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Disse-me-disse

Editora rebate acusação de pirataria feita por jornalista nas redes sociais

Primeiros livros de Daniela Arbex, lançados pela Geração Editorial, pertencem à carioca Intrínseca desde 2019


Jornalista Daniela Arbex (acima) cobra direitos autorais, enquanto Geração Editorial cita rescisão unilateral de contrato: disputa judicial sem previsão para acabar. Foto: Site pessoal

A editora paulista Geração Editorial divulgou nota nas redes sociais, nesta sexta-feira (7), por meio da qual responde à acusação de pirataria feita pela jornalista e escritora mineira Daniela Arbex, anteontem.

No texto, a casa editorial, propriedade de Luiz Fernando Emediato criada há 30 anos, abre o texto com o argumento de que a autora duvida das "práticas do mercado editorial brasileiro". Cita a "suspeita" de Daniela, para quem as impressões das duas obras que lançou pela Geração - "Holocausto brasileiro" (2013) e "Cova 312" (2015) - estariam contando com a "conivência de lojas digitais e livrarias".

Antes de tomar conhecimento da postagem da Geração Editorial, a reportagem do Portal Eu, Rio! tinha entrado em contato com a editora, por telefone. Uma funcionária que pediu para não se identificar deixou claro que a editora não pode imprimir as obras.

"O livro é um bem que dura para sempre", disse, numa referência ao litígio envolvendo as partes desde 2018, para em seguida ratificar as medidas legais anunciadas na postagem. "Nosso advogado vai entrar com processo por difamação e danos morais e materiais".

Ainda na nota do Facebook, a editora afirma que "nenhum livro dela foi reimpresso pela Geração". "Mas todo o estoque foi sendo naturalmente vendido, nos termos do contrato firmado entre as partes".

No dia seguinte à publicização da contenda, o jornal "O Globo" fez uma reportagem sobre o caso, apresentando as duas versões. Segundo a empresa, os 55.860 exemplares que continuam à venda em lojas físicas e virtuais foram impressos antes do rompimento de contrato, e é sobre a comercialização desses volumes que a autora fala em "pirataria", sem nomear a ex-editora.

Ainda no jornal carioca, o blog de Afonso Borges, em suas palavras, "emprestou solidariedade" para Luiz Fernando Emediato se defender das "acusações infundadas" enunciadas na postagem das redes sociais. Emediato se disse "decepcionado" e "desolado", garantindo que Daniela, de acordo com ele "desonesta", comunicou o desejo de rescisão do contrato, dois anos antes do fim, enviando notificação para endereço antigo da editora.

"Ela conhecia nosso verdadeiro endereço. E num dia daquele mesmo ano fomos surpreendidos pela notícia de que uma nova edição de 'Holocausto Brasileiro' sairia pela editora Intrínseca", lamentou o editor.

Em resposta ao antigo editor, atualizada na matéria de "O Globo" ainda na quinta-feira, Daniela se disse "perplexa", referindo-se ao outro texto como "misógino e baixo".

"Estou cobrando na justiça os direitos autorais que ele não me pagou. 'Holocausto brasileiro' rendeu mais de R$ 6 milhões aos cofres da editora", complementou ela, em carta aberta ao jornal.

A partir de 2015, a jornalista mineira começou a questionar a ex-editora sobre o atraso no pagamento dos direitos autorais, em relação ao que Emediato declara que deixou a contabilidade da editora à disposição dela.

Acusada por Emediato de ter lesado a Geração Editorial, a Intrínseca não se manifestou em suas redes sociais. O editor também relatou ao blogueiro que seu colega Jorge Yoakin "ignorou" suposta tentativa de contato.

O caso segue sob análise da Justiça, desde que o contrato foi rescindido, em 2018, e inclui verificação por perito sobre distribuição e comercialização dos mais de 50 mil exemplares envolvidos na disputa.

Editora paulista retrucou autora em postagem nas redes sociais. ReproduçãoFacebook

Antes do distrato, o sucesso

O sucesso de "Holocausto brasileiro", que aborda as mortes de 60 mil brasileiras e brasileiros no Hospital Colônia em Barbacena (MG), não trouxe apenas fama - mais de 300 mil exemplares vendidos no país e em Portugal - para a experiente jornalista, escritora e documentarista.

A autora também venceu o Troféu APCA de Melhor Livro-Reportagem (2013) e ficou com o segundo lugar na mesma categoria do Prêmio Jabuti (2014), tendo assinado o roteiro do documentário homônimo para o canal de TV a cabo HBO. A obra também foi adaptada para a série documental "Colônia", dirigida por André Ristum e exibida no Canal Brasil, em 2021. O primeiro lugar no Jabuti viria em 2016, com "Cova 312".

Em postagem no perfil do Instagram, compartilhada na página da jornalista no Facebook, a autora afirmou na última quarta-feira que teria sido lesada pela Geração devido à comercialização irregular de "Holocausto brasileiro" e "Cova 312", que passou a ter o selo da carioca Intrínseca a partir de 2019.

Reconhecida e premiada tanto no Brasil como no exterior por seu trabalho como jornalista, desde que trabalhava no jornal "Tribuna de Minas", em Juiz de Fora (MG), Daniela Arbex também é autora de "Arrastados" (2021), "Os dois mundos de Isabel" (2020) e "Todo dia a mesma noite" (2018), todos livros-reportagem lançados originalmente pela Intrínseca.

Mais de 300 mil exemplares vendidos: sucesso de vendas e crítica, há três anos motivo de discórdia. Intrínseca/Divulgação


Livro Mercado Editorial Contrato Litígio Justiça

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