O Ministério da Educação, a Reitoria da UFRJ e a Diretoria do Museu Nacional fizeram um balanço, nesta quinta (14), sobre as obras de recuperação do palácio. Segundo o diretor do museu, Alexandre Kellner, 51% das obras emergenciais foram concluídas e 1.500 peças, divididas em lotes, foram recuperadas nessa fase inicial. Entre os itens localizados nos escombros do prédio, foram resgatados equipamentos, partes das peças do acervo e objetos pessoais.
"A obra de recuperação está na fase de reforço e proteção do prédio para podermos entrar e fazer o salvamento de peças. O que nós estamos fazendo é quando a empresa vai trabalhar em um local, a equipe vai, retira o material e volta. É claro que, de vez em quando, a gente faz incursões procurando material, como aconteceu com a Luzia e os meteoritos, mas a fase de salvamento propriamente dita vai se iniciar em algumas semanas", afirmou Alexandre Kellner.
Entre os itens já resgatados pelos pesquisadores, estão duas bonecas karajás, tombadas em 2012 como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira pelo IPHAN; urna funerária Marajoara com decoração; pontas de flechas indígenas, recolhidas pela Comissão Rondon, no início do século XX; uma tigela etnográfica; uma tigela carenada com decoração ungulada Tupiguarani; dois Zoolitos, um em forma de pássaro e outro em forma de peixe, ambos da Ilha de Santana, em Santa Catarina; um machado semilunar, do Maranhão; um peso de rede, que pertence à coleção tombada Balbino de Freitas, da região de Torres, no Rio Grande do Sul; um quartzo rosa; um vaso antropomorfo peruano, adquirido por D. Pedro II; urna ametista; um citrino e um cristal de turmalina negra.
O Secretário Executivo do Ministério da Educação (MEC), Henrique Sartori, anunciou que a pasta repassou R$ 5 milhões, a fim de que especialistas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), junto com o corpo docente e técnicos da UFRJ, elaborem projetos técnicos para a reconstrução do Museu Nacional. A verba extra será somada ao valor de 10 milhões repassado à UFRJ para as obras emergenciais.
"Os R$ 5 milhões são para o projeto executivo. O Museu Nacional, junto com o Iphan e a Unesco, irão sentar e, juntos, farão a nova concepção do museu. É um valor relativamente alto, para que o projeto seja completo e possa ser executada a parte física da obra. Eu gostaria de aproveitar e anunciar em primeira mão, que pela primeira vez, o MEC vai ter uma rubrica de R$ 45 milhões para a recuperação e conservação de prédios históricos da rede federal de ensino superior. São 64 prédios ligados a universidades federais que exigem conservação permanente e que agora receberão verba para sua manutenção e obras. A equipe de transição do governo está sendo muito colaborativa e teve muita sensibilidade na questão", afirmou Henrique Sartori.
Além dessas medidas, o MEC informou que R$ 55 milhões em emendas parlamentares da bancada federal do Rio de Janeiro foram liberados para a reconstrução do Museu e que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) destinou R$ 2,5 milhões para a manutenção de programas de pós-graduação da UFRJ.
Museu pode ser visitado virtualmente pelo Google Arts & Culture
A parceria entre o Google e o Museu Nacional em 2016 possibilitou que, mesmo após o incêndio de setembro, o público conhecesse o acervo e visitasse o museu virtualmente.
A plataforma propicia um passeio virtual inédito por dentro do museu, onde o visitante pode observar, no ângulo de 360 graus, oito exposições com imagens de 164 peças captadas em 2017. No link g.co/museunacionalbrasil , podem-se observar relíquias como o crânio de Luzia, a famosa réplica de Titanossauro e o Meteorito de Bendegó.
Cerca de 50 instituições culturais no Brasil utilizam a ferramenta, entre elas o MASP, Museu do Amanhã, Pinacoteca de São Paulo, MAM-Rio e o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
"A experiência do Google Arts & Culture, disponível em site e aplicativo, permite que qualquer pessoa, de qualquer lugar do mundo, possa conhecer e aprender sobre as coleções perdidas de forma gratuita. Usar a tecnologia para disponibilizar obras e acervos de arte no mundo virtual é essencial para preservar a herança do mundo e democratizar o acesso à arte", disse Chance Coughenour, gerente global de preservação histórica do Google Arts & Culture.