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Saúde bucal

Verdades e mentiras sobre implantes dentários

Alguns tratamentos são mais simples do que parecem


Foto: Pixabay

Muito se fala sobre implantes dentários, muitas são as propagandas e o paciente fica sem saber realmente o que é. A cirurgiã dentista Alessandra Cohen, especialista em Periodontia, responde algumas questões sobre as quais os pacientes devem estar atentos quando se programarem para este tipo de tratamento.

O que é implante dentário?

Implante dentário é um “parafuso” de titânio com forma semelhante à raiz dentária. É utilizado em odontologia como um artifício para “substituir” raízes dentárias perdidas. É instalado no osso do paciente, abaixo da gengiva, e sobre ele, será instalada alguma prótese dentária similar aos dentes / coroas perdidas.

Quem pode fazer implantes dentários?

De adultos jovens (após a finalização do crescimento ósseo) até idades avançadas, a maioria dos pacientes pode se candidatar a instalação de implantes ósseo integráveis. É fundamental se ter um estudo profundo do caso de cada paciente, com exames da cavidade bucal (exame clínico, radiografias, modelos articulados, tomografias) e da saúde geral (exames laboratoriais e risco cirúrgico, quando necessário).

Quais são os fatores que contraindicam um implante dentário?

Paciente com história de uso de bisfosfonatos (medicamentos inibidores da reabsorção óssea), adolescentes antes do término do crescimento ósseo, pacientes diabéticos e hipertensos descompensados.

Existe rejeição aos implantes?

Não. O titânio é bioinerte e biocompatível. Não causa nenhum tipo de rejeição por parte do osso ou do organismo. Podem haver problemas relacionados ao planejamento pré-cirúrgico (ligado a quantidade ou qualidade óssea), à cirurgia (aquecimento ósseo demasiado, uso de instrumentos com afiação deficiente) ou ainda ao pós-operatório (infecções e não cumprimento de orientações pós-operatórias), que podem levar a complicações ou ainda ao insucesso dos implantes.

Os implantes importados são melhores que os nacionais?

Não existem dados científicos comparando os implantes produzidos no Brasil com os implantes produzidos no exterior. Porém, o Brasil hoje se encontra na posição de um dos maiores fabricantes e também exportadores de implantes ósseo integráveis do mundo. Os principais fabricantes de implantes dentários do Brasil desenvolvem projetos de pesquisa e de desenvolvimento avançados nesta área, inclusive, algumas delas com aprovação dos órgãos de controle americanos e europeus, além da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Pacientes que não têm osso podem receber implantes?

É necessária uma avaliação individualizada de cada paciente e de cada caso. De uma forma geral, existem procedimentos (enxertos), que viabilizam a instalação de implantes em pacientes que têm pouca disponibilidade óssea. Para casos de pequenas quantidades podemos usar material sintético, de origem bovina, coral ou outros materiais disponíveis no mercado odontológico. Nos casos de maiores quantidades em que será necessária a utilização de osso de área extra bucal, tais como a crista ilíaca, tíbia e outros, estas cirurgias devem ser feitas em ambiente hospitalar e com equipe multidisciplinar (cirurgião buco-maxilo-facial, ortopedista e anestesista).

Qual a taxa de sucesso dos implantes dentários?

A literatura científica relata um índice de sucesso de até 98%. Áreas de osso enxertado podem ter uma redução neste índice, assim como pacientes fumantes, diabéticos não compensados e usuários de medicamentos tais como os bisfosfonatos, pois estas situações interferem no processo de osseointegração.

Todas as pessoas podem colocar os implantes e os dentes no mesmo dia (carga imediata)?

Não, pois a seleção do paciente candidato a receber implantes e dentes no mesmo dia deve ser bastante criteriosa. Deve-se avaliar as condições gerais de saúde do paciente e a quantidade e a qualidade óssea da região que irá receber o implante; se ainda há elemento dentário neste local (que pode ser removido no mesmo momento da instalação do implante ou em etapas diferentes, dependendo da avaliação anterior e durante a cirurgia). E a avaliação das arcadas e da oclusão (mordida) destes pacientes também são fundamentais.

Quais são as etapas de trabalho?

Iniciamos com a seleção do paciente e planejamento protético-cirúrgico, necessariamente nessa ordem, na qual utilizamos radiografias, tomografias, modelos articulados, exames da arcada bucal e de saúde geral. Também é fundamental o esclarecimento integral do paciente - saber se podem ser alcançadas as expectativas dele tanto quanto à estética quanto a função. O passo seguinte será a cirurgia, que é a instalação dos implantes no osso. Em alguns casos, não há necessidade de enxertos. Já em outros poderá haver junto aos implantes.

Dói colocar implantes?

O procedimento de colocação dos implantes não gera dor e é feito sob anestesia local tal como em outros tratamentos dentários. Caso não haja extrações ou cirurgias mais complicadas no momento da instalação dos implantes, o paciente tem um pós-operatório muito confortável. Normalmente são prescritos antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos, que controlam bem todos esses sintomas. O paciente deve repousar de 24 a 72 horas dependendo da extensão do procedimento. Deve seguir estritamente as recomendações feitas pela equipe que o atende e voltar de forma moderada as atividades diárias.

Qual a maior novidade em implantes dentários?

Esta área está sempre com novidades e em evolução constante. As mais atuais são as técnicas que permitem, em casos selecionados, instalar implantes quase sem cortes, coroas protéticas que podem ser executadas em impressoras 3D, que diminuem o tempo de tratamento e aumentam a precisão dos trabalhos e ainda novos tipos de implantes que vêm diminuindo drasticamente o tempo de espera para a colocação das próteses definitivas.

Paulo Roberto Fanaia, empresário, 58 anos, perdeu vários dentes devido a problemas periodontais e há três anos fez um implante “All- on- 4”. Paulo se submeteu a várias extrações no mesmo dia, fez a colocação dos pinos e, no dia seguinte, colocou a prótese provisória. “Fiquei com o rosto bem edemaciado após o procedimento, um ano depois tive que fazer uma nova cirurgia porque tenho bruxismo. Fiz aplicação de botox, placa de mordida para dormir, o custo financeiro do implante não é barato, mas para mim, o resultado foi maravilhoso. Faria tudo novamente”.

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