O coletivo És Uma Maluca se manifestou hoje (05), através suas redes sociais, após ter parte de sua instalação censurada, ontem (04), na inauguração da exposição coletiva “Literatura Exposta”. A instalação chamada “A Voz do Ralo é a Voz de Deus” é formada por um bueiro rodeado por seis mil baratas de plástico, onde um aparelho sonoro reproduzia falas do então presidente eleito Jair Bolsonaro. A fala de Bolsonaro foi vetada pelo diretor da Casa França-Brasil, Jesus Chediak. Em declaração a imprensa, o diretor alegou que não poderia acolher em uma instituição pública, uma obra que deprecia um presidente da República. No lugar do áudio do presidente eleito, uma receita de bolo foi reproduzida.
“Acreditamos que as manifestações artísticas são espaços de reflexão, elaboração de possibilidades e exploração de diversidades nas formas de pensar, sentir e estar no mundo. Em uma sociedade livre e democrática defendemos que este direito é irrevogável.
Agradecemos à organização da mostra e ao curador Álvaro Figueiredo pelo incansável apoio em defesa da liberdade artística de todos os artistas convidados para integrar a exposição, da qual nos orgulhamos de participar.
O És Uma Maluca é um coletivo aberto, fluido, não-identitário, voltado para a reflexão e experimentações poéticas. Suas proposições estão em permanente processo de construção, são não-autorais, e abertas à colaboração coletiva de qualquer pessoa, que pode somar com ideias e desdobramentos.
Continuaremos lutando pela arte enquanto espaço de reflexão e livre expressão. E é exatamente por atuar no campo dos poderes simbólicos que acreditamos na sua potência transformadora”. – Parte da nota publicada pelo coletivo.
A obra foi baseada no conto “Baratária”, do escritor Rodrigo Santos que conta a história de uma mulher que foi torturada durante a ditadura militar, com baratas. A história está publicada no livro Literatura Exposta, que leva o mesmo nome da exposição, juntamente com outros contos e poesias. O autor do conto se surpreendeu com a repercussão deste fato.
“O És Uma Maluca construiu uma obra pertinente. De fato, “linkada” com o conto, que fala de ditadura militar. E a arte, além de libertária e tem que ser transgressora. Ela tem que sacudir o “status quo”, mesmo. Tem que expandir a consciência. E qualquer censura a isso, é um retrocesso”, comentou Rodrigo Santos.
A exposição Literatura Exposta é uma criação da NBS, que transformou contos e poemas de 10 autores cariocas em obras artísticas e pode ser visitada até 14 de janeiro de 2019.
Veja a nota completa do coletivo És Uma Maluca na íntegra: