TOPO - PRINCIPAL DOE SANGUE - 1190X148

Universidade Estácio de Sá demite 1,2 mil professores e provoca revolta nas redes sociais

Pela segunda vez, universidade promove demissões em massa em todo país

Por Natália Carneiro em 15/12/2018 às 10:27:11

Foto: Reprodução de internet

A Estácio, segunda maior instituição privada de ensino superior do país, confirmou a demissão, em massa, de milhares de profissionais. De acordo com o Sindicado dos Professores do Ensino Privado (SinproRio) cerca de 1.200 professores do seu quadro de funcionários teriam sido demitidos. Após uma assembleia da categoria, os docentes rejeitaram a proposta que a instituição fez de suspender o adicional de 25% para as aulas noturnas com mais de 50 minutos de duração, além de outros benefícios. De acordo com o presidente do SinproRio, Oswaldo Teles, "a Estácio está, mais uma vez, dispensando os professores com mais tempo de casa, ou seja, com o salário mais alto. Como os professores recursaram a retirada do pagamento do adicional, propusemos que a instituição oferecesse alguma compensação em termos de estabilidade, mas não tivemos resposta".

Todavia, oficialmente, a empresa não confirmou ou números e diz que "os desligamentos realizados fazem parte de um processo natural de uma instituição de ensino, que periodicamente precisa rever a sua base de docentes, adequando-a às necessidades do mercado, demandas de cursos e às particularidades das praças em que atua".

Tal declaração deixou ex-alunos, alunos e principalmente, os docentes, indignados. "A Estácio está cada vez mais largada. As salas de aula estão abarrotadas, as cadeiras são velhas, as portas das salas estão sempre quebradas e, agora, eles tiram os professores que são os chamarizes para os cursos e vão substituir por profissionais sem experiência de mercado, acabando com o que é essencial para um jovem em formação, que é a experiência e o conhecimento do profissional. Fiquei em choque quando vi que eles devastaram o curso de jornalismo. Revolta é a única palavra que eu posso usar para expressar o que estou sentindo", desabafa Tatiana Considera, ex-aluna da unidade de Niterói.

Formado em 2017 no curso de Direito e co-fundador do Centro Acadêmico Heleno Fragoso, em Nova Iguaçu, José Messias da Silva Rodrigues diz que há anos a universidade se tornou a expressão da falta de gestão e que isso se reflete na infraestrutura deficitária. "Principalmente, no ensino em que a instituição vem prestando, ao trocar os professores em salas de aula por disciplinas na modalidade à distância", destaca Rodrigues.

Segundo fontes ligadas à Estácio, nos bastidores o clima é de indignação, revolta e tristeza. "Na última quarta-feira, a direção do campus estava chamando um a um e informando o afastamento. Mas, teve caso de uma professora ter a presença solicitada na unidade e, depois, por telefone, disseram que ela não era mais necessária e, simplesmente, bloquearam o acesso dela ao sistema. Não sabemos quem será o próximo e isso é uma completa falta de respeito conosco que ajudamos a construir o nome da empresa", informa uma docente estaciana.

Nas redes sociais, até o momento, 14.296 pessoas assinaram a petição na plataforma avaaz contra as demissões da universidade e já há eventos organizados em protesto aos desligamentos. Em sua rede social, o Diretório Central dos Estudantes da Estácio (DCE), também se posicionou: "Nós viemos aqui, mais uma vez, dizer que não iremos aceitar calados atitudes arbitrárias, que são tomadas com o único objetivo de prejudicar a qualidade do ensino que temos, além de levar o desemprego a milhares de professores".

Uma das professoras demitidas da Estácio, Fabíola Abreu conta que há algum tempo já havia boatos sobre possíveis demissões. Agora, afirma estar sem chão. "Entrei na Estácio em 1999. Desde 2000 coordenava o curso de Propaganda e Marketing, sendo que há quatro anos me tornei coordenadora de Publicidade e Propaganda e também trabalhava no curso de pós-graduação. Quando minha chefe me chamou na sala dela, eu assimilei o que estava acontecendo e não houve conversa", relata.

Repeteco de mau gosto

Em dezembro do ano passado, outros 1.200 profissionais também foram demitidos, sendo um terço deles apenas no estado do Rio de Janeiro, o que foi alvo de investigações do Ministério Público do Trabalho (MPT-Rio). Na época, a empresa disse que os futuros professores a serem contratados integrariam o corpo de funcionários através do novo regime CLT e soltou um comunicado informando que as baixas teriam como objetivo "manter a sustentabilidade da instituição e foi realizada dentro dos princípios do órgão regulatório".

Sobre aquele período, a aluna do curso de História da unidade Presidente Vargas, Thaís dos Santos Graniço, recorda: "no final do semestre de 2017, pude ver a minha professora, que também era coordenadora de outro curso, ser informada no instante em que aplicava prova aos alunos, que havia sido demitida. Um inspetor foi até ela e pediu que a mesma se retirasse, o que foi negado e rebatido por ela, quando disse que ao menos aquela prova ela iria terminar de aplicar. Depois saiu aos prantos".

Na Alerj

Professor e deputado estadual, Waldeck Carneiro diz que se sente triste e preocupado com a situação dos professores demitidos e da educação superior no Rio de Janeiro. "Recentemente, me recusei a votar a favor de uma comenda ao dirigente da entidade mantenedora da Universidade Estácio de Sá, por ser contrário a essa política de gestão de negócios que faz uma empresa de utilidade pública - como ela se diz ser - se transformar em uma holding empresarial, e, sobretudo, a essa política de demissões em massa que atropela e faz adoecer seu corpo docente. Universidades não são empresas, mas instituições de ensino, pesquisa e extensão. Se não querem mais cumprir o papel de universidades, então que mudem suas razões sociais", ressalta o deputado.

POSIÇÃO 3 - DENGUE 1190X148POSIÇÃO 3 - DENGUE1190X148
Saiba como criar um Portal de Notícias Administrável com Hotfix Press.