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Mozamba

Cantora Josy.Anne lança primeiro álbum

Projeto adentra a perspectiva feminina sobre o universo do reinado mineiro e desbrava caminhos sonoros autorais


Imagem: Divulgação

Na próxima quinta-feira (20), a cantora, atriz e diretora musical, Josy.Anne, vai lançar seu primeiro álbum nas plataformas digitais. Revestido de autenticidade sonora e respeito à ancestralidade, o projeto se chama “Mozamba” e conta com a participação de Babadan Banda de Rua, Júlia Tizumba e o mestre Maurício Tizumba. Bem como, ressalta a voz e o tambor mineiro que regem a dramaturgia rítmica das canções, enquanto a percussão e beats eletrônicos se fundem a timbres de piano, violão e guitarra, formando um universo mântrico de tecnologias ancestrais.

Segundo a artista, o disco ainda surge sobre a perspectiva das mulheres no universo do reinado. Neste contexto, as canções foram gestadas a partir da inspiração e diálogo com as capitãs Pedrina e Ester Antonieta, a atriz Kátia Aracelle e a rainha konga, Ana Luzia da Silva Moraes. Todas do Massambique de Nossa Senhora das Mercês, da cidade de Oliveira, em Minas Gerais. A poeta, ensaísta e dramaturga Leda Maria Martins também participa do projeto.

Imagem: Divulgação

Para Josy.Anne, o álbum que já foi contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura de Belo Horizonte celebra uma sonoridade inédita, reflexiva e complexa.

“Mozamba se soma ao território musical contemporâneo da negra ressonância mineira de forma festiva, reflexiva e polifônica. Eu canto a travessia desses corpos diaspóricos com fé e festa, trago uma sonoridade inédita, simples e complexa, coisas que só o mercado independente proporciona. Trago a sonoridade do reinado como direcionamento da identidade musical das canções. A voz e o tambor costurando as melodias das palavras poéticas; a voz e as melodias vocais, misturado aos ritmos dos tambores mineiros, são os principais elementos de comunicação do disco, os ruídos e beats eletrônicos, misturado a tambores e texturas do teclado, formam uma cama para a voz e tambor mineiro”, contou Josy.

As faixas “Manganá” e “Labareda” contam com a participação da big band afro mineira Babadan Banda de Rua, como uma homenagem às tradicionais bandas do interior de Minas, enquanto Maurício e Julia Tizumba surgem na faixa “Canela Fina”.

“Busco me conectar com artistas que estão engajados na musicalidade de seus territórios. Ter a voz de pai e filha em uma canção que fala de território é muito simbólico e emocionante, e é nesse território banto mineiro que a canção passeia. O ecossistema da música brasileira precisa vivenciar a música afro mineira na grandiosidade que ela é. Para mim, ela representa o braço cultural contemporâneo desse país”, ressaltou a produtora musical.

Vale ressaltar que foi em um curso de extensão em canto lírico na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que Josy.Anne conheceu o Centro Cultural Tambor Mineiro. Nesta época, ela passou a fazer aulas do instrumento.

“Sinto que foi tocando tambor que me senti artista pela primeira vez”, relembrou a atriz.

Foi a música que levou a artista ao teatro e tornou-a uma atriz de formação. A partir daí, ela integrou o elenco de musicais de grande porte, como “O Rei Leão”, “Mudança de Hábito” e “Ghost”.

“A voz é um dos meus talentos - sinto ser o principal. O teatro sempre está atrelado a música em minha trajetória artística e era nas coxias dessas produções que eu buscava inspiração para desenhar minha carreira autoral”, destacou a cantora.

Em 2016 Josy.Anne lançou seu primeiro single, “Espelho” e, em seguida, logo o primeiro EP, “Essência”. Desde então, ela vem experimentando um repertório de ritmos e poesias dentro do espectro da música afro-mineira. Esse mergulho na cultura do reinado proporcionou um entendimento sobre a qual território musical a artista pertence.

Ainda segundo Josy.Anne, foi assinando a direção musical de “Mozamba”, que ela percebeu que ser independente a ajudou a trazer para o projeto o que quer dizer há muito tempo por meio da sua música.

"Mozamba" foi produzido em parceria com Ipori Art Project, Bendito Ofício e Sinergia Projetos Cultura foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.




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