Um mês e meio após o incêndio que deu fim ao rico acervo de mais de 20 milhões de peças do Museu Nacional no último dia 2 de setembro, a equipe de resgate que trabalha sobre os escombros do que sobrou convocou uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (19) para dar uma excelente notícia: o crânio de Luzia foi encontrado.
O fóssil de mais de 12 mil anos, mais antigo que se tem registro na América Latina, conseguiu “sobreviver” a tragédia. De acordo com a professora Claudia Rodrigues, responsável pela equipe de resgate, o crânio estava fragmentado, mas eles conseguiram identificar 80% dele e ainda podem chegar a muito mais. "Por conta do fogo, ela sofreu algumas avarias, mas estamos otimistas não só pelo museu, mas por Pedro Leopoldo e pelo Brasil", declarou.
Mas ela não sabe dizer como será feita essa recuperação e nem quando ela vai acontecer de fato. "Precisamos de verbas para sabermos quais pesquisas vamos utilizar".
Tesouro nacional
Encontrada há 44 anos na cidade de Pedro Leopoldo em Minas Gerais, inicialmente chamada pelo nome técnico “Lapa Vermelha IV Hominídeo 1", ela ganhou o simpático apelido de Luzia através de um biólogo. Sua descoberta mudou todo o conceito de povoamento das Américas, uma vez que a reconstituição da sua face mostrou traços tanto de aborígenes australianos quanto de negros da África. Estudos mostraram posteriormente que ela foi uma das primeiras habitantes do Brasil e que teria cerca de 20 a 25 anos quando morreu.