O programa social que tem por objetivo promover, sobretudo aos brasileiros que residem nos municípios mais distantes, acesso à saúde básica pode ser colocado sob a lupa da justiça. Depois da saída dos médicos cubanos e em meio ao processo de preenchimento das vagas que ficaram em aberto, o Mais Médicos agora pode ser alvo de uma CPI. O pedido de instauração de uma comissão parlamentar de inquérito foi feito pelo deputado federal Jerônimo Goergen, do PP do Rio Grande do Sul.
Para protocolar o pedido de abertura da CPI do Mais Médicos, Jerônimo Goergen ateve-se a quatro questionamentos a respeito do programa:
1) "Por que esse grupo específico de quase duzentos “médicos” (cubanos) foram retirados com tanta pressa, não havia nenhuma previsão contratual que garantisse algo similar a um aviso prévio?"
2) "Essa saída apressada teve a intenção de não permitir ao governo que assumirá em janeiro identificar “não médicos” infiltrados no programa?"
3) "Como foi feita a seleção desses que já saíram? Qual o critério utilizado?"
4) "Dentro do governo brasileiro, quem coordenou essas ações? Que agentes ou órgãos participaram?”.
Em seu site particular, o deputado Jerônimo Goergen segue colocando em dúvida a transparência do acordo firmado entre Brasil e Cuba na administração do Mais Médico: “Primeiro há um rompimento unilateral do contrato e a retirada às pressas dos primeiros médicos. Depois vem à tona uma série de telegramas secretos mostrando que a iniciativa partiu do governo cubano, retirando do Congresso Nacional qualquer forma de validação e análise do convênio. Agora, fala-se em lavagem de dinheiro, uma garantia para que Cuba pudesse honrar os empréstimos do BNDES para a construção do Porto de Mariel. Ou seja, a história só piora”, declarou o parlamentar.
De acordo com o regulamento da Câmara, para que um pedido de abertura de CPI seja protocolado, um terço dos deputados precisa assinar o protocolo. Segundo Jerônimo, 172 parlamentares disseram sim ao pedido. Apesar disso, o próprio idealizador da CPI do Mais Médicos não está muito otimista. O parlamentar acredita pelo fato do ano já está terminando, somente no ano que vem o requerimento, já protocolado, passará por análise, para que a Câmara decida se programa será mesmo investigado por uma comissão parlamentar de inquérito.