Congo, com sua longa experiência no combate ao vírus - teve um dos primeiros surtos registrados do mundo em 1976 - é visto como um modelo para a maneira como isola e trata as pessoas para interromper a transmissão. Mas este surto, o décimo, está se mostrando mais difícil de conter. O problema é que o Ebola está se espalhando para áreas repletas de rebeldes armados. A Guerra Civil expulsou mais de 1 milhão de pessoas de suas casas nas províncias afetadas pelo surto.
A violência está aumentando. Em 15 de novembro, um grupo extremista chamado Forças Democráticas Aliadas (ADF) matou oito membros da força de paz da ONU. Um dia depois, a ADF disparou contra hotéis que abrigam trabalhadores humanitários.
"Eu estava no restaurante quando ouvimos os disparos", diz Guido Cornale, coordenador sênior da resposta do Ebola para a UNICEF. “Nós apagamos as luzes e ficamos embaixo das mesas. ” As balas atravessaram as janelas, mas não feriram nenhum dos profissionais de saúde.
“A Geografia complica as coisas”, diz Oly Ilunga, o ministro da saúde. O surto está próximo da fronteira com o Uganda e os refugiados atravessam regularmente. É também a primeira vez no Congo que o Ebola atinge uma cidade tão grande ou tão movimentada quanto Butembo, uma parada comercial em uma das poucas estradas do País. E se espalhou por aldeias remotas que são difícil acesso - e agora só podem ser alcançadas em carros blindados escoltados por soldados da ONU.
“A nova vacina ainda pode virar a maré. Sem isso, milhares de pessoas já teriam morrido”, diz o Dr. Ilunga, médico da OMS.
“Quando os profissionais de saúde chegam a vilarejos remotos, eles tendem a vacinar todos os habitantes. Esta é uma mudança da estratégia de vacinação em anel padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que ataca apenas os que têm maior probabilidade de entrar em contato com um paciente com ebola. Infelizmente algumas pessoas recusam”, diz Michel Yao da OMS em Beni.
Outras armas estão sendo desenvolvidas. Esta semana, a OMS iniciou o primeiro ensaio de múltiplas drogas de curas potenciais para o Ebola. Ninguém sabe se eles funcionarão, mas os quatro tratamentos são promissores.
Peter Salama, da OMS, calcula que levará pelo menos seis meses para acabar com este surto. Mas Robert Redfield, diretor do CDC, Centers for Disease Control and Prevention, (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, em português), adverte que o Ebola pode se tornar endêmico, ou entrincheirado, na região. Além disso, se novos tratamentos conseguem salvar vidas, eles também podem aumentar a possibilidade (remota) de os sobreviventes se tornarem portadores do vírus, que então o transmitem através do sexo. De qualquer forma, pode ser necessário vacinar populações inteiras, e não apenas as pessoas mais obviamente em risco. Se os rebeldes armados permitirem isso.