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Império da Uva faz festa na escolha do seu samba para o carnaval da Intendente

Por Sérgio Meirelles em 19/11/2018 às 19:41:00

Uma explosão de alegria! Essa frase resume o sentimento que tomou conta de centenas de pessoas que assistiram à final da escolha do samba de enredo da Império da Uva, em Nova Iguaçu, no domingo (18/11). No desfile do próximo ano, a Verde e Branca da Baixada Fluminense contará a história da rainha Nzinga, um símbolo da resistência africana contra os colonizadores. Quando o samba campeão foi anunciado, a multidão que se espremia na quadra foi à loucura e cantaram a canção vencedora, embalados pela excelente bateria comandada pelo mestre Dó.

Era quase meia-noite. E a expectativa do público para saber qual seria o samba vencedor só aumentava. Foi uma disputa acirrada. Cinco melodias estavam classificadas para a grande final. Por fim, os jurados elegeram a composição idealizada pelos compositores Tânia Professora, Neguinho, Tide, Sérgio Júnior, Marli Jane, Mauro Cavalcante e Yeda Maranhão e considerada uma das favoritas da disputa. Todos os autores são componentes da Império da Uva há muito anos e integram várias alas da escola. Essa foi a primeira vez que o sexteto se reuniu para compor o hino oficial da agremiação.     

A Império da Uva, que tem como símbolo um cacho da videira, está localizada no populoso e acolhedor bairro de Carmary. Integrante do Grupo C, a escola será a sétima a desfilar, em 2019, na Estrada Intendente Magalhães, em Madureira, Zona Norte do Rio. Segundo Maurício Leite, um dos integrantes da comissão de carnaval, a agremiação deve se apresentar com cerca de 750 componentes.     

Enredo

O belo enredo da Império da Uva contará a história de Nzinga Mbande Cakombe, mais conhecida como Rainha Nzinga. Ela nasceu em Luanda, em 1583, e viveu durante um período em que o tráfico de escravos e a consolidação do poder dos portugueses na região cresciam rapidamente. O nome de rainha começou a entrar para a história africana, no ano de 1621, quando ela foi enviada para conferência de paz com o governador português da atual capital de Angola. Nzinga negociou um acordo de termos iguais, converteu-se ao cristianismo para fortalecer o tratado e adotou o nome português de Ana de Sousa. .

Após o início das hostilidades do governo português, a soberana africana rompeu os compromissos com Portugal, abandonando a religião católica e praticando uma série de atos, não só contra os portugueses, mas também contra as populações tributárias de Portugal na região. Fernão de Souza, então governador de Angola, derrotou a rainha Nzinga em uma batalha na qual muitas pessoas morreram e outras foram aprisionadas, como as irmãs de Nzinga, Cambe e Funge.

A rainha manteve-se em paz por quase duas décadas até que, diante do plano de conquista de Angola por forças holandesas, percebeu uma nova oportunidade de resistir. Com auxílio das forças de Nzinga, os estrangeiros conseguiram ocupar Luanda por sete anos. Em 1647, os portugueses conseguem derrotar Nzinga e reconquistam de vez Angola. Em 1659, a rainha assinou um novo tratado de paz com Portugal. Ela ajudou a reinserir antigos escravos e formou uma economia que, ao contrário de outras no continente, não dependia do tráfico de escravos. A rainha Nzinga faleceu de forma pacífica aos 80 anos de idade, em 1663, e entrou para a história como uma figura admirada e respeitada pela comunidade portuguesa.

Letra do samba campeão

Renasci no reino Ndongo

O povo Ambundo é minha raiz

Tenho a magia dos ancestrais

A sagrada fé nos rituais

Negra de sangue Ngola Kiluange

Combati a ambição de além mar

Me tornei (sic) embaixadora

Fiz o comércio prosperar

Do legado fraterno cheguei ao trono

Iludi os lusitanos

Ana de Souza também me chamo meus inimigos fiz aliados

Em Matamba conquistei o meu reinado

Empoderada veio à calmaria

Comigo nem o holandês podia

Segui

De corpo e alma no poder

Na memória do povo que hoje luta acorrentado sem temer

Estou presente na congada

No ressoar dos tambores

E no grito dessa gente

De verde e branco

Carnavalizando a intendente

 

Sou rei e rainha africana

A voz da tribo impedia

Sou Nzinga guerreira

Não fujo da luta

Imponho a bandeira

Sou Império da Uva!

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