A redução do desmatamento e da degradação tem o potencial de mitigar até 5,8 bilhões de toneladas de CO2 (gás carbônico) por ano no mundo. O Brasil, que tem a maior floresta tropical do planeta, pode responder por parte importante da redução. É o que conclui o novo relatório sobre adaptação às mudanças climáticas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado essa semana.
O relatório foi intitulado “Mudanças Climáticas 2022: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade”. O documento é a contribuição do Grupo de Trabalho II do Órgão para o Sexto Relatório de Avaliação sobre a temática. Ainda de acordo com o relatório, o Brasil, que tem a maior floresta tropical do planeta, pode responder por parte importante da redução de CO2. As conclusões são resultado de dois anos de trabalho de 103 peritos de 52 países, que participaram voluntariamente do estudo.
Ainda de acordo com o documento, o Brasil também tem vantagens competitivas e pode se tornar um líder global em produção com redução de emissões, como recomenda o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, do Ministério da Agricultura. O plano deve ser entendido como o instrumento de integração das ações dos governos (federal, estadual e municipal), do setor produtivo e da sociedade civil, para a redução das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes as atividades agrícolas e de pecuária.
O documento alerta: a demora do mundo em atacar decididamente a crise do clima pode fazer com que as soluções baseadas no uso da terra fiquem menos eficientes, já que o aquecimento da Terra induz à degradação dos ecossistemas e à perda de produtividade agropecuária. Em uma espécie de círculo vicioso, solos e florestas doentes agravam as mudanças climáticas, que, por sua vez, causam impactos negativos na saúde das florestas e do solo.
Sobre o IPCC
É o organismo da ONU promotor da ciência relacionada às mudanças climáticas. Ele foi criado em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) para equipar líderes políticos com avaliações científicas periódicas sobre as mudanças climáticas, suas implicações e riscos, bem como a proposição de estratégias de adaptação e mitigação. Tem 195 países membros.
Sobre os Grupos de Trabalho
O Painel tem três grupos de trabalho: o Grupo de Trabalho I, que trata das bases da ciência física das mudanças climáticas; o Grupo de Trabalho II, que trata de impactos, adaptação e vulnerabilidade; e o Grupo de Trabalho III, que trata da mitigação das mudanças climáticas. Além disso, o IPCC também possui uma Força Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa que desenvolve metodologias para medição de emissões e remoções.
A contribuição do Grupo de Trabalho I para o Sexto Relatório de Avaliação Mudanças Climáticas 2021: a Base da Ciência Física foi lançada em 9 de agosto de 2021. A contribuição do Grupo de Trabalho III está programada para ser finalizada em abril de 2022. O Relatório de Síntese final deve ser entregue no final de 2022. O IPCC também publica relatórios especiais sobre questões mais específicas entre os relatórios de avaliação.
Milhares de pessoas de todo o mundo contribuem para o trabalho do IPCC. Para os relatórios de avaliação, os especialistas oferecem seu tempo como autores do IPCC para avaliar os milhares de artigos científicos publicados a cada ano para fornecer um resumo abrangente do que se sabe sobre os impulsionadores das mudanças climáticas, seus impactos e riscos futuros e como a adaptação e a mitigação podem reduzir esses riscos.
O Grupo de Trabalho II é liderado por dois copresidentes e oito vice-presidentes, que formam o Bureau do WGII. Este é apoiado por uma unidade de suporte técnico localizada em Bremen, na Alemanha e Durban, na África do Sul.