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Mesa redonda alerta sobre riscos de crimes cibernéticos contra a mulher

Bate-papo será realizado na secretaria de Assistência Social de Caxias

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 30/11/2018 às 10:01:00

Foto: Pixabay

A prevenção dos crimes cibernéticos contra mulheres será um dos temas abordados na mesa redonda que acontecerá nesta sexta-feira, 30, das 14h às 16h, no auditório da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. “Daremos orientações para as vítimas junto com toda a comissão dos direitos das mulheres”, disse a palestrante e delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), de Caxias, Dra Fernanda Fernandes. O evento faz parte da campanha mundial “16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres que acontece até o dia 10 de dezembro.

No estado do Rio de Janeiro, diversas operações estão sendo realizadas nas DEAMs para punir e divulgar os crimes cibernéticos recém tipificados pela Lei 13718, de 24 de setembro de 2018. Segundo a delegada, existem inúmeros casos e todo cuidado é pouco para prevenir situações gravíssimas onde mulheres são extremamente agredidas.

“Eu peguei um caso horroroso de “Pornografia da Vingança” que acabou com a vida de uma mulher, ela não consegue mais sair de casa, está numa ‘pena perpétua’. Como ela não voltou para o amante, ele divulgou imagens do relacionamento extraconjugal. Ela foi demitida, os filhos sofrem bulling e não conseguem mais ir à escola. É muito complicada essa situação, especialmente, para uma criança”, contou Fernanda.

Para conseguir provar as agressões e punir quem produz e quem divulga essas imagens, as vítimas devem levar as ameaças e postagens para a delegacia da mulher. “A pessoa deve arquivar os áudios e todas as conversas, precisa printar tudo, além da URL que aparece na parte superior com o endereço virtual, que é uma identificação única. Mesmo que o criminoso apague, já existe a materialidade armazenada e a vítima tem seis meses para vir à delegacia, porque pela lei do Marco Civil da Internet as informações são guardadas por esse período”, explicou.

Criminosos com falsos perfis montam ciladas 

“As pessoas hoje em dia se envolvem com desconhecidos, sem saber quem de fato está do outro lado. Investiguei outro crime cibernético onde a mulher confiou num perfil falso do Facebook e ficou 18 dias sendo estuprada e torturada”, revelou Fernanda Fernandes.

E a recente reportagem da TV Record, o jornalista de Manaus, que entrevistou a jovem, informou que a após brigar com o marido, ela foi para a rede social e aceitou a solicitação de amizade do desconhecido, que começou a lhe assediar e a fazer falsas promessas. Ela deixou o filho de um ano com a mãe e viajou para o Rio dizendo para o marido que iria cuidar do pai no interior do Amazonas.

O traficante Cosme das Dores de Souza, conhecido com Shaolin, usava o nome de Paulo Roberto e tinha uma ‘história de príncipe encantado’. A jovem de 21 anos, que morava em Manaus, recebeu dele a passagem para vir para o Rio. Ela sofreu com agressões físicas e psicológicas, além de ser obrigada a trabalhar para o tráfico.

Num dos cativeiros, tinha uma mulher grávida e outras quatro menores. Por conta das investigações e constantes incursões na favela, a jovem de Manaus foi libertada. O traficante ainda está foragido e a mulher dele Rosane de Souza foi presa. Rosane também ajudava a escolher as vítimas pela rede social. As outras reféns não foram encontradas.

A delegada reforçou que nunca devem ser aceitos os pedidos de amizade de pessoas desconhecidas no Facebook. “Quem vai praticar um crime cibernético estuda as vítimas, não é uma seleção aleatória. Essa jovem de Manaus foi escolhida por ser nova, pobre e ingênua. Os pedidos de amizade no Facebook de pessoas desconhecidas não devem ser aceitos nunca. Até mesmo quando existe um amigo em comum não se deve aceitar, porque ele pode ter adicionado sem conhecer”, ressaltou a delegada.

Perigo semelhante em sites de relacionamento 

Além do Facebook, a delegada também alertou sobre sites e aplicativos de relacionamento. “Muitas mulheres estabelecem relação de confiança com desconhecidos e enviam imagens nudes. A partir disso, pode acontecer um estelionato, uma extorsão virtual, pornografia da vingança e inúmeros crimes. As pessoas precisam ter um pouco de cautela no manuseio da internet para não se tornar uma presa fácil. Ainda permanece atual o alerta dos mais antigos para não falar com estranhos. A internet é um lugar público, mas muitos fazem nela o que não fariam na rua”, finalizou Dra Fernanda.

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