O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou neste sábado (18/12) que o intervalo para a dose de reforço será reduzido de cinco para quatro meses. De acordo com o ministro, o objetivo da medida é ampliar a proteção da população diante do avanço da variante Ômicron. A portaria com a modificação deve ser publicada no Diário Oficial da União de segunda-feira (20/12).
“A dose de reforço é fundamental para frear o avanço de novas variantes e reduzir hospitalizações e óbitos, em especial em grupos de risco”, escreveu nas redes sociais.
O anúncio ocorreu após A Câmara Técnica da Secretaria de Enfrentamento à Covid-19 do governo realizar um estudo sobre a modificação. Pesquisas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, separaram dois grupos que haviam recebido as duas doses da vacina contra a doença. Um de 18 a 60 anos e outro com maiores de 60 anos, em São Paulo e Salvador. A dose de reforço foi aplicada 28 dias depois.
Imunizantes da AstraZeneca, Janssen e Pfizer induziram anticorpos em adultos e idosos. Já a vacina Coronavac induziu anticorpos em adultos e em 2/3 dos idosos. O imunizante do Instituto Butantan aumentou os anticorpos em sete vezes; o da Janssen, 61; o da AstraZeneca, 85; e o da Pfizer, 175 vezes.
O resultado reforça a orientação do Ministério da Saúde no Plano Nacional de Imunização (PNI) para vacinação com dose de reforço da Pfizer.
Vacinação infantil
Mais cedo, neste sábado, Queiroga também anunciou que o governo federal decidirá sobre a vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos em 5 de janeiro. Segundo ele, no dia 4 do mesmo mês, será realizada uma audiência pública para discutir o assunto.
Acompanhado do advogado-geral da União, Bruno Bianco, Queiroga disse que a Câmara Técnica Assessora de Imunização Covid-19 vai divulgar um documento técnico sobre o assunto em 22 de dezembro. A partir disso, a secretaria do Ministério da Saúde colocará a documentação para consulta pública.
“É um tema sensível que suscita o interesse da sociedade brasileira como um todo, porque as crianças são o nosso futuro. Temos que dedicar a elas todo o nosso respeito e a nossa atenção”, disse Queiroga. “Todas as faixas etárias que serão incluídas no PNI serão contempladas com a vacina e elas estarão disponíveis de maneira célere”, completou.
Na noite dessa sexta-feira (17/12), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para o governo federal se manifestar sobre eventual atualização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) com a inclusão da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19.
O advogado-geral da União informou que, em resposta ao STF, o governo vai apresentar, até este domingo (19/12), o cronograma das ações anunciadas neste sábado.
Início da imunização
Apesar da autorização da Anvisa para uso do imunizante Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, divulgada nessa quinta-feira (16/12), ainda não há expectativa para o início da imunização desse público no Brasil. Cabe ao Ministério da Saúde adquirir doses para essa população e incluí-la no Programa Nacional de Imunização contra a Covid.
Em nota divulgada à imprensa nesta semana, a Pfizer afirmou que o contrato mais recente firmado com o governo federal, para compra de 100 milhões de doses em 2022, permite a modificação das vacinas para diferentes faixas etárias.
Na prática, caso o Ministério da Saúde decida incluir as crianças no PNI no próximo ano, a farmacêutica Pfizer poderá fornecer doses específicas para esse grupo, seguindo o acordo firmado com o governo. No entanto, nenhuma vacina com dosagem especial foi enviada ao Brasil até o momento.
“O terceiro contrato assinado com o governo brasileiro, no dia 29 de novembro de 2021, para o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 para o ano de 2022 também inclui a possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante para variantes, que poderão ser eventualmente desenvolvidas caso necessário, e versões para diferentes faixas etárias, conforme solicitação por parte do Ministério da Saúde”, informou o laboratório.
Questionado se a decisão da Anvisa não é suficiente para dar início a imunização em crianças de 5 a 11 anos, Queiroga disse que não e que a decisão final sobre o assunto compete ao Ministério da Saúde.
“Nós vamos fazer um procedimento administrativo para avaliar a decisão da Anvisa em todos os seus aspectos, para que a partir dessa análise, se possa verificar a implementação de uma política pública”, detalhou Queiroga. “Eu não vou me antecipar até porque essa decisão não será uma decisão direta do ministro”, reafirmou.
Imunização de crianças
A vacina da Pfizer contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos seguirá uma série de protocolos para garantir que a imunização dessa faixa etária seja segura.
De acordo com a Anvisa, a vacina será aplicada em duas doses, com intervalo de 21 dias entre cada uma. Além disso, a dosagem do imunizante será especial, de apenas 3 microgramas. Para adultos, o volume é de 10 microgramas.
O gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, explicou que, mesmo com a diminuição da dosagem, a proteção contra a Covid segue garantida para as crianças.
Agência Brasil