A Black Friday no Brasil está indo para o seu oitavo ano consecutivo e promete sempre ofertas arrasadoras que podem chegar a 80% de desconto. Isso enche os olhos dos consumidores que já aguardam o período para fazerem compras a preços mais baixos. Este ano o evento ocorre nesta sexta-feira, dia 23, mas é bom consumidores e lojistas ficarem atentos: existem sites fazendo propaganda enganosa e o Procon Estadual estará de olho monitorando não só lojas virtuais como as físicas também.
De acordo com Sabrina Espíndola, Coach em desenvolvimento, a “sexta-feira negra” é uma chance de comerciantes de saírem do vermelho e verem as vendas alavancadas pois uma série de fatores como Copa, Eleições e a greve dos caminhoneiros prejudicaram muito as vendas. Além dos consumidores conseguirem comprar seus produtos com preços mais baixos. Uma pesquisa do Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro – CDLRio, com apoio do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Rio de Janeiro – SindilojasRio, mostra que cerca de 63% das lojas físicas do Rio de Janeiro pretendem participar da Black Friday, 3% a mais do que no ano passado. Mais de 88% dos 500 lojistas entrevistados acreditam que a promoção possa incrementar as vendas em até 5%, com oferecimento de descontos entre 30% e 50%. Os lojistas acreditam que eletrodomésticos, eletrônicos/informática, smartphones, moda, calçados (especialmente tênis) e artigos para casa e decoração serão os produtos mais procurados.
Segundo o empresário Aldo Gonçalves, presidente do SindilojasRio e do CDLRio, o resultado das vendas de alguns produtos da promoção, no ano passado, igualou-se, em alguns casos, às vendas natalinas, sendo a antecipação da data também uma forma de atrair clientes em tempos de crise.
“Em uma época de dificuldade econômica como a que estamos vivenciando atualmente no país, especialmente no estado do Rio de Janeiro, a Black Friday pode representar uma boa ferramenta de marketing e uma excelente oportunidade para oferecer promoções. Cabe a cada lojista avaliar e dosar suas promoções, de acordo com o seu segmento e o seu público-alvo, para obter bons resultados”, disse Aldo Gonçalves.
Mas, nem tudo são flores em relação às promoções da Black Friday. A professora Jacqueline Lopes comprou, em 2016, em uma grande rede, o seu celular na Black Friday e não teve problemas. Tanto que, em 2017, retornou à mesma loja, física, para comprar sua cama, pois havia se mudado. Seu pesadelo havia começado.
“Ano passado eu me mudei e fui comprar um conjunto de cama, cabeceira e duas mesinhas numa loja muito conhecida daquelas que fazem altas promoções de eletrônicos e eletro nessa época. Comprei, paguei o valor no cartão (que era sem juros) em 10 x. Até que no terceiro mês após a Black Friday isso já em janeiro, recebi uma chamada da empresa no telefone, dizendo que eu estava com três parcelas atrasadas! Tomei um susto, questionei e a atendente me disse que enviariam os valores por email. Enviados os valores fiquei ainda mais confusa e fui até uma loja que tem em todo lugar Verificar. Eles me disseram que o vendedor não tinha passado o valor correto é que isso seria uma diferença da Black Friday!!!! Do ano anterior! Eu fiquei sem reação. primeiro, não tinha que ter diferença nenhuma porque o preço que me deram na nota já incluía tudo que tinha pra incluir. Enfim, eu tive que entrar no Procon porque eles colocaram meu nome no SPC!!!!Só consegui resolver lá!”- explica Jacqueline.
Ela ainda se questiona se isso não ocorre com mais frequência e as pessoas acabam não se tocando do assunto.
“Fiquei imaginando quantas pessoas como idosos ou gente que não tem tempo de bater lá pra questionar e não pagar esses valores exorbitantes.”
Cátia Vita, advogada especializada em direito do consumidor alerta que a primeira coisa que o consumidor deve fazer é pesquisar, pois nem tudo que parece ser uma ótima oferta, geralmente é.
“Pesquisas apontam que muitos lojistas elevam o preço nessa época dando desconto que chegam ao valor praticado normalmente. Ou seja, sobem o valor na véspera e baixam na data como se fosse uma oferta. Ressalta-se, que essa prática é considerada publicidade enganosa e o estabelecimento pode ser penalizado.”- conta Cátia.
O advogado Paulo Marco Simões, da Basile Advogados ainda reforça que sempre é bom ter registro da oferta caso aconteça algum problema.
“Guarde o folheto ou tire um print screen (foto da tela do computador ou celular) com a demonstração do produto, valor, e também com informação do link, nome da empresa, data e hora em que foi feita a pesquisa. Assim, você poderá conferir se a oferta realmente foi cumprida.”- alerta Paulo.
Compras pela internet requerem cuidados extras
Especialistas são taxativos: as compras efetuadas pela internet requerem mais cuidados, principalmente com a idoneidade da loja. A coach em desenvolvimento, Sabrina Espíndola alerta que o ideal é sempre buscar lojas conhecidas para efetuar as compras.
“O ideal que a compra seja realizada em sites que ja esta acostumado a compra para não cair em sites fantasmas, fakes, e acabar se frustrando e tendo aborrecimentos quanto a entrega ou cartão clonado.”
Os advogados Cátia e Paulo reforçam a dica.
“Certifique-se se a empresa existe, verificando se possui endereço físico e antes de comprar entre em contato para avaliar o atendimento através do canal de relacionamento. Pesquisar em sites de reclamações é importante para avaliar a reputação da empresa, ou até mesmo no site do tribunal para saber a quantidade de processos.
Os consumidores devem evitar sites que só aceitam pagamento via boleto, pois além de não passar pela verificação da administradora do cartão, caso haja fraude, não conseguirá reaver o valor pago. Tomar cuidado com ofertas muito atrativas em sites desconhecidos, pois as chances de serem fraudes são grandes e o consumidor terá dificuldade em recuperar o investimento feito.”- revela Cátia.
Paulo ainda avisa que preços muito baixos podem ser golpe.
“Preços muito abaixo da média praticada também são indícios de fraude. Todo cuidado é pouco", explica.
Clicar numa promoção imperdível pode ser uma dor de cabeça depois, Por isso, antes de clicar, desconfiar é uma segurança para o consumidor. Se ainda assim a compra efetuada for motivo de lesão para o consumidor, ele tem direito a desistir ou mesmo ter o dinheiro de volta.
“Lembrando que compras realizadas fora do estabelecimento, o consumidor tem o direito de desistir em até 07 dias, e compras feitas dentro da loja o consumidor deverá observar a peça adquirida se está em perfeitas condições, já que a troca somente será feita se a loja oferecer esta oportunidade. Então, se o consumidor for adquirir celular, computador, etc; teste todos os equipamentos, pois, no caso de objeto sem funcionamento, este deverá ser encaminhado para a assistência técnica.
Caso o consumidor sinta-se lesado, inicialmente tente resolver o problema administrativo, anotando todas as tentativas (números de protocolos, e-mails, chat , comparecimentos na loja)e não obtendo êxito na reclamação administrativa, junte todas as provas e procure seu advogado!”- finaliza Cátia.
Como fazer para garantir o menor preço
O consumidor tem diversas formas de verificar quais melhores preços e oportunidades para compra. Uma delas é o “Vigia de Preço”, ferramenta online capaz de analisar em tempo real o preço de um produto na hora em que o cliente vai comprá-lo e imediatamente informar se aquele produto está com bom preço ou se está caro demais, além de oferecer o serviço de cupons de desconto em lojas cadastradas e auxiliar o consumidor para não cair em golpes na internet.
Um dos sócios da empresa, o youtuber Felipe Neto, explica que o intuito da ferramenta é justamente evitar que o consumidor caia em golpes ao ser tentado por preços muito baixos.
“Quantas pessoas são enganadas ao tentar comprar algo online? E quantas compram um produto sem saber que na verdade ele estava muito mais barato dois dias antes? O Vigia de Preço vai se tornar algo fundamental na vida dos brasileiros e ajudará milhões de pessoas a não comprarem errado”, destaca Felipe Neto.
Com mais de 500.000 extensões instaladas, o Vigia de Preço tem ofertas que vão de celulares e TVs até cosméticos, viagens, móveis e moda. Além de oferecer produtos e serviços de mais de 2000 lojas indexadas ao sistema com um alerta de preço que consegue fazer, automaticamente, a verificação dos cupons de compras durante o processo de compra do usuário.
Felipe destaca também a importância de se ter uma extensão que permita aos pais ter maior controle sobre o que é comprado online.
“Uma das novidades que implementaremos será justamente uma forma de permitir aos pais um controle maior sobre o que é comprado em seus computadores, evitando por exemplo que uma criança acabe usando o cartão de crédito sem permissão para efetuar uma transação, esperamos poder implementar isso ao Vigia de Preço em breve” – garante Felipe.
A coach Sabrina alerta que a pessoa deve pensar se está realmente precisando do produto ou se está comprando no impulso, pois as chances de se endividar sem necessidade são grandes.
“Sempre que for comprar se pergunte: eu realmente preciso comprar isso? Procure fugir da tentação e do impulso de compra só porque está mais barato. Outra dica é ter uma lista de necessidades para sempre que pensar em comprar não caia em tentação comprando coisas que não precisa. Será que esse dinheiro não poderia ser investido em uma viagem ou na compra da casa própria? Caso perceba que realmente precise comprar o que está na oferta verifique se é realmente um desconto que vale a pena. Compare com o preço que era antes da Black Friday. Mas, lembre-se que no início do ano sempre temos um grande número de despesas altas como: matrícula da escola, material escolar, IPVA, IPTU, compras de natal, férias das crianças.
A sua alegria momentânea de comprar na Black Friday não pode deve ser a dor de cabeça por entrar no ciclo de dívidas.”- finaliza a coach.
O Procon estadual também disponibilizou em seu site dicas de como evitar dores de cabeça e afirmou em sua página na internet que monitorará preços em sites e também fiscalizar lojas físicas em busca de ofertas enganosas. Dúvidas podem ser tiradas e denúncias enviadas através do telefone 151 ou dos emails ouvidoriaproconrj@gmail.com e 151proconrj@gmail.com. O Procon ainda pede para que os consumidores enviem prints das páginas para embasar a sua denúncia.