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Portugal de portas abertas para brasileiros

Brasileiros são a maior comunidade de estrangeiros residentes em Portugal

Por Nira Grassia em 27/06/2018 às 02:18:37

Flávio Augusto Bastos Lima e Carolina Souza Paulino em Lisboa. (Arquivo pessoal)

Morar em Portugal virou sinônimo de liberdade e segurança. Isso aqui no Brasil, onde milhares de brasileiros já debandaram rumo ao país mais cobiçado nos últimos tempos, seja pela semelhança da língua, ou por mais oportunidades de emprego. E é fato, já que a lista de pedidos de passaportes e de cidadania portuguesa cresceu e somou, entre os anos de 2010 e 2016, mais de 87 mil cidadanias a brasileiros, segundo dados do Ministério da Justiça Luso. Mas as estatísticas não param por aí. Segundo a Receita Federal, entre 2014 e 2016 foram entregues 55.402 declarações de saída definitiva do país.

Dados mais recentes apontam ainda que o brasileiro lidera o ranking de maior comunidade de estrangeiros residentes em Portugal, somando um pouco mais de 80 mil, informou o escritório de estatística da União Europeia. E também que já representam cerca de 30% dos estrangeiros nas universidades portuguesas.

A advogada Ana Carolina Castro que o diga, segundo ela a demanda por pedidos de nacionalidade portuguesa se acentuou muito mais a partir do ano passado devido à mudança na Legislação.

"Essa mudança concedeu aos netos o direito à nacionalidade por atribuição, dando-lhes o poder de transmiti-la aos seus filhos, o que antes não era permitido por lei. Esse foi um fator superimportante, que motivou e aumentou consideravelmente o número de pessoas com pedidos para obterem a nacionalidade portuguesa".

Quanto ao tempo de demora para fazer a nacionalização, Dra. Carolina afirma que não dá para prever o processo para os netos, mas conclui que o tempo de demora para os filhos gira em torno de um ano.

"Os documentos necessários para cada caso são diferentes, porém o processo é simples. Geralmente é necessário apresentar apenas os documentos que comprovam a descendência portuguesa", disse ela.

Desejo por um futuro mais seguro

Mas não são apenas os brasileiros famosos como a atriz Giovanna Antonelli, o ator Pedro Cardoso, a atriz Luana Piovane e altos executivos, que estão abandonando suas carreiras para abrir um negócio, que somam essa migração cada vez mais expressiva.

Brasileiros comuns de diversas carreiras e escolaridade, também anseiam por uma vida com menos violência e desigualdade. Foi pensando nisso que a analista administrativo Mariana Farraia, 32, e o empresário de reparação e instalação elétrica, Moacir Aurélio de Castro, 36, não pensaram duas vezes e partiram para uma nova experiência.

"Estamos morando em Portugal há dois meses. Viemos para Cascais, distrito de Lisboa. Aqui o litoral parece muito com o Rio de Janeiro, o que facilitou bastante nossa adaptação", disse Mariana Farraia, acrescentando ainda que apesar de Lisboa ter muitas oportunidades de emprego, os aluguéis estão cada vez mais escassos e os preços elevados. "Meu marido está trabalhando como eletricista, mas eu ainda estou em busca de uma oportunidade de trabalho", conta.

Casados há 17 anos e um filho adolescente de 16 anos, o analista de sistema Flávio Augusto Bastos Lima, 53, e sua esposa, a tecnóloga em radiologia, Carolina Souza Paulino, 41, se mudaram de vez para Portugal, em 2017, quando sentiram que a violência no Rio e a vergonha política em que o país se encontrava, não era lugar para viverem.

" Aqui em Lisboa temos boas escolas públicas para crianças, uma saúde barata e com qualidade, pois existem vários programas dentro do Centro de Saúde para acompanhamento de toda a família", disse Carolina que trabalha na área de apoio alimentar para idosos, crianças e pacientes em estado terminal.

Outro brasileiro que está tentando reconstruir a vida em Portugal é o marinheiro Hudson Falcão de Assis, 30. Casado e pai de duas filhas, ele diz que não via expectativa de melhora financeira no Brasil a curto prazo, devido a situação econômica e política do país. Então resolveu fazer as malas e há sete meses mora e trabalha em Leiria, localizada no centro litoral do país.

"A dificuldade foi a saudade, pois decidi ir para Portugal antes de minha esposa e de minhas filhas, para criar uma infraestrutura que pudesse recebê-las melhor", disse ele completando ainda que essa decisão foi um fator determinante para mudança, não só de estilo de vida, como também de um futuro promissor para sua família.

"No início tive que me adaptar ao clima, à cultura local e as jornadas de trabalho, mas isso não é nada quando se tem um atendimento de saúde alto nível e de boa qualidade e uma segurança que não se compara à realidade do Rio de Janeiro, pois aqui não há assaltos e os homicídios são baixíssimos".

Quanto as dificuldades burocráticas encontradas, Hudson, que não tem cidadania portuguesa, afirma que as políticas de imigração não são tão concisas quanto as informações descritas pelo governo português.

"É necessário um momento de estruturação por parte de todos os órgãos portugueses, para a recepção de imigrantes quanto a trabalho e documentação de vistos. Mas espero que com o tempo isso melhore", conclui Hudson.

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