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Pescadores denunciam despejo de chorume no Rio Sarapuí em Caxias

Eles estão perdendo o sustento diário de suas famílias com a poluição das águas

Por Anderson Madeira em 16/06/2022 às 19:56:27

Fotos: Divugação/Associação Colônia de Pesca de Duque de Caxias

Os pescadores do Rio Sarapuí, que corta o aterro sanitário de Gramacho, pedem socorro. Segundo eles, o chorume despejado no mangue, no rio e na Baía da Guanabara, aumentou muito e eles estão perdendo o sustento diário de suas famílias com a poluição das águas. Eles acusam empresas que atuam no aterro de despejar o chorume e o poder público de omissão. Uma ação civil pública tramita na Justiça Federal contra as companhias e o Estado.

“O chorume despejado no mangue, rio e Baía da Guanabara triplicou diante do descaso público. Não é dever dos pescadores fiscalizar o meio ambiente. Mas faremos de tudo para salvá-lo. Os poderes públicos estão omissos a essa covardia que as empresas vêm cometendo com os pescadores”, relata Gilciney Lopes Gomes, presidente da Associação Colônia de Pesca de Duque de Caxias.


Segundo o pescador, as empresas que atuam no aterro sanitário de Jardim Gramacho e estariam jogando chorume são a Gás Verde S/A, Biogás Energia Ambiental, J. Malucelli Construtora de Obras S/A e a Nova Gramacho Energia Ambiental S/A. “Estão despejando os seus rejeitos sem controle”, denunciou.

Procurada, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal de Duque de Caxias, respondeu em nota que “recebeu denúncia sobre tubulações clandestinas vindo diretamente da estação de tratamento de chorume do antigo aterro controlado de Jardim Gramacho e que estariam lançando chorume diretamente no rio. Em diligência, foi realizada vistoria no local até onde a embarcação pode acessar, porém as referidas tubulações não foram visualmente identificadas. Foram localizados muitos pontos de acúmulo de lixo urbano e restos mortais de animais no leito do rio, provavelmente trazidos pelas marés, gerando forte odor ácido no local. Em relação à empresa que administra o antigo aterro de Jardim Gramacho, vale ressaltar que a mesma possui licenciamento ambiental concedido pelo INEA - Instituto Estadual do Ambiente”.

A Gás Verde, a Bio Gás Energia Ambiental e a Nova Gramacho não foram localizadas. Em 2019, Gilciney apresentou denúncia junto ao Ministério Público Federal, que impetrou ação civil contra a as três primeiras, além do Instituto Estadual do Ambiente e o Governo do Estado do Rio. O processo tramita na 2ª Vara Federal de Duque de Caxias. O espaço está aberto para as empresas se manifestarem.

A J. Malucelli enviou a seguinte nota ao Portal Eu, Rio!:

"“A JMalucelli tem a informar que as denúncias provenientes dos pescadores são totalmente infundadas, especialmente pelos seguintes motivos:

1) Nem a J. Malucelli, nem qualquer de suas empresas opera o aterro de Gramacho, sendo o mesmo de total responsabilidade da Comlurb e/ou da empresa contratada para sua operação;

2) Em pesquisas realizadas junto ao Poder Judiciário do Rio de Janeiro, apuramos diversas demandas judiciais ajuizadas por pescadores, nas quais ficou comprovado, através de perícia, que a poluição dos referidos rios é proveniente do despejamento irregular de grandiosa quantidade de esgoto no percurso a montante da região em que se localiza o aterro, motivo pelo qual tais demandas foram julgadas improcedentes em relação às operações do aterro”.

Também procurado, o Inea não respondeu à reportagem.


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