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Milícia que explorava moradores do MCMV em Nova Iguaçu tinha grupo de extermínio com nome de GAT

Organização criminosa tinha como estratégia a eliminação física de desafetos e testemunhas

Por Mario Hugo Monken em 16/12/2018 às 11:00:43

Foto: Governo Federal

A milícia que foi alvo de uma operação da Polícia Civil do Rio esta semana em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, onde extorquia moradores de condomínios do programa federal Minha Casa Minha Vida, tinha um grupo de extermínio chamado de GAT, sigla usada pela Polícia Militar para designar Grupamento de Ações Táticas, que são equipes especializadas dentro dos batalhões.  A organização criminosa tinha como estratégia a eliminação física de desafetos e testemunhas.

Apesar desta expressão usada pelos milicianos, a investigação não apontou envolvimento de policiais com o bando.

O líder do grupo era Leandro Menezes Barboza, conhecido como Batata da Aliança, apontado como autor de homicídios praticados como forma de demonstração de força e poder.

Oito pessoas foram denunciadas.  A investigação contou com a colaboração de testemunhas e vítimas que tinham temor causado pela ação violenta da milícia, e denunciaram alguns componentes do grupo estando em evidente risco de morte.

Para impôr o terror, os denunciados eram vistos constantemente armados, inclusive com fuzis, utilizando-se das armas de fogo para fazer a segurança dos condomínios.

Essa milícia era uma filial da Liga da Justiça, maior grupo paramilitar do Estado, comandado por Wellington da Silva Braga, o Ecko. Segundo as investigações, a quadrilha receberia apoio bélico e financeiro do bando de Ecko, que tem como base de atuação a Zona Oeste da capital.

A denúncia do Ministério Público relata que a milícia atuava nos condomínios Bahia, Alagoas, Maranhão e Ceará, situados na Rua Nordeste, e no Fazendinha, todos do Minha Casa Minha Vida, no bairro Jardim Paraíso.

O bando tinha um esquema de compra e venda clandestina de unidades dos referidos condomínios, através do qual vários apartamentos eram “vendidos” pela milícia a terceiros, sem o conhecimento de seus reais proprietários, sendo que estes, após tomarem conhecimento das“vendas”, eram expulsos de seus imóveis pelo grupo ou eram direcionados à Prefeitura de Nova Iguaçu, ao Setor de Habitação, onde eram realocados em outras unidades dos condomínios. Os apartamentos eram usados por milicianos para guardar armas e outros materiais ilícitos.

Além disso, praticava as atividades de compra e venda de cestas básicas, água e gás, determinando que somente poderiam entrar nos condomínios os produtos comercializados pela milícia local, bem como supervisionava a instalação e o funcionamento de centrais clandestinas de TV a cabo e, ainda, monitorava a cobrança de taxa de segurança de comerciantes da localidade, controlando todos os seus comandados e toda atividade criminosa que lá ocorria.  

Outros negócios da quadrilha eram o  empréstimo de dinheiro a juros ilegais e a aquisição, transporte e armazenamento de cigarros contrabandeados que eram comercializados pela milícia.

O bando contava ainda com a colaboração de um suposto funcionário de uma concessionária fornecedora de energia elétrica que efetivava o cadastro dos novos moradores junto à empresa, como se fossem os reais proprietários das unidades, com o intuito de “validar” a invasão, conferindo aparente legalidade à situação. 

Segundo o MP,  alguns dos denunciados possuíam aparente vínculo empregatício com a administração dos condomínios.
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