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Aulas presenciais

Médico defende saúde mental para profissionais do ensino nas escolas

Uso excessivo de smartphones e falta de sono provocam distúrbios


Fórum debate como manter qualidade do ensino no pós-pandemia. Foto: Divulgação.

Com o retorno às aulas presenciais após dois anos de pandemia da Covid-19 com aulas remotas, os professores estão sofrendo grande estresse ao lidar com os alunos, seja nas escolas públicas ou privadas. Alunos ainda mais bagunceiros, agitados e que promovem brigas dentro de sala de aula. Sem falar que pouco ou nada aprenderam nos dois últimos anos. Pensando nisso, o médico ortopedista Thanguy Friço, abordou o tema “Como Professores e Funcionários podem ter saúde física e emocional pós pandemia”, nesta terça-feira, em palestra no Fórum Extraordinário de Dirigentes Municipais de Educação.

O evento foi promovido pela União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio de Janeiro (Undime-RJ), no Novotel Porto Atlântico, na cidade do Rio de Janeiro, que discutiu o tema “Expectativas, mudanças e desafios: Como manter a qualidade do ensino da Educação Infantil ao Ensino Fundamental”. O encontro reuniu educadores e especialistas na área, além de técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que discutiram o uso de recursos públicos na educação.

Segundo Thanguy, os professores e funcionários foram penalizados pela pandemia porque até então não tinham conhecimento do mundo online.

“Antes, os professores, muitos excelentes, não tinham conhecimento do mundo online, o que era dar aula voltado para o buraquinho, sem ter aquele feedback do aluno do outro lado. Os professores, principalmente os mais antigos, só do aluno olhar, ele já sabe se está em dúvida ou não. Como ele podia interagir. Nesse ensino remoto, ele piorou demais a qualidade emocional de todos na escola”, observa o médico de 44 anos, que é professor e escritor, com pós-graduação em Nutrição e Fisiologia do Exercício e MBA em Gestão de Pessoa.

Thanguy é idealizador, junto com esposa, a pediatra Patrícia Friço, do projeto “Escola Saudável”, que propõe a levar conceitos de saúde mental às escolas de todo o país. Ele é autor ainda do livro “Pais saudáveis = Filhos saudáveis”, publicado ano passado pela Editora Gente.

“A pandemia expôs algumas doenças, que já existiam antes. A Organização de Saúde diz que hoje, 56% dos brasileiros adultos está acima do peso ou obeso. E aí, como a gente vai traduzir isso para as crianças e adolescentes de 5 a 17 anos? Hoje uma a cada três crianças está acima do peso. E aí vamos para a parte da atividade física: 46% dos adultos é considerado sedentário. Não faz o mínimo de três vezes por semana. E aí vamos para as crianças e os adolescentes. 85% deles são sedentários. O nível para eles são cinco vezes. A exigência é maior. O sono é intimamente ligado ao aprendizado. Se for melhorar o aprendizado dos alunos tem que melhorar a qualidade do sono. Só que hoje, 70% dos adultos têm algum problema relacionado a sono. E as crianças e adolescentes, 25%. Uma a cada quatro crianças, que é um problema da meia idade para frente. Criança e adolescente dificilmente tinha distúrbio de sono”, conta Thanguy.

O médico responsabiliza o uso excessivo dos smartphones e as redes sociais pelas crianças e adolescentes.

“ O sono foi muito sacrificado principalmente pelo telefone celular, que sacrifica preciosas horas de sono, o computador, as séries que as pessoas quere assistir, o Whatsapp, Facebook e Instagram até altas horas da noite. Hoje, 80% dos adultos têm algum distúrbio relacionado à ansiedade e depressão. E as nossas crianças e adolescentes, uma a cada quatro já tem, necessitando ou de psicoterapia, ou até mesmo de medicações. Qual o primeiro grande passo? Trazer essa realidade aos professores. Nosso grande objetivo é levar ações de promoção de saúde para dentro da escola. Trazendo vários conceitos sobre carboidratos, proteínas, gorduras, melhorando não só a quantidade, mas, a qualidade da alimentação. Vamos falar sobre higiene do sono. A gente tem que aprender a prática da meditação, da mesma forma que a atividade física”, cita o especialista.

Sobre professores esgotados no retorno ás aulas presenciais, o ortopedista defende que eles precisam planejar a saúde do mesmo jeito que as aulas.

“Planejar um horário para fazer uma atividade física, para dormir, se alimentar de forma adequada, para meditar. Mas, aí ele diz que não tem tempo para tudo isso. A gente diz que se você não tiver tempo para cuidar da sua saúde, não terá tempo para cuidar de sua doença. A gente traz a auto responsabilização. Se o professor estiver doente, esse ensino será mais comprometido ainda. As autoridades competentes devem fazer o diagnóstico destes problemas e como podem auxiliar este professor”, conta.

Thanguy acrescenta que os alunos precisam fazer a prevenção com cuidados básicos e diários.

“É escovar os dentes todos os dias, ter relacionamento com as pessoas, ter e praticar uma religião, ter um bom relacionamento na escola, no trabalho, fazer uma atividade diária, comer muito bem, praticar uma meditação, todos estes fatores promovem a saúde. Esse é o conceito que a gente vai trazer para professores e funcionários”, defende.

Para o especialista, o grande tempo dedicado às redes sociais prejudicaram a saúde mental das crianças e adolescentes.

“Antigamente, quando uma criança era vítima de bullying, se restringia na maioria das vezes à sala de aula. Hoje, com as redes sociais, esse bullying pode se tornar nacional. O que acontece é a dimensão dos problemas que o smartphone trouxe para a saúde mental das crianças e adolescentes, você sabia que a cada nove entre dez adolescentes meninas, entre 9 e 18 anos de idade, elas querem mudar a sua aparência? A gente vive numa fase de múltiplas tarefas. Na maioria das vezes a gente só consegue se concentrar efetivamente em uma tarefa. Aí a gente traz esse conceito de atenção plena. Quando a gente fala em trabalhar a saúde mental nas escolas, vamos trabalhar a promoção da saúde mental”, conta.

De acordo com Thanguy, o projeto Escola Saudável está sendo discutido com diversas prefeituras, inclusive no estado do Rio, além do governo estadual. A metodologia é baseada nos médicos, nutricionistas, professores de educação física e psicólogos.

“Fizemos uma metodologia completa do que precisava ser ensinado nas escolas do 1º ano 9º ano. Depois, passamos para uma equipe pedagógica. Isso foi feito em 2018/2019/2020. Está em fase de implantação nas prefeituras e nos estados. O grande objetivo do projeto é capacitar os professores, os funcionários, para que os alunos aprendam. Os alunos levarão o conhecimento para casa. Este mês apresentamos o projeto na Secretaria de Estado de Educação. Está em fase de análise. Existe uma licitação para maio ou junho e possivelmente a gente participe, para várias empresas”, contou.

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