TOPO - PRINCIPAL DOE SANGUE - 1190X148

Em julho, Zona Norte teve mais tiroteios que Baixada e Leste Fluminense somados

Região assistiu 138 confrontos no mês, ultrapassando áreas marcadas pela violência da milícia e do tráfico

Por Portal Eu, Rio! em 05/08/2022 às 16:07:32

Operação policial no Complexo do Alemão terminou com 19 mortos e pesou decisivamente para o peso da Zona Norte no ranking da violência. Foto: Agência Brasil

Julho foi brutal para os moradores da Zona Norte do Rio de Janeiro. A região concentrou 138 tiroteios/disparos de arma de fogo no mês, segundo dados divulgados hoje, sexta-feira, (5/8), no relatório mensal do Instituto Fogo Cruzado. O episódio mais violento ocorreu no dia 21, quando uma operação policial no Complexo do Alemão deixou 17 mortos, sendo 16 civis e um policial militar. A operação deste dia foi considerada a segunda mais letal do ano, perdendo somente para a operação ocorrida na Vila Cruzeiro em 24 de maio, que deixou 23 mortos. Ambos os casos ocorreram na Zona Norte.


Para Maria Isabel Couto, diretora de programas do Instituto Fogo Cruzado, a falta de planejamento na segurança pública faz com que episódios violentos se repitam ano após ano. “O que aconteceu no Complexo do Alemão não é novidade. Não existe um plano de segurança pública baseado em inteligência e estratégia para conter números elevados de mortes. Um policial e duas moradoras foram mortas e o que o porta-voz da PM declara é que essas operações são para enxugar gelo. O que o Rio de Janeiro faz ao enxugar gelo: cria gerações de pessoas traumatizadas, destrói famílias, prejudica a economia. A população deixa de sair para trabalhar, as crianças crescem com medo, o posto de saúde não funciona, os policiais passam o dia encurralados. Ninguém ganha com o despreparo”.

Ao todo, houve sete chacinas em julho, resultando na morte de 37 civis. Seis destes casos ocorreram durante ações ou operações policiais. A Zona Norte foi palco de três chacinas. Em julho de 2021, foram cinco chacinas, com 17 mortos no total.


Julho em dados
Durante o mês de julho, houve 348 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado. O número indica uma queda de 7% em comparação com o mesmo mês de 2021, quando 375 tiroteios ocorreram.

Dos 348 tiroteios ocorridos em julho, 116 deles (33%) se deram em ações/operações policiais, isso indica que em média, a cada três tiroteios ocorridos na região metropolitana em julho, um foi durante ação/operação policial. Em julho de 2021, dos 375 tiroteios ocorridos, 110 deles (29%) se deram durante ação/operação policial. Apesar do número de tiroteios em geral ter diminuído, a participação em ações/operações policiais aumentou.

O sétimo mês do ano teve ao menos 191 pessoas baleadas, sendo 96 delas mortas e 95 feridas. O número de mortos cresceu 4%, e o de feridos, 10% em comparação com julho de 2021, que concentrou 178 pessoas baleadas, sendo 92 delas mortas e 86 feridas.

Em comparação com junho, que concentrou 335 tiroteios, 64 mortos e 64 feridos, julho teve aumento de 4% nos tiroteios, de 50% no de mortos e de 48% nos feridos.

Entre as datas mais afetadas pela violência armada no mês de julho, o dia 21 concentrou o maior número de tiroteios (28 registros), de mortos (18 vítimas) e de feridos (10 vítimas).



O mapa da violência armada
Entre os municípios que contemplam a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os cinco mais afetados pela violência armada foram:

Rio de Janeiro: 224 tiroteios, 53 mortos e 47 feridos

São Gonçalo: 26 tiroteios, 8 mortos e 10 feridos

Duque de Caxias: 20 tiroteios, 5 mortos e 11 feridos

Niterói: 20 tiroteios, 8 mortos e 5 feridos

Nova Iguaçu: 11 tiroteios, 7 mortos e 1 ferido



Entre os bairros que fazem parte do Grande Rio, os mais afetados pela violência foram:

Complexo do Alemão: 17 tiroteios, 18 mortos e 6 feridos

Campinho: 11 tiroteios

Fonseca (Niterói): 9 tiroteios, 6 mortos e 3 feridos

Praça Seca: 9 tiroteios, 4 mortos e 2 feridos

Vila Kennedy: 8 tiroteios e 1 ferido



Seis regiões compõem a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A distribuição da violência armada nessas áreas ficou da seguinte forma:

Zona Norte: 138 tiroteios, 33 mortos e 23 feridos

Baixada Fluminense: 69 tiroteios, 22 mortos e 30 feridos

Zona Oeste: 60 tiroteios, 13 mortos e 20 feridos

Leste Metropolitano: 55 tiroteios, 21 mortos e 18 feridos

Centro: 20 tiroteios, 7 mortos e 4 feridos

Zona Sul: 6 tiroteios



Dos 348 tiroteios ocorridos na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 39 deles foram em áreas de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ao todo, 34 pessoas foram baleadas nessas áreas: 26 morreram e oito ficaram feridas. As áreas mais afetadas pela violência armada foram:

Complexo do Alemão: 17 tiroteios, 18 mortos e 6 feridos

Complexo de Manguinhos: 3 tiroteios e 6 mortos

Mangueira: 3 tiroteios e 1 ferido

São João: 3 tiroteios



O perfil da violência armada
Ao todo, 14 agentes de segurança foram baleados no Grande Rio em julho: seis morreram (dois em serviço, três fora de serviço e um era aposentado/exonerado) e oito ficaram feridos (quatro em serviço, três fora de serviço e um era aposentado/exonerado). Em julho de 2021 foram 21 agentes vítimas: oito morreram (cinco fora de serviço e três eram aposentados/exonerados) e 13 ficaram feridos (seis em serviço, cinco fora de serviço e dois eram aposentados/exonerados).

Houve 28 casos de roubos ou tentativas de roubo que terminaram em tiros no Grande Rio. Ao todo, 22 pessoas foram baleadas nestes casos: 11 morreram e 11 ficaram feridas. Em maio de 2021 houve 30 casos de roubos e tentativas que deixaram 36 baleados no total (15 mortos e 21 feridos).

Três pessoas foram vítimas de balas perdidas no Grande Rio em julho: todas morreram. Uma das vítimas foi atingida durante ação/operação policial. Em julho de 2021, seis pessoas foram vítimas de balas perdidas: todas sobreviveram. Duas das vítimas foram atingidas durante ações/operações policiais.

Uma criança, quatro adolescentes e um idoso foram baleados no Grande Rio em julho: destas, uma criança e três adolescentes morreram. Em julho de 2021, dois adolescentes e dois idosos foram baleados e sobreviveram.



Acumulado do ano
Em sete meses, houve 2.179 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. 691 destes registros ocorreram durante ações/operações policiais. Ao todo, 1.140 pessoas foram baleadas entre janeiro e julho, das quais 595 foram mortas e 545 ficaram feridas. Comparado ao mesmo período de 2021, que concentrou 3.165 tiroteios, sendo 881 em ações/operações policiais, 693 mortos e 627 feridos, neste ano houve queda de 31% nos tiroteios em geral, queda de 22% nos tiroteios durante ações/operações policiais, queda de 14% nos mortos e de 13% nos feridos.



SOBRE O FOGO CRUZADO
O Fogo Cruzado é um Instituto que usa tecnologia para produzir e divulgar dados abertos e colaborativos sobre violência armada, fortalecendo a democracia através da transformação social e da preservação da vida.

Com uma metodologia própria e inovadora, o laboratório de dados da instituição produz mais de 20 indicadores inéditos sobre violência nas regiões metropolitanas do Rio, do Recife e de Salvador.

Através de um aplicativo de celular, o Fogo Cruzado recebe e disponibiliza informações sobre tiroteios, checadas em tempo real, que estão no único banco de dados aberto sobre violência armada da América Latina, que pode ser acessado gratuitamente pela API do Instituto.


Chacinas: eventos onde há 3 ou mais mortos civis em uma mesma situação: chacinas – mesmo que o motivo dos disparos seja outro, como: assalto, ataque, operação etc. (SSP de SP).
Agentes de segurança incluem policiais civis, militares, federais, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros e militares das forças armadas – na ativa, na reserva e reformados.
“Vítima de bala perdida”: a pessoa que não tinha nenhuma ligação, participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil (ISP).
O Unicef considera crianças com idade inferior a 12 anos.
O Unicef considera adolescentes com idade entre 12 anos e 18 anos incompletos.
O Estatuto do Idoso considera idosos com idade igual ou superior a 60 anos.
Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Fogo Cruzado

POSIÇÃO 3 - DENGUE1190X148POSIÇÃO 3 - DENGUE 1190X148
Saiba como criar um Portal de Notícias Administrável com Hotfix Press.