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Alerj obtém liminar na Justiça para barrar aumento do gás natural

Juiz de primeira instância acolheu argumentos do Parlamento fluminense, que justificou possíveis impacto negativo na economia do estado e efeito cascata no dia a dia da população caso reajuste fosse aplicado a partir de sábado (1/1/2022)

Por Portal Eu, Rio! em 28/12/2021 às 22:20:02

Nova Lei do Gás está em vigor no Brasil desde setembro de 2020. Foto: Agência Brasil/Divulgação

A Justiça do Rio concedeu liminar favorável ao pedido da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para suspender o aumento abusivo de 50% no preço do gás natural fornecido pela Petrobras à Naturgy. A decisão é do juiz de plantão Andre Felipe Tredinnick, que analisou a ação civil pública movida, nesta terça-feira (28/12), pelo Parlamento fluminense, representado pelo presidente, deputado André Ceciliano (PT).

“Essa política de preços da Petrobras, que produz em real e cobra em dólar, é ótima para os acionistas da empresa e para o Governo Federal que detém a maioria das ações, mas é péssima para o povo que não tem como suportar tamanho aumento. É um fator que hoje impede a retomada do desenvolvimento do estado. Não é possível que seja mantida essa escalada de preços”, afirmou Ceciliano, sobre a decisão favorável.

Na ação, a Alerj argumentou que o aumento causaria forte impacto sobre a economia do estado, gerando efeito cascata sobre os custos da indústria, o orçamento do cidadão e o preço do GNV, muito utilizado pelos taxistas e motoristas de aplicativo. Comparado a 2018, o reajuste do gás natural já chega a 120%. Já a variação do IPCA, entre janeiro de 2018 e novembro de 2021, foi de 23,58%.

Falta concorrência

Na liminar, o juiz determinou que a Petrobras mantenha as condições atuais de fornecimento e preço, até que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprecie a representação feita pela concessionária Naturgy e até que sejam reguladas as condições de acesso ao mercado de gás, permitindo assim a instauração de plena concorrência no fornecimento do insumo. A decisão também recebeu parecer favorável do Ministério Público, que ressaltou que o aumento proposto “representaria verdadeiro caos para o Estado do Rio de Janeiro, impactando toda a população fluminense”.

O juiz Tredinnick afirmou que “a busca desmedida de lucro, na consagração de um sistema econômico perverso, vulnera os direitos humanos previstos na Constituição Federal, que colocam a dignidade da pessoa humana em suas necessidades básicas, como a vida, a saúde e a existência condigna, acima de interesses privados opostos aos interesses da coletividade”.

O reajuste ocorreria a partir de primeiro de janeiro de 2022. Ceciliano lembrou ainda que grande parte dos custos de fornecimento é local, visto que o Rio de Janeiro é o maior produtor de gás natural do país. Mais de 50% de todo gás produzido na Bacia de Santos são reinjetados nos campos de petróleo porque faltam gasodutos para escoar a produção, enquanto o país importa o produto.

“Os preços já estão elevadíssimos, pois são em dólar, apesar de a maior parte dos custos de produção ser em reais. Agora querem aumentar 50%, em dólar, no início do ano. A política de preços da Petrobras para o gás natural tem um fator que dificulta a recuperação econômica do Brasil e do Rio de Janeiro, em particular. A nova Lei do Gás não era para baratear os preços?”, criticou Ceciliano.

Ouça, no Podcast do Portal Eu, Rio!, as ponderações do presidente da Alerj, André Ceciliano (PT).

Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Alerj

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