Estudo em população brasileira reforça necessidade da terceira dose de vacina de Covid-19 ao mostrar que ela induz a uma resposta imunológica mais robusta do que a infecção normal. A pesquisa, conduzida por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e da Universidade de Minas Gerais (UFMG), analisou a longevidade da imunidade induzida pela segunda dose das vacinas CoronaVac e AstraZeneca e o efeito da terceira dose com a vacina da Pfizer aplicadas na população da cidade de Barreiras, na Bahia, e foi publicada na quinta (7) na revista “Journal of Virology”.
A pesquisa avaliou o nível de anticorpos antivirais de 210 pessoas de Barreiras de 13 a 66 anos que receberam uma ou duas doses de CoronaVac ou AstraZeneca ou terceira dose de Pfizer após seis meses da segunda dose de CoronaVac. Os pesquisadores também adicionaram pessoas não-vacinadas e infectadas, de 15 a 22 dias após o início dos sintomas. Os principais resultados mostram que os níveis séricos de anticorpos diminuem substancialmente entre quatro e seis meses após a segunda dose da CoronaVac ou AstraZeneca. Entretanto, esses níveis são reestabelecidos pela terceira dose com a vacina da Pfizer. Os pesquisadores corroboram estudo de outubro de 2021 publicado na revista “The Lancet” da própria fabricante sobre efeito da terceira dose na população norte-americana.
De acordo com Jessica Pires, autora do estudo e pesquisadora do Centro das Ciências Biológicas e da Saúde da UFOB, os resultados indicaram que a terceira dose da vacina da Pfizer reestabelece os níveis de anticorpos vistos pouco tempo após a segunda dose. A eficácia das vacinas CoronaVac e AstraZeneca também foi testada, segundo comenta o coordenador do estudo Jaime Amorim. “A terceira dose é fundamental para manter elevado o status imunológico humoral. Nós também verificamos que as vacinas da CoronaVac e AstraZeneca são eficientes em reduzir substancialmente as infecções. A frequência de infecção nas pessoas que tomaram vacina, ainda que apenas uma dose, apresentou-se estatisticamente menor do que nas que não se vacinaram”.
O próximo passo dos pesquisadores é investigar a duração da imunidade contra Covid-19 para se ter clareza sobre a necessidade de reforços da vacina a cada cinco ou seis meses. Os autores explicam que esse fenômeno acontece porque a imunidade depende muito do tipo de formulação vacinal. No caso dos vírus respiratórios, eles induzem imunidades menos longevas e necessitam de doses de reforço anuais, como é o caso da vacina contra Influenza. “Tentaremos entender também o porquê de a epidemia com a variante Ômicron acontecer num cenário em que a maior parte da população já foi imunizada”, explica Pires.
Fonte: Agência Bori