A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu em Registro, no interior de São Paulo, na última quinta-feira (29), a dentista Dayane Medeiros Boechat, de 23 anos, suspeita de tráfico de drogas, crimes contra a saúde pública e lavagem de dinheiro.
Dayane é irmã de Bruna Medeiros Boechat, presa no último dia 8, em uma ação (batizada de Operação Eros) simultânea deflagrada pela delegacia do Fonseca (78ª DP), em Niterói, nos estados do Rio de Janeiro e Paraná. Na ocasião, foram presos quatro acusados de participar de organização criminosa responsável pelo mais famoso e antigo site brasileiro de venda de medicamentos de uso controlado e/ou proibido da internet, onde eram anunciados uma variedade de remédios, tais como: abortivos, ansiolíticos, estimulantes cerebrais, tranquilizantes, anfetaminas, anabolizantes, inibidores de apetite, antidepressivos, estimulantes sexuais, antibióticos.
A dentista foi presa em sua residência, no bairro Eiji Matsumura, nas primeiras horas da manhã. Os policiais cumpriram também mandados de busca e apreensão em outros endereços relacionados a Dayane na cidade de Registro, dentre os quais o consultório dentário onde ela trabalhava.
Em Foz do Iguaçu (PR), no apartamento do casal Flávia Conceição Ermácora e Antônio Sérgio Marsola, também presos na Operação Eros, os policiais da delegacia do Fonseca encontraram diversos receituários em branco que já estavam carimbados e assinados por Dayane.
Em conversas de um aplicativo de mensagens extraídas do telefone de Flávia, com autorização judicial, os agentes comprovaram o envolvimento de Dayane no esquema criminoso. Tais receitas eram utilizadas pelo casal para justificar a grande variedade e demanda de medicamentos e drogas que eram fornecidos regularmente para Bruna e seu marido Paulo Jardel Cavalcante Espíndola, estes moradores da cidade de Maricá, no Rio de Janeiro.
De São Paulo, Dayane também prestava uma espécie de consultoria para a quadrilha. Mas eram Bruna e Jardel que operavam o site e promoviam toda a logística de venda, postando as encomendas nas agências dos Correios da cidade de Niterói para os consumidores finais de todo o Brasil.
A maior parte dos medicamentos comercializados pela Organização Criminosa está listada na Portaria 344/98 da Anvisa, e é considerada droga para os efeitos da Lei 11.343/06, o que sujeita os envolvidos em seu comércio a responderem pelo crime de tráfico de drogas, com pena que varia de 5 a 15 anos de reclusão. Outra parte exige prescrição médica e autorização especial da ANVISA para comercialização, submetendo os infratores ao Art. 273 do Código Penal, que prevê penas de 10 a 15 anos de reclusão.
A Operação Eros demandou a utilização de modernas técnicas de investigação, tais como interceptações telefônica e telemática, quebra de sigilos bancário e fiscal, acompanhamento e vigilância, dentre outras. A ação controlada concedida judicialmente permitiu que os agentes interceptassem e abrissem todas as encomendas postais dos alvos, que após documentadas seguiram normalmente para o destino final possibilitando o retardo da ação policial, favorecendo a obtenção de provas e a identificação dos demais envolvidos, ao mesmo tempo que minimizava os riscos de frustrar a investigação.
No decorrer das investigações milhares de caixas de medicamentos e drogas foram apreendidas. Dois veículos, três imóveis e cinco contas bancárias que eram utilizadas pelo esquema criminosos foram sequestrados judicialmente.