas da violência armada: foram 11 vítimas.

"Dentre as inúmeras sensações que nos desperta a Baixada Fluminense, talvez a mais contundente delas, na atualidade, seja a da violência. A gente costuma dizer que a Baixada é uma terra violentada e, nesse sentido, as narrativas contidas nesse segundo boletim não nos deixam mentir: são crianças e jovens sendo assassinados por um estado que deveria garantir segurança e vida. São crianças e jovens negros amedrontados com uma violência real de um estado que mata cotidianamente e nem ao menos se responsabiliza", explica Lorene Maia, articuladora de territórios do Fórum Grita Baixada, autora do II Boletim, junto com o coordenador executivo do FGB, Adriano de Araujo. E ela ainda complementa:

"Nesse segundo boletim quisemos nos debruçar sobre a voz de quem sofre essas violações: jovens, crianças, mães e familiares que tiveram seus filhos assassinados. Contar a história pelo lado que mais nos interessa, o de quem vive na Baixada entre o Racismo e a violência de Estado", diz Lorene.


A segunda edição do “Boletim Racismo e Violência da Baixada Fluminense” também traz depoimentos de militantes históricas de Direitos Humanos da região, como Luciene Silva, da Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência na Baixada Fluminense.

“Recebemos uma variedade de demandas que se manifestam pela falta de políticas públicas, pela omissão desse Estado e pela conivência dele seja nas práticas criminosas, seja pela impunidade dos casos. O racismo em todas as suas formas, principalmente o estrutural é sem dúvida o responsável por todo esse contexto de execuções, exclusões, seletividades, preconceitos e criminalizações do povo negro e pobre”, diz Luciene.


O primeiro Boletim foi lançado em 28 de julho desse ano, no site do FGB, (www.forumgritabaixada.org.br) e nas redes sociais.

O Fórum Grita Baixada acredita que o debate sobre raça/cor deve atravessar e estruturar toda discussão sobre violência, segurança pública e direitos humanos no Brasil, no Rio de Janeiro e em especial na região da Baixada que é majoritariamente negra.

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