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FLUP tem sua abertura homenageando Maria Firmina dos Reis

A invisibilidade da Mulher Negra na Literatura foi o tema de abertura

Por Alexandra Silva em 07/11/2018 às 10:29:11

Foto: Alexandra Silva

A sétima edição da Festa Literária da Periferia – FLUP estreou nesta terça-feira, 06/11, na Biblioteca Parque Estadual. Este ano, a FLUP homenageia a escritora Maria Firmina dos Reis e o cantor Martinho da Vila.   A mesa de abertura da feira contou com a presença do ator e diretor do Instituto Cultural Inhotim, Antônio Grassi; do pesquisador, Eduardo de Assis Duarte; Luciana Diogo, gestora do portal Memorial de Maria Firmina dos Reis; a cordelista Jarid Arraes e a professora Giovana Xavier. Como em edições anteriores a FLUP 2018 sempre propõe e estimula a participação de escritores negros e de periferia.  E cada ano busca se reinventar e permanecer no calendário cultural do Rio de Janeiro.

“Toda ação como a FLUP resiste porque tem alegria e exige empenho. Percebemos que ela é uma necessidade dentro do que se propõe. E a FLUP esta na nossa vida de tal forma que se a gente não fizer, a gente morre. Ela pode mudar de formato, crescer, diminuir e mesmo assim, a gente vai continuar fazendo”,declarou Ecio Salles, um dos idealizadores da feira.

A abertura da mesa teve a participação de Antônio Grassi, que demonstrou preocupação com os rumos da cultura no país. Ele lembrou que a cultura vem sendo atacada de diversas formas, inclusive na deturpação sobre o entendimento do uso da lei Rouanet. E disse que isso faz parte, do que ele chama de golpe, contra a cultura brasileira.

“A FLUP é um exemplo bem sucedido de apoio da lei Rouanet, que não pode ser taxada de instrumento criminoso, como vem sendo chamada e criminalizando o artista como um usurpador dos cofres do governo”, desabafou Antônio Grassi.

Tema de Abertura da FLUP 2018 

Com Maria Firmina dos Reis - A invisibilidade da mulher negra também na literatura, a FLUP lançou o olhar para uma escritora quase desconhecida no país. Uma mulher negra e que no século XIX, ousou falar de abolição através da literatura. Maria Firmina dos Reis é considerada a primeira mulher negra a publicar um romance na América Latina, em 1859 – O romance Úrsula. Segundo o pesquisador da literatura afro-brasileira e um dos maiores especialistas na obra da autora, Eduardo Duarte, Maria Firmina foi pioneira em diversas frentes. Além do romance, a escritora foi a primeira mulher a passar em um concurso público em São Luiz, no Maranhão e  também fundou a primeira escola de ensino misto no estado, causando protestos em sociedade, levando ao fechamento da escola, três anos após sua abertura.

“Maria Firmina foi uma mulher conectada com seu tempo, ela abraçou o movimento abolicionista e bateu de frente com toda filosofia mundial, quando diz que o negro era civilizado e o branco que era bárbaro, por jogar uma rede e capturar o outro”, disse o pesquisador. 

A autora participou ativamente da produção literária de seu tempo, com a publicação de textos em jornais e outros romances que podem ser encontrados no portal Memorial Maria Firmina dos Reis. O material foi disponibilizado por Luciana Diogo, uma das idealizadoras do portal, onde está catalogada a obra da escritora, contendo originais e novas edições dos romances.

Assim como várias mulheres do seu tempo, Maria Firmina sofreu um processo de invisiblização de sua obra e existência. Segundo o pesquisador Eduardo Duarte, havia 167 mulheres escritoras no século XIX, mas apenas duas tiveram reconhecimento.  No caso de Maria Firmina havia agravantes: era mulher, negra e de origem humilde.  Ainda assim a escritora usou seu dom para fazer a diferença na sociedade maranhense.

Outra convidada da abertura foi a escritora e cordelista Jarid Arraes que ganhou notoriedade publicando cordéis sobre as heroínas negras brasileiras. Jarid contou sobre sua trajetória e de como conheceu a obra de Maria Firmina, a qual ela se inspira. “Na obra de Maria Firmina encontrei as referências que me mostraram que eu também poderia ser escritora”, confessou Jarid.

A festa da literatura encerrou o primeiro dia, com um desfile do ciclo de modativismo da FLUP, que convidou modelos e estilistas pretxs que usam a moda como ferramenta de mobilização social.

A FLUP vai até domingo, com uma programação dedicada a tratar da temática negra e convidados nacionais e internacionais. Com clube de leitura, slam poético e diversas atrações que acontecerão na região do Centro e da Pequena África. Programação completa em: https://www.facebook.com/FlupRJ/

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