A 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio começou a ouvir, nesta quarta-feira (09), as testemunhas de acusação do processo sobre a morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, ocorrida no complexo de favelas do Alemão, Zona Norte, na noite de 20 de setembro de 2019. A menina, de 8 anos, estava dentro de uma Kombi com a mãe quando foi baleada nas costas. Apontado como o autor do disparo, o policial militar Rodrigo José de Matos Soares foi denunciado por homicídio qualificado.
Ao logo de quase seis horas, seis pessoas foram ouvidas pela juíza Tula Corrêa de Mello, que presidiu a audiência. Como algumas testemunhas de acusação indicadas pelo Ministério Público não compareceram, a juíza marcou a continuação dos depoimentos para o dia 3 e março, a partir das 14h.
Durante a audiência, chamou a atenção a contradição dos depoimentos de dois PMs que policiavam o local e das demais testemunhas. Os primeiros afirmaram ter reagido a disparos feitos por uma pessoa que viajava na garupa de uma moto. Já os moradores asseguram que os tiros partiram apenas da PM.
O motorista Moisés Atanázio, que dirigia a Kombi, apresentou detalhes dos acontecimentos daquele dia. Ele contou que, ao descer do carro para ajudar alguns passageiros a retirar bolsas da mala do veículo, viu uma motocicleta passar em alta velocidade por trás do automóvel e um policial atirando em seguida. Ele reconheceu o cabo Soares como a pessoa que fez o disparo.
Moisés afirmou que, enquanto socorria mãe e filha, gritou para um dos policiais militares que estava no local que eles teriam baleado uma criança. Mas os PMs não esboçaram nenhuma atitude no sentido de ajudá-los.
Antes de Moisés, a mãe de Ágatha, Vanessa Félix, foi a primeira a ser ouvida. Durante o depoimento, ela se emocionou ao relatar os últimos momentos ao lado da filha e quando percebeu que a menina havia sido atingida.